Golpe do falso advogado cresce no país: confira formas de se proteger
Fraudes envolvendo pessoas que se passam por advogados têm aumentado significativamente, gerando preocupação especialmente entre aqueles que aguardam decisões judiciais trabalhistas e liberação de precatórios. Com a digitalização dos processos e documentos públicos, além da lentidão na liberação dos pagamentos, esse ambiente tornou-se propício para a atuação de criminosos que aprimoram suas técnicas, utilizando até logotipos oficiais dos tribunais, petições autênticas alteradas e até inteligência artificial para clonar vozes.
Diante dessa situação, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) criou uma equipe especializada para combater essas fraudes. Eduardo Ferrari, presidente da força-tarefa da OAB-SP contra o golpe do falso advogado, destaca uma regra fundamental para quem possui processos judiciais: não deve haver qualquer contato com mensagens inesperadas. “Nunca estabeleça comunicação com quem se identifica como representante do seu advogado sem uma verificação prévia. É importante lembrar que não existe cobrança para liberar indenização. Isso é mentira”, esclarece.
Ferrari ainda ressalta que esse tipo de golpe segue um roteiro clássico. O golpista se apresenta como advogado legítimo, envia documentos falsificados e faz um pedido urgente de transferência de dinheiro para liberar um suposto benefício. “Normalmente, a conta bancária solicitada não é do advogado, o que já indica o golpe. A pessoa deve encerrar imediatamente a conversa e contatar o escritório diretamente pelos canais oficiais que já conhece. Atualmente, é preciso redobrar a atenção, pois os criminosos utilizam inteligência artificial para reproduzir vozes, portanto a confirmação pessoal é a melhor alternativa”, alerta.
Importância do planejamento financeiro
Sobre a negociação de precatórios, Ferrari comenta que esta é uma prática legal e que é uma decisão individual. Contudo, exige cuidados rigorosos. “Para quem tem interesse, é necessário se certificar da idoneidade do advogado envolvido e buscar referências verdadeiras. Vender créditos sem a orientação adequada implica riscos consideráveis.”
Como funcionam golpes sofisticados
Segundo o advogado especialista em direitos do consumidor Léo Rosenbaum, o avanço desse tipo de crime ocorre em razão da digitalização dos documentos judiciais, que anteriormente eram restritos. “Os golpes tornam-se cada vez mais elaborados. O estelionatário acessa sistemas judiciais como PJe ou e-SAJ, baixa petições verdadeiras, altera as assinaturas, insere o brasão do tribunal e encaminha via WhatsApp mensagens solicitando pequenos pagamentos via PIX para liberação do alvará”, explica.
Rosenbaum enfatiza que a proteção depende da cautela do usuário. “Se a mensagem vier de um número desconhecido, ou diferente do oficial do escritório, provavelmente se trata de golpe. Contatos do tribunal nunca solicitam cobranças via PIX. Justiça e advogados sérios não pedem depósitos para liberar precatórios, pois isso é proibido.”
O advogado aconselha que o cliente confira diretamente no site oficial do tribunal a existência do documento enviado e só retome o contato pelos canais já conhecidos e confiáveis.
Apesar de legal, a negociação de precatórios deve ser feita apenas por meio de contrato formal, com advogados independentes e protocolo junto ao tribunal, e nunca por WhatsApp ou ligações de números desconhecidos.
Sinais de alerta para golpes
O criminalista Antonio Gonçalves alerta para o uso da pressão emocional pelos golpistas. “Desconfie de solicitações urgentes por telefone. As intimações oficiais são entregues pelo correio com aviso de recebimento. Nunca abra links ou documentos enviados por e-mail ou telefone antes de confirmar com seu advogado”, aconselha.
Gonçalves explica que a demora na decisão judicial causa ansiedade nas pessoas e que os golpistas aproveitam essa situação para prometer liberações rápidas mediante pagamento. “Se pedirem dinheiro, trata-se de golpe. A venda de precatórios existe, mas envolve desconto e incidência de Imposto de Renda, por isso é essencial analisar com calma e consultar seu advogado para garantir segurança. Soluções milagrosas não existem.”
Crescimento dos golpes no país
O contexto brasileiro contribui para o aumento dessas fraudes, pois:
- Existem mais de 10 milhões de processos trabalhistas ativos;
- Há mais de R$ 1 trilhão em indenizações em disputa;
- A espera pelo pagamento de precatórios pode ultrapassar 15 anos, dependendo do tribunal.
Quando a venda de créditos judiciais é segura
A expectativa frustrada com a longa demora para receber os valores transforma esse contexto em terreno para criminosos que propõem soluções falsas. No entanto, há sim uma alternativa legítima e regulamentada para quem deseja receber antes: a cessão de crédito judicial, prevista no artigo 286 do Código Civil.
Empresas especializadas na compra de processos trabalhistas e precatórios, como a Anttecipe.com, fazem uma análise detalhada do processo judicial. Depois de confirmar a existência de ordem de pagamento em sentença de segunda instância e valores superiores a R$ 80 mil, elas apresentam uma proposta ao titular do crédito, conforme explica Herbert Camilo, CEO da empresa.
“Cada caso é avaliado individualmente e, se houver acordo, a empresa pode pagar até 80% do valor líquido que o reclamante tem direito, em até 24 horas após a assinatura do contrato”, detalha Camilo. Ele acrescenta que o procedimento é rápido, transparente e ajuda o cliente a transformar créditos retidos há anos em dinheiro disponível imediatamente.
A companhia atua há mais de 20 anos, contando com especialistas jurídicos, financeiros e operacionais, e reforça que, diferente dos golpes, todos os processos são formalizados por contrato, com análise documental, sem pedidos de PIX antecipado, o que é a principal distinção em relação às fraudes.



