Queda Nas Ações Da Ambipar Impacta Mercado E Entra Em Leilão

Queda Nas Ações Da Ambipar Impacta Mercado E Entra Em Leilão

Queda de 50% nas ações da Ambipar e entrada em leilão após dúvidas sobre caixa

As ações da Ambipar (AMBP3) sofreram uma queda superior a 50% durante a tarde da sexta-feira, 3 de outubro de 2025, entrando em período de leilão. Este movimento agravou uma crise que já resultou em mais de 90% de perda de valor no último mês. O principal motivador dessa desvalorização foi a contestação feita por credores em relação à existência do caixa de R$ 4,7 bilhões informado pela empresa no segundo trimestre, pois teriam sido localizados apenas US$ 80 milhões, gerando dúvidas significativas sobre transparência e governança.

No mês de setembro, a Ambipar obteve uma medida judicial que a protege de cobranças por até 60 dias, com o objetivo de facilitar a renegociação das dívidas ou a preparação para recuperação judicial. Entretanto, a divergência entre o montante de caixa divulgado oficialmente e os recursos efetivamente disponíveis aumentou a incerteza do mercado acerca da qualidade das informações financeiras e da liquidez real da companhia.

As agências de classificação de risco agiram rapidamente diante do cenário negativo. A S&P Global rebaixou a nota da AMBP3 para nível D, que indica inadimplência. A Fitch, por sua vez, reduziu a classificação de BB- para C, sinalizando a possibilidade de novos cortes na avaliação. Essas medidas refletem a rápida deterioração do perfil de crédito da empresa e a elevação da chance de default.

Na alta gestão, houve uma mudança significativa: o diretor financeiro João Daniel Piran de Arruda saiu do cargo em 22 de setembro. Na mesma data, a Ambipar anunciou sua sétima emissão de debêntures, com potencial para captar até R$ 3 bilhões, estratégia que é interpretada como uma tentativa de fortalecer a liquidez frente ao aperto financeiro de curto prazo. Entre os analistas, a discussão gira em torno da capacidade da empresa para rolar suas dívidas e da clareza sobre seu fluxo de caixa.

O mercado reagiu de forma cautelosa e o UBS BB decidiu suspender a cobertura das ações, citando fragilidades na governança corporativa e inconsistências nas demonstrações financeiras. Essa atitude reforça o panorama de incertezas, acompanhada de reduções nas recomendações e cortes nos preços-alvo feitas por outras instituições. Para os investidores, o foco principal agora está na auditoria dos saldos, no detalhamento do caixa existente e na definição clara da estratégia para lidar com os credores.

Diante dessa conjuntura, as ações da Ambipar enfrentam um cenário adverso que envolve riscos de crédito, questionamentos contábeis e perda de confiança do mercado. Para a normalização, será necessária uma comunicação transparente, validação independente dos números apresentados e um plano consistente de reestruturação financeira. Enquanto essas condições não forem atendidas, espera-se que a volatilidade siga elevada e a visibilidade limitada, pressionando negativamente o valor de mercado da companhia.

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