HSBC Corta Recomendação Para Gol Após Fim Das Negociações Com Azul

HSBC Corta Recomendação Para Gol Após Fim Das Negociações Com Azul

HSBC reduz recomendação para Gol (GOLL54) após fim das negociações com Azul

O banco HSBC rebaixou a recomendação para as ações da Gol (GOLL54) de “manter” para “reduzir” (equivalente a venda), após o término das negociações de fusão com a Azul, citando a ausência de catalisadores positivos que impulsionem os papéis. O preço-alvo revisado aponta para uma possibilidade de queda de 21,7% em relação ao valor atual das ações.

No relatório divulgado ao mercado, o HSBC destaca que o memorando de entendimento firmado em janeiro de 2025 foi descartado devido à falta de avanços relevantes dentro do prazo estipulado pelas partes. O fim do acordo de codeshare entre as companhias também reforça a falta de perspectivas para novas formas de cooperação, criando um vácuo importante de fatores que impulsionem as ações da Gol.

Foco do mercado volta-se à operação da Gol após recuperação judicial

Com o encerramento do capítulo das negociações de fusão, o banco aponta que o foco do mercado deve se voltar para a performance operacional da Gol, especialmente depois da saída da empresa do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, concluída em junho deste ano. A companhia conseguiu levantar US$ 1,9 bilhão em financiamento para esse período e quitou integralmente o empréstimo DIP, que garante crédito para empresas em recuperação.

A alavancagem da Gol foi reduzida para 3,7 vezes no segundo trimestre de 2025, ante 6,1 vezes no último trimestre de 2024. No mesmo intervalo, a companhia trouxe de volta à operação 20 aeronaves, aumentando em 19% sua capacidade medida em ASK (Assentos por Quilômetro Oferecidos) e elevando o Ebitda em 68%, embora o banco ressalte que o ano passado foi impactado por enchentes que influenciaram a base de comparação.

O plano quinquenal da Gol prevê a frota totalmente ativa já no primeiro trimestre de 2026, com projeções de crescimento anual composto de cerca de 10% na capacidade, 13% na receita e 19% no Ebitda entre 2025 e 2029. Além disso, a meta é reduzir a alavancagem para 2,9 vezes até 2027, e para 2,2 vezes até 2029, patamar superior ao inicialmente projetado para 2025, que era de 4,3 vezes, beneficiado pela valorização do real frente ao dólar, conforme análise do HSBC.

Atualização do modelo financeiro e impacto na visão para as ações

O HSBC revisou seu modelo financeiro para incluir o novo plano estratégico da Gol e ajustou o acompanhamento para as ações GOLL54, que passaram a representar a companhia após a reestruturação judicial (substituindo os papéis antigos GOLL4). O preço-alvo calculado pelo método de fluxo de caixa descontado é de R$ 4 para as ações recentes, em contraste com R$ 0,02 vigentes para as antigas.

Apesar da atualização, o preço-alvo indica um potencial de queda de 21,7% comparado ao fechamento atual, o que motivou o HSBC a diminuir a recomendação para “reduzir”. O banco também destaca que os papéis negociam a 6,7 vezes o Ebitda projetado para 2025 e 5,1 vezes para 2026, patamares pouco atrativos quando comparados às médias de 5,0 vezes e 4,6 vezes dos concorrentes latino-americanos.

Além disso, a entidade chama atenção para a grande diluição sofrida pelos acionistas minoritários após o processo de reestruturação, que ficaram com apenas 0,03% do capital da companhia, o que acabou reduzindo a liquidez das ações. Embora o risco de novas diluições seja considerado baixo, o plano financeiro ainda prevê a possibilidade de novas injeções de capital no futuro.

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