Quem é Marco Rubio, o secretário ‘linha-dura’ escolhido por Trump para negociar tarifas com o Brasil
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, está agendado para se encontrar em Washington nesta quinta-feira (16/10) com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, para discutir a tarifa de 50% aplicada pelo governo Trump a diversos produtos brasileiros, além de outras sanções direcionadas a autoridades do país.
Este encontro foi confirmado após uma ligação telefônica entre Rubio e Vieira na semana anterior e também pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mencionou o evento durante uma cerimônia no Rio de Janeiro em 15 de outubro.
Rubio, nomeado por Donald Trump para liderar as negociações, é conhecido por ter sido um defensor das sanções contra o Brasil e por sua posição firme e rígida em política externa, especialmente em relação a nações como Cuba, Venezuela e China — esta última sendo o principal parceiro comercial brasileiro.
Trajetória e perfil de Marco Rubio
Marco Rubio, que lidera atualmente o Departamento de Estado dos EUA com uma equipe de mais de 70 mil funcionários, é o primeiro americano de origem latino-americana a ocupar um cargo tão alto na diplomacia norte-americana. Nascido em Miami em 1971, Rubio é filho de imigrantes cubanos que buscaram uma vida melhor nos Estados Unidos décadas antes de seu nascimento.
Durante sua infância, teve uma forte influência política na família, demonstrando desde cedo interesse na área. Após algumas mudanças, incluindo um período em Las Vegas, ele viveu uma transformação religiosa, convertendo-se ao mormonismo na juventude, mas depois retornando ao cristianismo.
Rubio entrou para a universidade com o apoio de uma bolsa esportiva, estudando Ciência Política e posteriormente Direito na Universidade da Flórida. No final dos anos 1990, iniciou sua carreira política em cargos locais na Flórida, desenvolvendo-se rapidamente até se tornar senador em 2010, com destaque na área de política externa e inteligência.
Relação com Donald Trump
Na disputa interna do Partido Republicano para a presidência em 2016, Rubio e Trump protagonizaram várias trocas duras, com Trump chegando a apelidá-lo de “Little Marco” e Rubio rebatendo com críticas às tarifas e à postura de Trump, considerando a eleição como um “circo”. Contudo, após Trump assumir a presidência, os dois amenizaram as diferenças e passaram a colaborar politicamente.
Em 2024, Rubio apoiou a candidatura de Trump e foi nomeado por ele para ocupar o cargo de Secretário de Estado, posição de alto escalão que o coloca no centro das decisões diplomáticas americanas.
Posições políticas e críticas ao Brasil
Rubio é visto como um político de linha-dura na política externa, com histórico de críticas ao presidente Lula, sobretudo em relação à aproximação do Brasil com a China e a Venezuela. Ele já classificou Lula como um “radical antiamericano” e questionou sua fidelidade à democracia após visitas a Pequim, além de condenar encontros entre Lula e o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Sobre o bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil, Rubio manifestou preocupação com a liberdade de expressão sob o governo brasileiro, criticando a suspensão que ocorreu por decisão judicial.
Embates com o ministro Alexandre de Moraes
O secretário de Estado tem sido um crítico forte do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que condenou Jair Bolsonaro por tentativa de golpe e foi alvo de sanções americanas lideradas por Rubio. Ele rotulou Moraes como “violador de direitos humanos” e denunciou perseguições contra Bolsonaro, justificando revogações de vistos e sanções ao ministro brasileiro e seus familiares.
O Itamaraty respondeu afirmando que ameaças externas não intimidarão a democracia no Brasil.
Atuação internacional e postura em conflitos
No cenário global, Rubio sempre defendeu alianças tradicionais e o livre comércio, adotando uma postura contrária à Rússia e ao presidente Vladimir Putin, apoiando firmemente a Ucrânia, apesar de mais recentemente ter sido acusado de moderar sua posição para acompanhar as decisões de Trump.
Quanto ao conflito em Gaza, sua opinião mudou ao longo do tempo: inicialmente contrário ao cessar-fogo, defendendo a destruição total do Hamas, depois elogiou o papel de Trump nos esforços pela trégua entre Israel e o grupo palestino.
Visão sobre a China
Marco Rubio destaca a China como o maior adversário estratégico atual dos Estados Unidos, ressaltando a necessidade de uma política industrial agressiva para evitar que o país asiático ultrapasse os EUA economicamente.
Ele também defende fortemente o direito de Taiwan à autonomia, alegando que o regime chinês comunista é inimigo das democracias e que a comunidade internacional deve apoiar a ilha.
Futuro político
Com sua trajetória em ascensão dentro do governo e o vice-presidente Trump impossibilitado de concorrer em 2028, especula-se que Rubio seja um potencial candidato à presidência dos Estados Unidos na próxima eleição.
Analistas e biógrafos afirmam que Rubio sempre teve a ambição de alcançar o Salão Oval, e sua progressão política demonstra um caminho traçado em direção a esse objetivo.



