Efeito Metanol Causa Queda nas Vendas de Bares em Setembro

Efeito Metanol Causa Queda nas Vendas de Bares em Setembro

Impacto do Metanol Causa Queda de 4,9% nas Vendas de Bares em Setembro

De acordo com o índice Abrasel-Stone, houve uma redução de 3,9% na comparação com o mesmo período de 2024.

Desde agosto deste ano, quando o primeiro caso de intoxicação por metanol foi identificado, a adulteração de bebidas com essa substância tem gerado medo entre os consumidores e causado baixa significativa no setor de bares e restaurantes em todo o Brasil.

Segundo divulgou o índice Abrasel-Stone nesta segunda-feira (20), as vendas recuaram 4,9% no mês de setembro e, ao comparar com o mesmo mês do ano anterior, o recuo foi de 3,9%, interrompendo uma sequência de três meses de estabilidade.

O Ministério da Saúde informou na sexta-feira (17) que já foram registradas 133 notificações de intoxicação por bebidas contaminadas com metanol, com 46 casos confirmados e 87 ainda em investigação. São Paulo lidera a lista com 38 confirmações e 44 apurações em andamento. Outros estados que confirmaram casos incluem Pernambuco (3), Paraná (4) e Rio Grande do Sul (1). Até o momento, oito pessoas morreram vítimas dessas bebidas adulteradas.

Em reação a este cenário, as autoridades têm intensificado ações para combater essa prática criminosa. Na última quarta-feira (15), a Polícia Civil de São Paulo destruiu mais de 100 mil garrafas envolvidas na falsificação de bebidas alcoólicas.

Segundo Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, setembro iniciou com vendas abaixo do esperado, especialmente após o movimento impulsionado pelo Dia dos Pais em agosto. O episódio das intoxicações causou receio entre os clientes e derrubou a frequência em estabelecimentos do setor.

A pesquisa realizada pela Stone em parceria com a Abrasel, baseada em dados das transações financeiras captadas nas maquininhas instaladas em estabelecimentos de todos os tamanhos, não é um levantamento oficial, mas oferece uma importante indicação do impacto sofrido pelo setor.

Atualmente, o Brasil conta com cerca de 1,5 milhão de empresas dedicadas à alimentação, entre bares, restaurantes e similares, sendo 378 mil localizadas no estado de São Paulo e, destas, 104 mil apenas na capital paulista.

Dificuldades Adicionais e Panorama Econômico

Para Guilherme Freitas, economista e pesquisador da Stone, a crise envolvendo o metanol acrescentou uma incerteza extra ao setor, mas não é a única causa para a queda das vendas. A inflação específica do segmento continua pressionada, acumulando alta nos últimos doze meses, o que tem encarecido o consumo médio e aumentado os preços oferecidos.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou para a elevação de 0,48% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro. No segmento de alimentação fora do domicílio, que inclui bares e restaurantes, houve desaceleração no ritmo de alta, caindo de 0,50% em agosto para 0,11% em setembro, reforçando o cenário de queda indicado pela pesquisa da Abrasel e Stone.

Apesar da manutenção de boas condições no mercado de trabalho, com baixos níveis de desemprego, a criação de vagas formais perdeu força e o endividamento das famílias continua elevado, conforme explica Freitas. Esses fatores limitam o poder de compra das pessoas e impactam principalmente gastos considerados não essenciais, como refeições e bebidas consumidas fora de casa.

A Realidade Regional

O levantamento regional que abrange 24 estados mostrou que apenas dois deles registraram crescimento no volume de vendas em comparação anual, enquanto todos os demais apresentaram queda.

Contexto da Crise do Metanol

A adulteração de bebidas com metanol foi descoberta em agosto, quando surgiram relatos de intoxicação entre frequentadores de bares e restaurantes. Posteriormente, foi identificado que criminosos estavam adicionando álcool metílico (CH₃OH), uma substância tóxica, às bebidas falsificadas. O metanol é um líquido incolor que possui cheiro parecido com o álcool etílico comum, o que resulta em confusão por parte dos consumidores. O Conselho Federal de Química (CFQ) alerta que a ingestão de 4 a 10 ml pode causar lesões irreversíveis, incluindo cegueira.

Como resposta, órgãos estaduais e federais têm realizado operações de fiscalização e apreensão para identificar e desmantelar pontos de venda e distribuição irregulares. A Polícia Federal promoveu na quinta-feira (16) uma grande operação contra o setor sucroalcooleiro nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com o objetivo de localizar a origem do metanol e os fornecedores que abastecem os criminosos.

Além disso, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei em regime de urgência que pretende classificar a falsificação de bebidas alcoólicas como crime hediondo.

Fonte

Rolar para cima