Vale (VALE3): Expectativas para o relatório de produção e vendas do 3º trimestre de 2025, segundo analistas
A mineradora Vale (VALE3) divulgará nesta terça-feira (21), após o encerramento do pregão, seu balanço de produção e vendas referente ao terceiro trimestre de 2025. Conforme a avaliação dos especialistas que acompanham o desempenho da empresa, os resultados devem ser positivos, evidenciando melhorias nas margens e o retorno dos prêmios para níveis positivos.
A Genial Investimentos projeta que a produção de minério de ferro alcance 93,9 milhões de toneladas, o que representaria uma alta de 12,4% em relação ao trimestre anterior e de 3,3% frente ao mesmo período do ano anterior. Esse ganho seria impulsionado por condições climáticas mais favoráveis e pela estabilidade operacional nos sistemas Sudeste e Norte da companhia.
Os embarques estão previstos em 72,3 milhões de toneladas, refletindo avanço de 6,9% na comparação trimestral e de 4,3% na base anual, beneficiados pela normalização logística e a redução da diferença entre volumes produzidos e vendidos.
O preço médio realizado para os finos de minério de ferro deve crescer para US$ 94,70 por tonelada, correspondendo a um aumento de 11,3% contra o trimestre anterior e de 4,5% no comparativo anual. Esse desempenho está associado à recuperação da referência do minério com teor de 62% de ferro, que teve média de US$ 102 por tonelada no período, além da retomada dos prêmios para valores positivos, estimados em US$ 0,9 por tonelada após dois trimestres consecutivos de desconto.
Esse cenário reforça a projeção de um resultado forte para o terceiro trimestre, cuja demonstração financeira será publicada em 30 de outubro após o fechamento do mercado.
De acordo com a análise da XP Investimentos, a receita da Vale deve atingir US$ 10,2 bilhões, representando crescimento de 7% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Espera-se que o Ebitda total fique em torno de US$ 4,2 bilhões, um aumento de 11%, com margem EBITDA de 41,3%, valorizando um ponto percentual em comparação ao trimestre anterior.
Performance da Vale por segmento
No segmento de pelotas, a produção está projetada em 9,1 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de 15,5% ante o trimestre anterior, porém retração de 12,5% na comparação anual, segundo estimativas da Genial Investimentos.
As vendas nesse segmento deverão atingir 8,9 milhões de toneladas, com avanço de 18,6% frente ao segundo trimestre, porém queda de 12,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do aumento sequencial, essa base anual mais baixa reflete uma política mais rigorosa de oferta, diante de prêmios contratuais reduzidos e demanda enfraquecida especialmente fora da China, nas regiões europeia e japonesa. O preço médio realizado das pelotas deve cair para US$ 129 por tonelada, o que representa declínio de 3,7% no trimestre e 12,9% no acumulado anual.
No setor de metais básicos, a produção de níquel deve permanecer praticamente estável, estimada em 41 mil toneladas, com leve alta de 2,5% trimestre a trimestre, mas queda de 11,9% na base anual. As margens seguem pressionadas por custos elevados e excesso de oferta global, principalmente devido à produção da Indonésia.
Quanto ao cobre, a expectativa é de produção de 90 mil toneladas, recuo de 2,7% em relação ao trimestre anterior, porém avanço de 5% na comparação anual, apoiado na estabilidade operativa e na recuperação modesta dos preços internacionais do metal.
Expectativas quanto ao potencial de crescimento
Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, avaliou recentemente que a Vale está no caminho para cumprir sua meta de aumento anual da produção em 30 milhões de toneladas, compromisso para os próximos anos.
Esse crescimento, segundo o CEO da empresa Gustavo Pimenta, poderá posicionar a Vale como a maior produtora mundial de minério de ferro, contribuindo para a redução de custos – com a expectativa de o custo caixa C1 cair para abaixo de US$ 20 por tonelada, ante US$ 21,8 em 2024.
“Para extrair o máximo valor de seu portfólio, é fundamental entregar a qualidade do produto requerida pelos clientes. Para isso, a Vale dispõe atualmente de plantas de blendagem, para ajustar a qualidade do minério conforme a demanda do mercado”, explica o analista da Empiricus.
Embora o cenário de mercado apresente desafios, como a pressão sobre as siderúrgicas, desaceleração da China e perspectivas pouco animadoras para a demanda, a Vale continua avançando em diversas frentes, como volume, controle de custos e obtenção de licenças. Além disso, a companhia negocia com valuation atraente, em cerca de 3,5 vezes o Ebitda, destaca Hungria.