Geração X Enfrenta Insegurança Financeira Aos 60 Anos

Geração X Enfrenta Insegurança Financeira Aos 60 Anos

Geração X alcança os 60 anos enfrentando incertezas financeiras

Ao contrário dos baby boomers, que tiveram trajetórias profissionais mais estáveis, as pessoas nascidas entre 1965 e 1980 passaram por profundas transformações sociais e no ambiente de trabalho.

Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

23/10/2025 04h02 Atualizado há 3 horas

Os membros mais antigos da Geração X, grupo que inclui os nascidos de 1965 a 1980, estão começando a completar 60 anos, entrando assim na fase da aposentadoria. “Eles nem conseguem acreditar que isso está acontecendo!”, comenta com bom humor Kerry Hannon, autora do livro Retirement bites (que pode ser traduzido como “A aposentadoria morde”), escrito em parceria com Janna Herron. Diferentemente dos baby boomers, que desfrutaram de empregos mais seguros e, principalmente nos Estados Unidos, receberam contribuições dos empregadores para planos privados de previdência, a Geração X experimentou mudanças sociais significativas e transformações nas relações laborais.

Geração X chega aos 60 anos imersa na insegurança financeira — Foto: Lars Gustav para Pixabay

“Essa geração não conta mais com a mesma rede de amparo dos seus predecessores e teve menos acesso à educação financeira, algo que está mais difundido entre os jovens hoje em dia. Além disso, foi exposta de forma intensa ao uso do cartão de crédito e acumula muitas dívidas. Agora, além de cuidar dos próprios filhos, frequentemente também passa a cuidar dos pais idosos”, explicou Hannon em entrevista realizada online.

Como autora de vários livros sobre mudanças na carreira, ela destaca que preparar-se para a aposentadoria vai além de apenas juntar dinheiro: envolve descobrir formas de se manter ativo.

“O maior erro é ficar esperando que a aposentadoria simplesmente aconteça. Aos 60 anos, ainda temos comumente duas décadas ou mais pela frente. É fundamental aprimorar habilidades, aprender coisas novas e se reinventar profissionalmente. Isso ajuda a adiar a saída definitiva do mercado de trabalho e a proteger a reserva financeira para a velhice. Como nem todos gostam do que fazem, é indispensável avaliar a situação com cuidado: o que você gostaria de realizar? O que gostaria de ter feito? E começar a se preparar para isso.”

Ela orienta que o ponto inicial deve ser uma análise completa dos gastos, eliminando despesas desnecessárias. Depois, é essencial iniciar uma poupança, mesmo que com valores pequenos regularmente. Contudo, em situações de dívidas, especialmente com o cartão de crédito, a prioridade deve ser quitá-las.

Kerry Hannon, que acaba de lançar 'Retirement bites', livro sobre preparação financeira para a velhice — Foto: Divulgação

“É fundamental se interessar por opções de investimentos e refletir sobre questões ligadas à longevidade: por quanto tempo vou viver e qual estilo de vida desejo manter? As mulheres ainda enfrentam barreiras semelhantes às de gerações anteriores, com salários menores e interrupções na carreira para cuidar dos filhos, o que dificulta economizar. Muitas mulheres na faixa dos 80 anos ficam viúvas, têm despesas altas com saúde e acabam vulneráveis à pobreza. Sempre reforço que ninguém pode alegar desinteresse por números ou achar finanças um tema chato, pois tratamos da sua própria vida!”

O avanço da inteligência artificial pode ser uma ferramenta útil para estimar o montante necessário para a aposentadoria. Ao consultar um assistente de IA sobre quanto uma pessoa de 60 anos precisaria para garantir retiradas mensais de R$ 10 mil até os 90 anos, assumindo uma rentabilidade conservadora de 3% ao ano (semelhante à da poupança), o resultado informado foi cerca de R$ 2,8 milhões, valor inacessível para a maior parte das pessoas. Essa realidade reforça a importância dos conselhos de Hannon.

Geração X, millennial, baby boomer: esclarecendo os termosFonte

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