Ouro Como Alternativa Segura às Moedas Tradicionais

Ouro Como Alternativa Segura às Moedas Tradicionais

Ouro como alternativa para moedas tradicionais

Devido à sua oferta limitada, o ouro tem ganhado destaque como uma proteção segura contra a perda do poder aquisitivo das moedas, principalmente o dólar.

Por Nicholas McCarthy, Diretor de Estratégia de Investimentos do Itaú Unibanco

São Paulo, 29/10/2025 – Nos últimos anos, manifestei a convicção de que o dólar americano pode estar iniciando um período prolongado de desvalorização. Diante disso, investidores com portfólios muito concentrados em ativos denominados em dólar deveriam considerar diversificar seus investimentos.

Após sofrer uma queda de aproximadamente 9% diante de uma cesta de moedas de países desenvolvidos, o índice DXY do dólar apresentou uma recuperação recente. Essa melhora está relacionada a melhores perspectivas de crescimento econômico, além de crises políticas na França e no Japão que enfraqueceram moedas essenciais para o DXY, como o euro e o iene. Atualmente, em meio a dificuldades enfrentadas por várias moedas, o dólar se destaca como a moeda menos problemática, pelo menos temporariamente.

Nesse cenário, o ouro tem se mostrado uma alternativa de diversificação menos afetada pelas oscilações político-econômicas globais. Pelo contrário, as tensões geopolíticas e econômicas vêm aumentando a demanda pelo metal, inclusive por parte dos bancos centrais.

Historicamente, bancos centrais costumavam se desfazer de suas reservas de ouro devido aos desafios logísticos e à maior confiança nas moedas fiduciárias. Essa realidade começou a mudar a partir da crise financeira de 2008, quando passaram a adquirir ouro de forma líquida. Essa tendência se intensificou após o congelamento das reservas russas em 2022.

Desde então, muitos bancos centrais, especialmente em países emergentes, têm ampliado suas reservas de ouro consideravelmente. Como consequência, o ouro ultrapassou o euro tornando-se a segunda maior participação nas reservas globais. Esse aumento na demanda institucional tem sido fundamental para a recente valorização do metal precioso.

Nas últimas décadas, elevações no preço do ouro estiveram associadas a momentos de tensão geopolítica, preocupações inflacionárias e enfraquecimento do dólar. Por exemplo, nos anos 2000, após longo período de estagnação, o ouro iniciou um ciclo de alta motivado pelo dólar mais fraco e maior busca por commodities. A crise financeira global aumentou essa demanda, e os fundos negociados em bolsa (ETFs) facilitaram o acesso de investidores de varejo ao ouro.

Recentemente, além desses fatores, cresceu a desconfiança em relação às moedas tradicionais, especialmente porque os governos dos países desenvolvidos se encontram altamente endividados e os balanços dos bancos centrais aumentaram significativamente.

Dada a escassez relativa do ouro, ele é visto atualmente como um refugio para preservar patrimônio contra a deterioração do valor real das moedas, notadamente do dólar. Se essa percepção se consolidar, é provável que o metal continue valorizando-se. Vale destacar, porém, que o ouro não oferece rendimento periódico e seu retorno é difícil de prever, portanto, ele deve representar apenas uma pequena parte da carteira de investimentos.

Nicholas McCarthy é diretor de Estratégia de Investimentos do Itaú Unibanco. Para contato: investimentos@itau-unibanco.com.br

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