Brasil passa a enfrentar tarifas mais elevadas que a China após acordo entre Trump e Xi Jinping
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comunicou na quinta-feira (30) uma diminuição nas tarifas de importação aplicadas a produtos chineses, reduzindo-as de 57% para 47%, após reunião com o presidente da China, Xi Jinping. Contrariamente, os produtos brasileiros continuam sofrendo taxas que podem chegar a 50%, mesmo com algumas exceções, enquanto o governo Lula intensifica negociações para tentar alterar essa situação.
Além do Brasil, a Índia também enfrenta tarifas de até 50%, aplicadas em retaliação às suas compras de petróleo russo, contrariando as sanções americanas durante o conflito na Ucrânia.
No encontro realizado no último domingo (26) na Malásia, entre Trump e o presidente Lula (PT), houve conversas sobre as relações comerciais bilaterais, aumentando as expectativas em relação a uma possível redução das tarifas impostas pelos EUA. Lula destacou a importância de olhar para o futuro e buscar resultados, afastando conflitos. Por sua vez, Trump ressaltou que apesar da reunião ter sido “muito boa”, não há garantia de um acordo imediato, mencionando que atualmente as tarifas aplicadas ao Brasil giram em torno de 50%.
Posteriormente, representantes comerciais de ambos os países se reuniram pela primeira vez na segunda-feira (27) para iniciar um processo de negociações focado nos setores mais afetados pelas tarifas. Participaram do diálogo o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo Márcio Rosa e o embaixador Audo Faleiro. Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, ainda não há uma data definida para novos encontros.
Detalhes do acordo entre Trump e Xi Jinping
O encontro entre os líderes ocorreu na madrugada da quinta-feira na Coreia do Sul e marcou o primeiro encontro desde o retorno de Trump à presidência em janeiro. Como parte do acordo, além da redução geral das tarifas para 47%, a China se comprometeu a:
- Retomar a compra de soja americana;
- Manter a exportação de terras raras;
- Cooperar no combate ao comércio ilegal de fentanil.
Os Estados Unidos também concordaram em reduzir pela metade as tarifas sobre produtos relacionados ao fentanil, de 20% para 10%. Trump afirmou que a China deve adquirir “quantidades enormes” de soja e outros produtos agrícolas.
O fentanil é um opioide sintético de alta potência responsável por grande parte das mortes por overdose nos Estados Unidos, sendo cerca de 50 vezes mais forte que a heroína, e pode ser prescrito medicamente no país.
O acordo evita a imposição de tarifas de até 100% que Trump havia ameaçado anteriormente, promovendo uma trégua comercial delicada entre as duas maiores economias do mundo, válida por aproximadamente um ano.
Sobre as terras raras — um conjunto de 17 elementos químicos concentrados majoritariamente na China, com o Brasil entre os principais detentores — o país asiático concordou em suspender, por um ano, os controles de exportação que poderiam afetar a disponibilidade desses insumos essenciais para a fabricação de tecnologias modernas, como smartphones e veículos elétricos, além de aplicações militares.
Outros aspectos do acordo incluem:
- Suspensão de restrições anteriores dos EUA que impediam a compra de tecnologia americana por empresas chinesas, como equipamentos para produção de semicondutores;
- Compromisso da China em comprar 25 milhões de toneladas de soja por ano durante os próximos três anos, conforme informado pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent;
- Adiamento por um ano da imposição de novas tarifas portuárias americanas sobre embarcações chinesas;
- Colaboração da China para reduzir o tráfego de fentanil, fornecendo apoio significativo para limitar o envio de precursores químicos via Canadá e México, associado à redução das tarifas.
Esses avanços refletem um esforço conjunto para diminuir a tensão das disputas comerciais, ao mesmo tempo que mantêm em aberto possibilidades de negociações futuras envolvendo o Brasil e outros países afetados por tarifas elevadas, como a Índia.



