Cenário Econômico Favorável Para Corte Da Selic Em Dezembro

Cenário Econômico Favorável Para Corte Da Selic Em Dezembro

A combinação que assegura um corte da Selic em dezembro, segundo David Beker, do Bank of America

David Beker, chefe de economia para o Brasil e estrategista para a América Latina no Bank of America (BofA), afirma que o cenário macroeconômico brasileiro está se configurando de maneira a tornar apropriado um corte na taxa Selic já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro.

Ele explica que essa previsão se baseia na convergência entre uma desaceleração da atividade econômica e um arrefecimento da inflação, criando as condições ideais para o início de um ciclo de flexibilização monetária ainda neste ano.

“Nossa expectativa é que a desaceleração econômica se solidifique até o final do ano, enquanto a inflação apresentará um quadro mais favorável”, disse Beker em entrevista ao Money Times.

Um ponto relevante citado pelo economista é a desaceleração da inflação de serviços no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro, que é um indicador importante devido à resistência típica desse componente inflacionário. O IPCA dos serviços recuou de 0,39% em agosto para 0,13% em setembro, sinalizando uma tendência positiva.

Quanto ao desempenho da economia, indicadores precedentes do Produto Interno Bruto (PIB), como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), evidenciam um enfraquecimento em comparação aos primeiros meses de 2025, reforçando a perspectiva de desaceleração.

O Bank of America projeta que o ciclo de redução da taxa Selic seguirá de forma gradual no próximo ano, com cortes típicos de 0,50 ponto percentual nas reuniões do Copom. O banco prevê que a taxa Selic encerre 2026 em 11,25%.

“Para atingirmos 11,25% no final de 2026, estimamos cortes de 0,50 ponto percentual na maior parte das reuniões, com exceção de agosto e setembro, quando esperamos um corte mais modesto e uma manutenção, respectivamente, em razão da maior volatilidade do mercado próxima às eleições”, explicou Beker.

Apesar da flexibilização monetária, o economista alerta que os juros permanecerão acima do patamar neutro por um longo período.

Inflação controlada e atenção ao cenário fiscal

Mesmo com projeções de inflação acima da meta para 2026, Beker não enxerga isso como impeditivo para o começo dos cortes na Selic.

“Projetamos que a inflação termine o próximo ano em 4%, um valor dentro da margem de tolerância, e o horizonte relevante para as decisões da política monetária é de 12 a 24 meses, centrado em 18 meses”, destacou.

Ele ainda salienta que, devido à taxa de juros estar em níveis bastante elevados em comparação com a histórica, o maior perigo seria postergar o início do ciclo de redução, o que poderia afetar negativamente a atividade econômica e o mercado de crédito.

Contudo, Beker reconhece que as incertezas fiscais e o aumento de gastos públicos típicos do ano eleitoral podem influenciar a velocidade dos cortes na taxa.

“O cenário fiscal tem impacto marcante na conjuntura macroeconômica doméstica”, comentou, acrescentando que, segundo a avaliação do BofA, há espaço para reduzir os juros apesar do acréscimo de despesas previsto para 2026, desde que as expectativas fiscais se mantenham estáveis.

Ele adverte que, caso haja uma deterioração significativa nas expectativas fiscais que influencie negativamente o câmbio e, consequentemente, as expectativas de inflação, o Banco Central poderá ser obrigado a promover cortes menores do que os previstos para preservar um ambiente favorável ao controle da inflação.

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