Vaso sanitário feito de ouro maciço será leiloado com lance inicial de US$ 10 milhões
Um vaso sanitário esculpido com 101,2 quilos de ouro está prestes a ser leiloado com um preço inicial fixado em US$ 10 milhões, valor que corresponde ao preço do metal precioso no dia da venda. A criação é do artista italiano Maurizio Cattelan, conhecido por obras provocativas, incluindo a famosa banana presa à parede com fita adesiva vendida por US$ 6,2 milhões.
A Sotheby’s anunciou que o vaso, fabricado em ouro de 18 quilates, será oferecido em um leilão marcado para 18 de novembro. A expectativa da casa de leilões é superar o valor do metal puro, explorando o aspecto artístico da peça, que é totalmente funcional.
Antes do pregão, o vaso será instalado em um banheiro na sede da Sotheby’s, em Manhattan, para que potenciais compradores possam apreciá-lo presencialmente, mas sem possibilidade de uso. “Não queremos que as pessoas sentem na obra”, comentou David Galperin, expert da Sotheby’s.
Contexto e significado da obra
Cattelan, cuja trajetória é marcada por obras que desafiam normas sociais e históricas, criou este vaso batizado de “America” em 2016, inicialmente planejando produzir cinco unidades iguais. O objetivo era questionar quais espaços em museus são considerados sagrados ou profanos. Segundo o artista, a peça busca colocar algo brilhante e valioso em um local normalmente negligenciado, ressaltando a ideia de igualdade dentro da necessidade básica do banheiro.
O primeiro vaso foi exibido no Museu Guggenheim, em Nova York, onde se tornou uma atração popular. Visitantes formavam filas para vê-lo e usá-lo, sendo a peça limpa a cada 15 minutos e monitorada por segurança. A obra chamou a atenção da crítica, frequentemente comparada ao ready-made “Fountain” do artista Marcel Duchamp, de 1917.
Roubos e valor crescente
Após sua temporada no Guggenheim, quando era estimado em cerca de US$ 2 milhões, o vaso foi transferido para o Palácio de Blenheim, na Inglaterra, localizado no banheiro revestido de madeira frequentado por Winston Churchill. Com a valorização do ouro, seu valor estimado tinha chegado a pelo menos US$ 4 milhões.
Em 2019, ladrões armados invadiram a propriedade, arrancaram o vaso com marretas e fugiram, provocando até inundações no edifício histórico. Posteriormente, vários suspeitos foram capturados. Dois deles foram condenados em 2025 por conspiração para transferir bens de origem ilícita. A peça, avaliada em até US$ 6,3 milhões no início do ano, não foi recuperada, e acredita-se que tenha sido derretida para revenda do ouro.
Status atual da obra e expectativas para o leilão
Até o momento, apenas duas versões do vaso de ouro foram fundidas por Cattelan, incluindo a que foi furtada. A unidade que será leiloada pertence a um colecionador privado que adquiriu a peça em 2017 por meio de uma galeria.
Em resposta a recentes furtos de joias no Museu do Louvre, a Sotheby’s incrementou a segurança para proteger o vaso antes e durante o leilão. Apesar disso, a casa de leilões planeja oferecer uma experiência intimista para que os visitantes reflitam sobre o valor da arte para além do metal precioso utilizado.
Para superar o recorde anterior do artista, a peça deverá alcançar um preço superior a US$ 17,2 milhões, valor alcançado pela escultura “Him”, que retrata Adolf Hitler em tamanho infantil, feita em cera e resina em 2001.



