Paralelos Entre Nvidia E O Caso Nahas No Mercado Financeiro

Paralelos Entre Nvidia E O Caso Nahas No Mercado Financeiro

Tenho lembrado do caso Nahas com Nvidia

Recentemente, ao encontrar um meme que circulava na internet, recordei-me do episódio conhecido como “Caso Nahas”. O meme mostrava uma jovem conectando o filtro de linha a si mesmo, com a legenda: “A Nvidia está investindo US$ 100 bilhões na OpenAI, que por sua vez está comprando mais chips da Nvidia”. Essa situação me remeteu a operações semelhantes que ocorreram no passado no mercado financeiro brasileiro.

Hoje, após o fechamento das bolsas em Nova York, será divulgado o balanço do terceiro trimestre da Nvidia, evento de grande relevância por seu papel de destaque na área de inteligência artificial (IA) e pela forte influência da empresa nos mercados. Conhecida como uma das principais empresas entre as “7 magníficas”, a Nvidia atrai atenção mundial. Embora se espere um lucro por ação em torno de US$ 1,25, o destaque deve ficar para as projeções que serão apresentadas para os próximos meses, mais do que para os resultados em si.

Volto à lembrança do “Caso Nahas”, um escândalo financeiro que abalou o mercado brasileiro em junho de 1989, envolvendo a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ). Naquela época, iniciei minha carreira e acabei sofrendo prejuízos devido às práticas questionáveis que ocorreram.

Consultando uma inteligência artificial para saber mais sobre o caso, recebi a seguinte explicação: Nahas, empresário carioca e corretor de ações, foi acusado de participar de transações fraudulentas que causaram a quebra da BVRJ, um dos maiores centros financeiros do país na época. Esse episódio teve grande repercussão, afetando a confiança dos investidores e gerando investigações que envolveram várias figuras políticas e empresariais.

Porém, considerando minha experiência pessoal, achei aquela descrição superficial e busquei mais detalhes via IA, que complementou afirmando que Nahas teria manipulado o mercado de ações por meio de fraude e desvios, influenciando os preços para benefício próprio, em prejuízo de outros investidores, entre os quais me encontrava.

Com o intuito de esclarecer melhor os métodos utilizados, destaco o principal artifício empregado por Nahas, conhecido como “operações Zé com Zé”. Esse método consistia em um investidor “A” vender ações a si mesmo, porém por intermédio de outra corretora, com preços combinados para cima ou para baixo conforme o interesse em questão, influenciando os prêmios de opções vinculadas àquelas ações.

Como é sabido na área financeira, o valor das opções depende diretamente da trajetória dos preços das ações subjacentes. Assim, os grupos ligados a Nahas, quando estavam posicionados em opções de compra, utilizavam as “operações Zé com Zé” para inflacionar artificialmente os preços das ações, o que elevava enormemente os prêmios das opções, gerando lucros extraordinários.

Ao ver situações atuais envolvendo a Nvidia, cuja valorização é muito influenciada por compras e investimentos relacionados à inteligência artificial, não posso deixar de lembrar do esquema antigo. Há um certo ceticismo fundamentado em críticas de analistas renomados, como Michael Burry e Peter Thiel, que consideram os valores atuais das ações exagerados e questionam algumas práticas contábeis adotadas pela empresa, como o tratamento da depreciação.

Essas análises indicam que estamos diante de um momento peculiar, possivelmente caracterizando uma bolha financeira, similar a episódios passados em que a movimentação de dinheiro não refletia necessariamente a criação real de riqueza, mas sim operações especulativas.

Para ilustrar, faço uma analogia ao cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), no qual se busca mensurar a geração efetiva de riqueza, não apenas o valor bruto movimentado. Atualmente há muita atividade financeira que não corresponde a uma agregação significativa de valor econômico.

Para concluir, citando uma entrevista recente de Elon Musk ao podcast de Joe Rogan, onde o empresário revelou não temer o avanço da inteligência artificial em sua capacidade intelectual, mas sim a possibilidade de ela desenvolver distorções éticas e mentiras, compartilho da mesma apreensão. Porém, minha maior preocupação reside nas exageradas expectativas do mercado. Sempre que “festas” financeiras entram em colapso, o efeito subsequente é uma grave turbulência econômica.

E você, vê paralelos entre o atual contexto da Nvidia e o famoso Caso Nahas?

Alexandre Espirito Santo, sócio e economista-chefe da Way Investimentos e professor de Economia e Finanças no IBMEC-RJ e na ESPM

Alexandre Espirito Santo — Foto: Valor InvesteFonte

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