Mudança no mercado de carbono será um marco, afirma diretor do Itaú BBA
Fábio Villa, diretor comercial do banco de atacado Itaú BBA, destaca o entusiasmo dos empresários durante a COP30 para implementar transformações e acelerar a transição rumo a uma economia sustentável.
Durante a COP30, Villa percebeu um nível raro de engajamento e colaboração entre os participantes, focados em estabelecer práticas que promovam a sustentabilidade e a transição energética, reconhecendo o potencial dessas ações como oportunidades de negócios e investimento.
Ele acredita que a padronização das regras no mercado de créditos de carbono terá um impacto enorme, facilitando o acesso de empresas brasileiras a novos mecanismos financeiros ligados à sustentabilidade. O desafio atual está em harmonizar as regras globais e regionais, criando um arcabouço regulatório comum para todos os países, o que poderá impulsionar significativamente a geração e negociação desses créditos.
Desafios para acelerar a sustentabilidade corporativa
Segundo Villa, dois pontos preocupam no avanço da transformação sustentável nas empresas: primeiro, a necessidade de uma melhor monetização do crédito de carbono, tornando sua negociação mais eficiente e uniforme globalmente; segundo, a criação de condições financeiras mais acessíveis para diversos setores, além das grandes corporações que atualmente têm maior facilidade de acesso a financiamentos verdes.
Para ampliar o acesso ao financiamento, Villa citou os leilões do Eco Invest, iniciativa do Tesouro que emite títulos para serem adquiridos por bancos e mercado privado, oferecendo preços competitivos e redistribuindo recursos para projetos de recuperação ambiental, principalmente áreas degradadas. O objetivo é expandir essas operações e incluir setores estratégicos, como o transporte, dada a extensão territorial do Brasil.
Engajamento dos empresários na agenda verde
O diretor do Itaú BBA participou presencialmente da COP30 e acompanhou encontros online com representantes de diversos setores econômicos. Ele destacou a participação intensa de executivos de alto escalão de empresas nacionais e multinacionais, além do protagonismo brasileiro na discussão prática do evento, focada em ações concretas.
Villa reforça que o diálogo atual é produtivo e voltado para a implementação efetiva das práticas sustentáveis, com o consenso de que isso representa uma oportunidade valiosa de negócios. O Brasil, segundo ele, possui um cenário favorável para ser líder global na transição energética, considerando seus recursos naturais, o comprometimento empresarial, governamental e da sociedade civil.
Setores com maior protagonismo na transição sustentável
Desde 2020, o Itaú BBA incorporou a sustentabilidade em sua estratégia central, capacitando a equipe para atuar como banco da transição climática. O banco lançou em 2021 a meta de investir 1 trilhão de reais em projetos sustentáveis, já tendo direcionado 522 bilhões até o final do mês anterior.
Dentre os setores mais ativos, destaca-se o agronegócio, que é capaz de alcançar emissões líquidas zero diretamente em sua cadeia produtiva sem a necessidade de comprar créditos de carbono. O banco firmou parceria com a Syngenta para recuperações de pastagens degradadas, com a meta de restauração de 1 milhão de hectares, já tendo alcançado 270 mil hectares e mobilizado 2 bilhões de reais.
Outros segmentos relevantes são a construção civil, que pode promover projetos com engenharia sustentável e cadeias de suprimentos ecologicamente responsáveis; energia e saneamento, com desenvolvimento de fontes renováveis como solar, eólica e biomassa. Por exemplo, a Sabesp realizou emissão de R$ 1 bilhão para ampliar o saneamento básico, com apoio do Itaú BBA.
Além disso, o varejo investe em práticas sustentáveis no setor imobiliário e na logística reversa. Empresas com estratégias ambientais sólidas tendem a conquistar maior participação de mercado, pois consumidoras como a Natura exigem compromisso ambiental de toda a cadeia produtiva para manter parcerias.



