Nvidia registra receita de US$ 57 bilhões e tranquiliza investidores
Nos últimos dias, a comunidade financeira global vivenciou uma onda de incertezas sobre o potencial da inteligência artificial (IA), temendo que seu crescimento pudesse estar prestes a desacelerar. Contudo, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, trouxe tranquilidade ao mercado ao divulgar resultados expressivos que superaram todas as expectativas, refletindo um cenário robusto e concreto por trás do entusiasmo com a tecnologia.
Receita e lucro surpreendem o mercado financeiro
A previsão média dos analistas para o terceiro trimestre era de uma receita de US$ 55,2 bilhões, mas a Nvidia surpreendeu entregando US$ 57 bilhões, o que equivale a aproximadamente R$ 303,8 bilhões. Ainda mais impressionante foi o lucro por ação, que atingiu US$ 1,30, acima dos US$ 1,26 projetados, representando um crescimento de 65% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o lucro era de US$ 0,81 por ação. No total, a empresa alcançou um lucro líquido de US$ 31,9 bilhões em apenas três meses.
Esses números são fundamentais porque dissipam os receios sobre a existência de uma bolha no mercado de IA — onde os preços das ações se elevam sem lastro financeiro real. Com resultados concretos sustentados por receitas e lucros consistentes, a Nvidia confirma que a demanda por seus produtos é sólida e estrutural.
Transformação do negócio além do segmento gamer
Embora a Nvidia tenha se consolidado historicamente por suas placas de vídeo para jogos, essa divisão gerou apenas US$ 4,3 bilhões no trimestre, uma parcela menor diante do faturamento total. O verdadeiro motor da companhia atualmente são os Data Centers, que responderam por US$ 51,2 bilhões na receita do período.
Essa mudança de foco demonstra como a empresa se tornou essencial para as maiores companhias mundiais. Microsoft, Amazon, Google e Meta combinadas são responsáveis por cerca de 40% das aquisições dos chips da Nvidia. Elas estão investindo agressivamente na infraestrutura necessária para rodar avanços em inteligência artificial, como o ChatGPT e o Gemini, além de outras tecnologias ainda não lançadas.
O mercado projeta que esses gastos cresçam em aproximadamente 34% nos próximos doze meses, posicionando a Nvidia como protagonista no fornecimento de hardware para a nova era digital impulsionada pela IA.
Expectativas otimistas e impacto nos mercados globais
Além dos resultados vigentes, o que impulsionou positivamente os mercados foi a projeção otimista divulgada pela empresa: a expectativa é que a receita do próximo trimestre alcance US$ 65 bilhões, superando em US$ 3 bilhões as estimativas de analistas renomados.
Jensen Huang ressaltou que a procura pelos novos chips Blackwell está “fora de série” e que os estoques já se esgotaram, criando um efeito dominó que beneficia o índice S&P 500 e melhora o sentimento entre investidores, proporcionando maior estabilidade para o mercado global.
Atualmente, a Nvidia é avaliada em torno de US$ 4,55 trilhões, consolidando-se como a empresa mais valiosa do mundo.
Orientações para o investidor individual
Embora a alta recente das ações da Nvidia no mercado pós-fechamento desestimule uma compra imediata, é crucial entender que a inteligência artificial representa uma transformação estrutural, não uma moda passageira. O desenvolvimento contínuo e o elevado investimento em hardware, setor no qual a Nvidia é referência, sustentam esse movimento.
Mesmo com a possibilidade de bolhas ocasionadas por euforia em setores concentrados, os dados divulgados indicam que os lucros da empresa acompanham as expectativas, o que é um bom sinal para investidores.
Assim, o investidor deve analisar não apenas a empresa em si, mas todo o ecossistema de tecnologia que a cerca — incluindo setores como energia, data centers e software —, já que essa cadeia representa o motor acelerado da economia global, que conta com a Nvidia como um dos principais combustíveis para seu crescimento futuro.
Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI-T (Apimec), mestrando em Economia, com diversos MBAs na área de investimentos e educação financeira. É empresário, sócio do Clube FII e do Grana Capital, autor e educador financeiro com mais de 50 mil alunos em seus cursos. Nas redes, é conhecido como @professormira.



