EUA e Ucrânia anunciam progresso nas negociações de paz com a Rússia
A Casa Branca revelou que a delegação ucraniana afirmou que o plano revisado corresponde aos seus interesses nacionais e contempla suas principais necessidades estratégicas.
Os Estados Unidos e a Ucrânia planejam continuar, nesta segunda-feira, os esforços para elaborar um acordo que ponha fim ao conflito com a Rússia, após terem ajustado uma proposta anterior que era considerada excessivamente favorável a Moscou.
Em uma declaração conjunta, as duas partes afirmaram ter desenvolvido uma “estrutura de paz aprimorada” durante conversas realizadas em Genebra no domingo, embora não tenham detalhado os termos exatos do documento.
A Casa Branca destacou que a delegação ucraniana indicou que o projeto atualizado está alinhado com seus interesses nacionais e aborda questões estratégicas essenciais, apesar de Kiev não ter emitido declaração oficial sobre o tema.
Ainda não está claro como o novo plano pretende resolver várias questões delicadas, como a garantia da segurança da Ucrânia diante das ameaças contínuas da Rússia. EUA e Ucrânia informaram que seguirão trabalhando intensamente até o prazo final estipulado para quinta-feira, enquanto o secretário de Estado americano, Marco Rubio, responsável pela delegação dos EUA, retornava a Washington no final do domingo.
O presidente norte-americano, Donald Trump, manteve a pressão sobre a Ucrânia para que aceite um acordo, afirmando no domingo que Kiev demonstrou “zero gratidão” pelo apoio dos Estados Unidos durante a guerra. Em resposta, autoridades ucranianas reforçaram seus agradecimentos à ajuda dos EUA sob a liderança de Trump.
Trump havia estabelecido o prazo até quinta-feira para que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, aceite o acordo, mas Rubio comentou que essa data pode ser flexível. Fontes próximas indicam que Zelenskiy poderia visitar os Estados Unidos ainda nesta semana para tratar de pontos sensíveis do plano diretamente com Trump.
A proposta inicial, apresentada pelos EUA na semana anterior, continha 28 pontos que exigiam que a Ucrânia cedesse territórios, impusesse restrições às suas forças armadas e abandonasse os projetos de ingresso na Otan. Essas condições seriam vistas por muitos ucranianos como uma rendição após quase quatro anos no conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O plano original surpreendeu autoridades americanas, e fontes informaram que ele foi elaborado durante uma reunião em Miami em outubro, envolvendo o enviado especial Steve Witkoff, o genro de Trump Jared Kushner e Kirill Dmitriev, um representante russo sancionado pelos EUA.
Aliados europeus declararam que não participaram da formulação da proposta inicial e apresentaram uma contraproposta no domingo, que reduz algumas concessões territoriais e inclui garantias de segurança ao estilo da Otan dos Estados Unidos para a Ucrânia, caso ela sofra ataques.
As negociações acontecem em um cenário em que a Rússia tem avançado gradualmente em certas regiões, ao mesmo tempo em que instalações de energia e gás ucranianas têm sido alvo de ataques com drones e mísseis, deixando milhões sem água, aquecimento e eletricidade por longos períodos diariamente.
Zelenskiy enfrenta também pressão interna em decorrência de um grande escândalo de corrupção envolvendo alguns de seus ministros, que reacendeu o descontentamento com a corrupção no país e dificultou a obtenção de recursos para manter a economia funcionando.
Por outro lado, Kiev tem ganhado força recentemente devido ao endurecimento das sanções americanas contra o setor petrolífero russo, principal fonte de financiamento da guerra, e aos ataques ucranianos com drones e mísseis de longo alcance que continuam a causar danos significativos às indústrias russas.



