CEO da PepsiCo destaca crescimento no Brasil e aposta no pré-jogo para a Copa do Mundo
Alex Carreteiro, CEO da PepsiCo Brasil e Cone Sul, revelou que a operação brasileira da companhia passou por uma expansão significativa, tendo seu tamanho duplicado após um investimento de R$ 2,5 bilhões. Em entrevista exclusiva, ele compartilhou detalhes sobre suas estratégias para impulsionar a empresa e também sobre sua trajetória profissional.
Nos últimos quatro anos, a divisão de alimentos da PepsiCo no Brasil — que engloba marcas famosas como Lay’s, Doritos e Cheetos — ampliou sua participação de mercado, alcançou 10 milhões de novos lares e posicionou o país entre os dez maiores mercados globais do grupo.
“Entre 2021 e 2024, investimos aproximadamente R$ 2,5 bilhões, com foco em capacidade produtiva, inovação e sustentabilidade”, destacou Carreteiro.
Essa transformação coincidiu com a chegada do executivo à liderança da operação brasileira em meio à pandemia. Desde então, a empresa acelerou o lançamento de produtos, com seis novas marcas nos últimos dois anos; fortaleceu suas parcerias nos setores de esporte e entretenimento; modernizou sua cadeia produtiva e tornou o Brasil uma referência mundial em agricultura regenerativa na PepsiCo.
A Copa do Mundo como próximo motor de crescimento
O CEO revelou que o próximo grande impulso para a companhia será a Copa do Mundo de 2026, evento em que a PepsiCo atuará como patrocinadora oficial fortalecendo a estratégia do “pré-jogo”.
“Queremos fomentar uma cultura de consumo antes das partidas, seja na companhia de amigos, dentro de casa ou em eventos sociais. Essa prática já é bastante forte nos Estados Unidos, e acreditamos que ainda está pouco explorada no Brasil”, explicou Carreteiro.
Essa iniciativa visa aumentar a frequência de consumo, conquistar maior participação de mercado e fortalecer o engajamento das marcas nos momentos que antecedem os jogos.
A disposição da PepsiCo para ampliar sua presença é confirmada por outras ações recentes: a entrada da Gatorade e Doritos como patrocinadores globais da Fórmula 1, a permanência da Lay’s como parceira da Liga dos Campeões e o mapeamento de novas oportunidades para ampliar interação com os consumidores.
“Este é um momento muito relevante para o nosso consumo e as marcas da companhia estão preparadas para aproveitar essa oportunidade”, afirmou o executivo.
Três pilares para a expansão da PepsiCo no Brasil
Alex Carreteiro atribui o crescimento acelerado da PepsiCo no país principalmente a três frentes: inovação, digitalização e sustentabilidade.
Na área de inovação, o Brasil passou a ser palco de lançamentos globais — como o lançamento da Ruffles em tubo de papel — e adaptações de categorias para o paladar local, incluindo Tostitos, PopCorners e Doritos Dinamita.
“O consumidor brasileiro é bastante receptivo à inovação quando ela faz sentido para seu gosto e hábitos de consumo”, ressalta o CEO.
Quanto à digitalização, a empresa construiu uma base de dados que já ultrapassa 22 milhões de consumidores no Brasil. “Ter dados bem estruturados permite ter maior precisão na definição de rotas, logística e campanhas, aumentando velocidade e eficiência”, explicou Carreteiro, que está à frente da operação brasileira desde 2021 e da operação do Cone Sul desde o começo deste ano.
A maior conquista, porém, está na frente da sustentabilidade. Desde a implementação da estratégia global pep+, o Brasil tornou-se um modelo mundial em agricultura regenerativa para a PepsiCo. “Hoje, todos os produtores de batata que fornecem para nós utilizam práticas regenerativas, o que aumenta a produtividade, reduz emissões e fortalece o negócio. Não existe plano B para o planeta”, afirmou o executivo.
Responsabilidade no comando do Cone Sul
Com a ampliação de suas funções para liderar também a operação do Cone Sul, que engloba Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, Carreteiro passou a administrar realidades econômicas distintas. “Cada país tem seu momento e desafio, mas a nossa missão é manter consistência mesmo diante da volatilidade”, comentou.
Ele descreve sua liderança como uma equação que exige disciplina e resiliência, na qual é necessário entregar crescimento, expansão de mercado, rentabilidade e geração de caixa simultaneamente.
“Conseguir fazer uma dessas coisas é simples, mas concretizar as quatro ao mesmo tempo requer uma postura firme”, destacou.
Para o time, ele reforça os valores de clareza nas diretrizes, execução precisa e constante desenvolvimento das pessoas. “Visão clara, execução consistente e preparo de lideranças: esse é o caminho que eu espero para todos”, disse, acrescentando que “feito vale mais que perfeito” e que é fundamental agir rápido diante da concorrência.
Trajetória pessoal e princípios que norteiam a liderança
Carreteiro contou também sua história pessoal durante a entrevista ao podcast “De frente com CEO”. Ele relembrou que, aos 10 anos, mudou-se com a mãe para a França para que ela pudesse estudar com bolsa, enfrentando o desafio de viver em Paris sem falar o idioma local e em um espaço pequeno.
“Essa experiência me ensinou a necessidade de adaptação, a escuta ativa e o respeito a diferentes culturas”, disse.
Ele estudou em escolas para refugiados e precisou se adaptar a várias turmas, o que o fez perceber precocemente a importância de compreender diversas realidades. O tênis foi outro fator transformador, ajudando-o a ganhar resiliência e humildade ao aprender a lidar com derrotas frequentes e a se reinventar constantemente.
Essa trajetória esportiva o levou aos Estados Unidos, onde teve bolsa de estudos para cursar finanças e comércio internacional na Temple University. Sua carreira é marcada por experiências internacionais em sete países e 12 diferentes cargos.
“Num ambiente multicultural, a capacidade de ouvir e aprender é fundamental. Compreendi que há múltiplas formas de encarar um mesmo desafio”, afirmou.
Valores, ética e legado
Os princípios que guiam Carreteiro vêm da educação familiar. A mãe dele sempre ensinou a importância de tratar todas as pessoas com igualdade e respeito, independentemente da posição social ou profissional.
“Esse valor é fundamental e serve de base para a cultura da empresa”, diz o executivo.
Durante seu comando, o Brasil começou a ser visto como um celeiro de líderes para a PepsiCo em outras regiões, com brasileiros assumindo postos no México, Porto Rico e áreas globais, o que demonstra o sucesso da estratégia do time.
No entanto, Carreteiro destaca que o maior legado pessoal é o desenvolvimento das pessoas. “Os números são importantes, mas o que realmente permanece são os talentos que você ajuda a formar. Nossa atitude define a altitude que alcançamos”, finaliza.



