Calor recorde impulsiona crescimento da Vulp, que projeta receita de R$ 250 milhões até 2026
Com uma base de 2.700 clientes espalhados por todo o Brasil, a Vulp Air aposta em reformas de equipamentos antigos, tecnologia própria e um modelo de assinatura conhecido como “cooling as a service” para ampliar seu alcance e faturamento.
A empresa conta com atuação em todas as unidades federativas do país, gerenciando mais de 100 mil aparelhos com equipes próprias, garantindo tempo máximo de resposta de até duas horas. Desde que foi adquirida pela Lotta Capital em 2023 via modelo search fund, que financia empreendedores para compra e operação de empresas, a Vulp dobrou de tamanho e agora visa aumentar de R$ 160 milhões para R$ 250 milhões de receita recorrente anual até 2026.
Para alcançar essa meta, a empresa planeja investir em automação, substituir equipamentos obsoletos e expandir seu parque de sistemas. O CEO Mateus Orsini explica: “Oferecemos ao cliente um serviço completo por meio de uma mensalidade fixa única. Ele só precisa acionar o atendimento quando necessário.”
Orsini ressalta que a empresa controla toda a cadeia: “Nós cuidamos integralmente desde o projeto, instalação, operação até a manutenção. Isso assegura disponibilidade contínua, eficiência energética e conforto térmico para o usuário final, que é o mais importante.”
O objetivo é aumentar o atendimento diário de 1,4 milhão para 1,7 milhão de pessoas nos próximos anos.
Trajetória do fundador e adoção do modelo search fund
Mateus Orsini, natural de Minas Gerais e engenheiro mecânico formado pela UFMG, iniciou sua carreira na área de mineração e teve experiência profissional na Austrália. Após retornar ao Brasil, migrou para os setores de venture capital e private equity. Com um MBA pelo INSEAD, ele optou por aplicar no país o modelo search fund, ainda pouco difundido aqui, que consiste em investidores financiarem um empreendedor para adquirir e gerir uma empresa.
“O Brasil é um país com muitas empresas familiares que entregam valor, mas muitas vezes enfrentam desafios relacionados à sucessão. O search fund resolve essa questão”, comenta Orsini, que se considera um dos primeiros operadores do método no Brasil.
Em 2023, a Lotta Capital adquiriu a Colortel, uma companhia fundada há 55 anos originalmente como locadora de televisores coloridos. Desde então, foi iniciada a transformação para a marca Vulp Air. Setores como hotelaria, saúde e educação, clientes tradicionais da empresa, passaram a demandar mais intensamente serviços de climatização devido ao aumento nas temperaturas e à urbanização crescente.
Modelo operacional e diferenciais
Orsini explica que, em locais como escolas com centenas de salas, existem diversos processos a serem geridos, como planejamento, aquisição, estoque, instalação, manutenção, trocas de componentes e automação. “O modelo tradicional tem incentivos mal alinhados: quem instala não opera, e quem opera lucra com eventuais falhas”, revela.
A Vulp Air verticaliza toda essa cadeia, assumindo desde a compra até a operação e substituição dos equipamentos conforme necessidade. A empresa cobra uma mensalidade fixa por todo o serviço, focando em oferecer alta disponibilidade, eficiência energética e estabilidade na climatização.
“Não comercializamos aparelhos, entregamos desempenho. O cliente paga pelo resultado: conforto, economia e previsibilidade”, afirma o CEO.
Atualmente, a companhia opera com 71.000 toneladas de refrigeração instaladas e impacta 1,4 milhão de pessoas diariamente, com metas de alcançar 75.000 toneladas e 1,7 milhão de pessoas atendidas até 2026.
O crescimento anual saltou de 5-7% para entre 40% e 50% desde a aquisição. Com 471 colaboradores atualmente, a estimativa é chegar a 550 funcionários em breve, impulsionados pelos investimentos em reformas, automação e expansão para novos segmentos.
Uma das principais apostas é no desenvolvimento interno de sensores e software capazes de monitorar temperatura, umidade, partículas e gases, ajustando automaticamente o ar-condicionado. “Conectamos sensores ao sistema, interpretamos os dados e automatizamos o funcionamento, gerando eficiência energética e conforto térmico para os usuários”, explica Orsini.
Segundo ele, essa tecnologia reduz o consumo de energia entre 20% e 25%, um aspecto fundamental, já que a climatização pode responder por 30% a 80% da conta energética de um imóvel.
Desafios e oportunidades do mercado brasileiro
Menos de 20% das escolas no Brasil possuem climatização e, quando instalada, frequentemente a operação é ineficiente — sistemas mantidos em temperaturas muito baixas o dia inteiro, ausência de automação e desperdício energético são comuns.
“O modelo tradicional é ineficiente energeticamente e falha na entrega de conforto. Quando os aparelhos quebram, a manutenção demora, e quem sofre as consequências são alunos, pacientes ou clientes”, destaca o CEO.
A Vulp Air enxerga possibilidades de crescimento em setores como saúde, educação e hotelaria, onde já atua com relevância, mas prevê uma expansão mais rápida em data centers e shoppings. “O processamento de dados gera calor, e quanto mais energia consumida, mais calor é produzido, o que limita a capacidade de processamento — é um paradoxo,” analisa Orsini.
A empresa possui presença nacional com nove centros de distribuição e 40 unidades operacionais, garantindo que haja uma equipe a no máximo duas horas de distância dos equipamentos sob sua gestão.
Perspectivas futuras
Para os próximos anos, a estratégia está centrada em continuar ampliando a automação, substituir aparelhos antigos e manter o ritmo acelerado de crescimento.
“Queremos levar conforto térmico de forma eficiente, automatizada e sem complicações, mostrando que existe uma nova maneira de climatizar,” finaliza Orsini.



