Joesley Batista Tenta Convencer Maduro a Renunciar na Venezuela

Joesley Batista Tenta Convencer Maduro a Renunciar na Venezuela

Joesley Batista viaja à Venezuela para tentar persuadir Maduro a renunciar

Joesley Batista, cofundador da JBS, teria realizado uma visita discreta a Caracas na última semana com o objetivo de incentivar o presidente venezuelano Nicolás Maduro a deixar o cargo. Segundo fontes próximas à viagem, a iniciativa visava reforçar a mensagem transmitida pelo presidente americano Donald Trump, que havia telefonado a Maduro instando-o a renunciar e facilitar uma transição pacífica no país.

Embora membros do governo Trump estivessem cientes dos planos de Joesley em viajar à Venezuela, a ação foi tomada por iniciativa própria do empresário, sem uma solicitação formal das autoridades dos Estados Unidos, conforme informações de pessoas familiarizadas com o assunto que preferiram não se identificar.

A holding familiar J&F, da qual Joesley faz parte, declarou que ele não atua como representante de nenhum governo e não forneceu comentários adicionais. Nem a Casa Branca, nem o Ministério da Informação da Venezuela ou o gabinete da vice-presidente Delcy Rodríguez emitiram declarações sobre essa visita.

Este episódio, até então desconhecido publicamente, ocorre em um contexto de intensificação das tensões entre os EUA e o governo venezuelano. Após ameaças de invasão terrestre por parte dos americanos e diversas operações militares contra embarcações acusadas de tráfico de drogas próximas à costa da Venezuela e da Colômbia, a situação tem se agravado, resultando em mais de 80 mortes e séria deterioração das relações diplomáticas.

Em um discurso na Casa Branca, o presidente Trump afirmou que os Estados Unidos possuem total conhecimento das rotas e locais utilizados pelo tráfico, e garantiu que os ataques terrestres estão por vir em breve.

Joesley como novo interlocutor para desescalar crise

O empresário se juntou a outros esforços diplomáticos conduzidos por diplomatas e investidores internacionais, incluindo o enviado americano Richard Grenell e representantes do Catar, que buscam diminuir os atritos para evitar um conflito em terra. As propostas para Maduro variam em termos de duração de seu mandato e eventual exílio, mas todas priorizam impedir a escalada dos confrontos, que até o momento têm se limitado às águas internacionais.

Apesar de algumas resistências, como a do secretário de Estado Marco Rubio, que criticou possíveis acordos com Maduro por seu histórico de descumprimento de compromissos, o diálogo é considerado uma alternativa válida para conter o tráfico de drogas.

Joesley reúne características importantes para esse papel, mantendo bom relacionamento tanto com Trump quanto com o governo venezuelano. A JBS, empresa fundada por sua família, controla a Pilgrim’s Pride, com sede no Colorado, que fez uma grande doação para o comitê inaugural de Trump. A empresa também conquistou recentemente aprovação para listar suas ações na Bolsa de Nova York, mesmo diante de críticas ligadas a escândalos de corrupção e questões ambientais.

No início deste ano, Joesley se encontrou com Trump para tratar da eliminação de tarifas sobre carne bovina e para promover uma aproximação com o governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva, após atritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump.

Vínculos históricos dos Batista com a Venezuela

Os laços da família Batista com a Venezuela remontam a pelo menos dez anos. A JBS anteriormente negociou um contrato bilionário para fornecer carne e frango ao país durante uma grave crise alimentar e inflação galopante, em acordo intermediado por Diosdado Cabello, político socialista e atual ministro do Interior venezuelano.

Desde 2013, Nicolás Maduro governa o país com forte repressão, tendo enfrentado sanções dos Estados Unidos ao setor petrolífero iniciadas em 2019. A J&F também possui negócios petrolíferos na Argentina e cogitou investir em uma joint venture venezuelana que explora ativos antes pertencentes à ConocoPhillips e nacionalizados pelo ex-presidente Hugo Chávez.

Trajetória de Joesley Batista e contexto político

Joesley se tornou cada vez mais influente no cenário político e econômico, expandindo o negócio fundado por seu pai nos anos 1950 e contando com apoio do BNDES durante os governos de Lula. A empresa da família foi a maior financiadora de campanhas políticas no Brasil em 2014. Entretanto, anos depois, Joesley reconheceu em delação premiada ter pago propina a diversos políticos para obter vantagens em financiamentos públicos.

Em 2017, ficou conhecido pelo escândalo que envolveu uma gravação secreta junto ao presidente Michel Temer, derrubando rapidamente os mercados no que ficou conhecido como “Joesley Day”.

Mesmo com a diplomacia independente de Joesley, o governo Trump mantém postura firme contra Maduro. No dia seguinte à visita do empresário a Caracas, os EUA declararam o Cartel de los Soles, supostamente ligado a Maduro e altos funcionários venezuelanos, como organização terrorista estrangeira, intensificando a pressão sobre o regime.

Fonte

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