Mercados hoje: inflação nos EUA e Brasil ajustam expectativas dos investidores
O cenário econômico desta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, está marcado pela análise dos dados de inflação de ambos os lados do Atlântico, que são fundamentais para orientar as previsões sobre a política de juros dos bancos centrais.
Nos Estados Unidos, o destaque é o índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE), a medida preferida pelo Federal Reserve para avaliar a inflação. A divulgação do indicador referente a setembro foi afetada pelo recente shutdown do governo americano, tornando essa a última leitura antes da decisão do Fed na próxima semana. Caso os números confirmem uma inflação controlada, cresce a expectativa de um corte de juros, o que tende a animar os investidores.
No Brasil, o panorama inclui a divulgação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de novembro, assim como o Índice de Preços ao Produtor (IPP) de outubro. Esses dados, aliados ao fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, evidenciam uma desaceleração econômica, alimentando o debate sobre a possibilidade do Banco Central reduzir a taxa Selic em janeiro.
Movimentação nos mercados globais
Os futuros das bolsas em Nova York iniciaram o dia com leves altas, refletindo a cautela dos investidores enquanto aguardam os dados nos EUA. Às 7h, o contrato futuro do S&P 500 mostrava alta de 0,16%, e o Nasdaq avançava 0,34%. Na Europa, as ações também operavam em leve alta, com o Stoxx 600 registrando 0,32%, enquanto os mercados aguardam o PIB do terceiro trimestre da zona do euro.
Por outro lado, na Ásia, a bolsa de Tóquio (Nikkei) fechou em queda de 1,03%, pressionada pela possibilidade de aumento dos juros pelo Banco do Japão. O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,58% diante da expectativa de novos estímulos econômicos por parte do governo chinês.
O índice dólar (DXY) recuava 0,06%, situando-se próximo à mínima de cinco semanas, em torno de 98,99 pontos, refletindo o mercado precificando cortes de juros para 2026 nos Estados Unidos. O barril do petróleo Brent registrava alta de 0,21%, cotado a US$ 63,39, enquanto o rendimento do Treasury americano de 10 anos avançava para 4,11% ao ano.
Destaques econômicos do dia
Os investidores focam no PCE como indicador principal para antecipar os movimentos do Federal Reserve. Atualmente, as apostas indicam uma chance de aproximadamente 87,2% para uma redução de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do banco central americano, conforme dados da ferramenta FedWatch da CME, o que tem oferecido suporte às recentes valorizações das bolsas.
No Brasil, a menor expansão do PIB no terceiro trimestre—com crescimento de apenas 0,1% contra os 0,2% previstos—mostra a moderação da economia, consequência do impacto dos juros elevados. Isso mantém acesa a discussão sobre o corte da Selic, previsto para ocorrer possivelmente em janeiro.
Esse contexto de juros mais baixos nos EUA e cenário doméstico em transformação ajudou o Ibovespa a alcançar recorde de 164.455 pontos na quinta-feira (4) e contribuiu para o dólar manter-se relativamente estável em torno de R$ 5,30.
Cenário corporativo e institucional
Internacionalmente, a Paramount tem contestado a forma como a Warner Bros está conduzindo seu processo de venda, enquanto Netflix, Paramount e Comcast avançam na segunda etapa de propostas para adquirir parte ou a totalidade dos ativos da Warner, com a Netflix liderando como candidata principal.
No Brasil, o ambiente corporativo registra movimentações importantes. A InterCement está em processo de reestruturação, com o fundo Lago Escondido, ligado ao investidor Joe Lewis, previsto para deter cerca de 19,5% da empresa após conversão de créditos relativos à recuperação judicial. O empresário argentino Marcelo Mindlin deve adquirir aproximadamente 8% do capital, tudo isso via a Latcem, veículo criado pelos credores para administrar até 38,5% das ações.
Além disso, Petrobras e Shell arremataram em conjunto, sem concorrência, duas das três áreas oferecidas em leilão pioneiro da União, que abrange participações em campos produtores no pré-sal. O consórcio pagou cerca de R$ 8,8 bilhões, abaixo dos R$ 10,2 bilhões objetivos inicialmente pelo governo.
Agenda do dia
Na programação deste 5 de dezembro, as divulgações econômicas de destaque incluem:
- 08h00: IGP-DI de novembro, monitorado pela FGV, importante para avaliar o comportamento dos preços no atacado e contratos indexados.
- 09h00: Índice de Preços ao Produtor (IPP) referente a outubro, divulgado pelo IBGE, que indica pressões de custo na indústria e possível impacto nos preços ao consumidor.
- 07h00: PIB do terceiro trimestre da zona do euro, fornecido pelo Eurostat, com papel-chave na avaliação do ritmo econômico diante do ambiente de juros altos e crescimento moderado.
- 11h00: Plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão do marco temporal, tema delicado para o agronegócio e com possível influência na percepção de risco das exportações brasileiras.
- 12h00: Divulgação do PCE dos EUA referente a setembro, índice crucial para a política monetária americana, com expectativa de alta mensal de 0,2% em relação a agosto.
- 12h00: Índice de confiança do consumidor dos EUA para dezembro (Universidade de Michigan), que mede o sentimento das famílias americanas pouco antes da decisão do Fed.
Que essa sexta-feira seja produtiva e favorável aos seus negócios!



