Perspectivas Para Juros Com Visão Do Gestor Da Kinea

Perspectivas Para Juros Com Visão Do Gestor Da Kinea

Perspectivas para 2026: Análise do gestor da Kinea sobre juros e cenário eleitoral

A Kinea Investimentos, uma das principais gestoras de recursos do Brasil, projeta que a taxa Selic sofrerá redução entre 2,5 e 3 pontos percentuais ao longo do ano de 2026. Segundo o gestor Carlos Martins, o atual juro real próximo de 10% é elevado demais para se manter por longo período, indicando a possibilidade de cortes já a partir do primeiro trimestre de 2026.

Em entrevista ao Money Times, Martins afirmou que o Banco Central ainda não deu sinais definitivos, mantendo uma postura rígida, mas especialistas com quem ele conversa indicam cortes nos juros já nos primeiros meses do próximo ano, prevendo uma redução acumulada pela ordem de 2,5 pontos percentuais no período. O consenso de mercado também avalia como favoráveis à queda da Selic a inflação controlada e a estabilidade do câmbio.

As eleições: o principal fator de incerteza

Apesar do cenário econômico positivo, Martins aponta que a maior dúvida para o ano de 2026 está no campo político. O gestor destaca que as eleições presidenciais podem modificar significativamente as expectativas em relação aos juros futuros e, assim, impactar o desempenho de investimentos em ativos de risco, como ações e fundos imobiliários (FIIs).

Ele ressalta que a trajetória da taxa Selic será fortemente influenciada pela percepção do mercado acerca da seriedade da política fiscal dos possíveis candidatos à Presidência. Se surgir um candidato com um plano fiscal crível, isso tende a fazer com que as curvas de juros se ajustem para baixo, valorizando ativos reais e trazendo antecipação rápida dos mercados.

Por outro lado, cenários que indiquem aumento dos gastos públicos devem pressionar a taxa de juros para cima, segundo Martins. Um presidenciável com uma agenda fiscal sólida poderia destravar o país, reduzindo os juros, estimulando investimentos e a produção e aliviando a pressão sobre as empresas, o que beneficiaria os ativos de risco.

O gestor enfatiza que o custo atual de capital ainda é alto e limita decisões de investimento. Por isso, uma agenda fiscal consistente tem potencial para mudar essa realidade, impulsionando os recursos direcionados à bolsa de valores e ao setor imobiliário.

Importância da viabilidade eleitoral dos candidatos

Martins destaca que a credibilidade eleitoral de um candidato também afeta os ativos de risco. Ele cita a reação negativa do mercado à indicação do deputado Flávio Bolsonaro como candidato à Presidência, na qual a bolsa brasileira chegou a perder R$ 182,7 bilhões em um único dia, logo após a confirmação do apoio do presidente Jair Bolsonaro à candidatura do filho.

O gestor esclarece que essa forte queda ocorreu porque o mercado considera que Flávio Bolsonaro possui poucas chances de vitória. Para que um candidato faça efeito positivo nos mercados, é necessário que tenha tanto uma agenda fiscal sólida quanto competitividade eleitoral.

Martins reconhece que, apesar da importância de uma proposta duramente fiscal, que toque em custos e reformule a máquina pública, é fundamental que o candidato consiga conquistar votos para ser viável.

Ajustes cautelosos nas carteiras da Kinea

Diante do contexto atual, a Kinea tem feito ajustes graduais nas suas carteiras de investimento. A estratégia adotada prioriza a cautela, evitando mudanças bruscas, enquanto acompanha a dinâmica das curvas de juros, que orientam grande parte das decisões.

Martins observa que para a gestão da Kinea, compreender as expectativas de mercado sobre os juros é crucial. Assim, o processo de ajustes está sendo feito aos poucos, focando principalmente nos casos mais evidentes, com uma antecipação moderada, mas sem grandes rotações nos portfólios.

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