Fiagros ganham destaque na XP como opção para renda passiva em 2026 após valorização de 24% em 2025

Os fundos de investimentos do agronegócio, conhecidos como fiagros, foram os que tiveram a maior valorização entre os fundos listados em 2025, apresentando um retorno médio ponderado em torno de 24%, conforme apontado por Marx Gonçalves, chefe de Fundos Listados da XP Research. Esse desempenho superou os 17,5% do retorno total dos fundos imobiliários (FIIs), refletindo tanto a retomada do setor agropecuário quanto a reavaliação do risco após um ano de 2024 marcado por instabilidades judiciais afetando algumas empresas do ramo.

Apesar do cenário positivo, Gonçalves destaca a importância de uma análise criteriosa para distinguir os ativos promissores daqueles que não apresentam fundamentos sólidos. Alguns fiagros considerados descontados conseguiram resistir ao período mais difícil enfrentado pelo agronegócio sem apresentar problemas de crédito, mantendo um bom posicionamento no mercado.

Por outro lado, existem fundos com riscos elevados que justificam seus preços mais baixos. A persistência de taxas Selic ainda altas, dívida atrelada ao CDI e margens reduzidas para companhias agrícolas devem continuar pressionando parte do segmento, apesar de um ambiente mais favorável para a recuperação.

Olhando para 2026, a XP Research adota uma visão “cautelosamente otimista”, conforme resume Gonçalves. A atividade econômica permanece sólida, a expectativa é de que a taxa Selic passe a ter cortes graduais, e o cenário internacional mostra tendência de redução dos juros nos Estados Unidos, fatores que podem beneficiar o mercado local. Porém, o ano eleitoral no Brasil deve provocar maior volatilidade nos mercados.

Com esse cenário, a recomendação é formar carteiras diversificadas que combinem ativos em tijolo, papel, fiagros, infraestrutura e fundos de fundos (FOFs). Este último grupo aparece como grande oportunidade para 2026, pois negocia com duplo desconto — tanto nas cotas quanto em portfólios cujo valor patrimonial tende a subir em função da melhoria do mercado.

Cuidados necessários para evitar armadilhas nos fundos imobiliários

No segmento dos fundos imobiliários, Marx Gonçalves alerta para três erros comuns que ainda capturam investidores: focar apenas no dividend yield, desprezar o preço pago pelo ativo e investir em fundos sem entender claramente a tese por trás deles. Um yield elevado pode indicar que o mercado espera dificuldades para aquele fundo, o que pode levar a ajustes negativos quando essas situações se confirmam.

Além disso, pagar um preço elevado por fundos populares pode comprometer a rentabilidade final, e tomar decisões precipitadas diante da volatilidade do mercado, especialmente sem compreender a dinâmica do produto, costuma gerar prejuízos evitáveis.

Principais ativos recomendados para geração de renda passiva em 2026

Gabriel Navarro, sócio-estrategista da Beit Investimentos, destaca que a escolha de uma carteira eficiente para renda passiva varia conforme o grau de experiência do investidor. Para iniciantes, ele indica a preferência por fundos imobiliários e ETFs, que minimizam riscos de seleção e ajudam a evitar erros clássicos, apostando em estratégias básicas e consistentes.

Fundos de papel, voltados a logística, shoppings e ETFs que abrangem amplamente o mercado oferecem regularidade nos dividendos e permitem ao investidor aprender sobre avaliação e ciclos econômicos. Navarro também sugere considerar ações de setores defensivos como elétrico, saneamento, infraestrutura e financeiro, que possuem histórico sólido de geração de caixa.

Para investidores mais experientes, o uso de derivativos pode ampliar os retornos com estratégias como lançamentos cobertos e venda de puts, possibilitando ganhos de aproximadamente 0,8% ao mês com controle dos riscos envolvidos. Assim, é possível elevar um dividendo anual de 10% para algo em torno de 15% a 16% por meio de operações cuidadosas.

Entenda a jornada do dividendo e evite erros recorrentes

Navarro ressalta alguns equívocos comuns, como confundir preço com valor real — pois um ativo barato pode não ser uma boa compra e um ativo caro pode ter seu valor justificado. Avaliar somente o dividend yield sem considerar pagamentos pontuais e excepcionais pode levar a interpretações erradas sobre a sustentabilidade do retorno.

Outro ponto fundamental é analisar o payout, que indica a proporção do lucro distribuída aos acionistas, ajudando a mensurar a viabilidade futura dos dividendos. Além disso, o medo de perder oportunidades (FOMO) pode induzir investidores a comprar na alta, carregando prejuízos quando o ciclo de mercado se inverte.

Ele destaca que o percurso da distribuição de dividendos não é constante. Eventos inesperados como crises, greves, acidentes industriais ou fatores macroeconômicos podem afetar os pagamentos ao longo do tempo.

Para ilustrar o conceito de consistência na distribuição, Navarro menciona os índices americanos Dividend Kings e Dividend Aristocrats, que incluem empresas que aumentaram seus dividendos por mais de 50 e 25 anos consecutivos, respectivamente. Essas companhias representam negócios maduros, resilientes e com compromisso forte de geração de valor para o acionista, algo que o mercado brasileiro ainda não oferece em igual escala.

As discussões apresentadas aconteceram no painel do evento anual “Onde Investir 2026”, promovido pelo InfoMoney em colaboração com a XP, que reúne grandes especialistas para analisar o futuro dos investimentos e indicar estratégias práticas para o próximo ano.

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