‘Labubu digital’: Gestor da Vanguard afirma que bitcoin ainda é tratado como item de coleção
A gigante gestora de investimentos Vanguard, que administra US$ 12 trilhões em ativos, passou a permitir que seus clientes negociem ETFs lastreados em bitcoin, contudo o chefe global de ações quantitativas da empresa, John Ameriks, declarou que sua visão fundamental sobre os criptoativos não mudou.
Segundo Ameriks, o bitcoin deve ser encarado mais como um item especulativo, similar a um brinquedo colecionável do que como um ativo com capacidade produtiva. Ele ressaltou que o token não apresenta características essenciais como geração de renda, composição sólida ou fluxo de caixa, elementos que a Vanguard busca ao selecionar investimentos com foco no longo prazo.
Durante a conferência ETFs in Depth, realizada pela Bloomberg em Nova York na quinta-feira (11), Ameriks mencionou que, sem evidências claras de que a tecnologia por trás do bitcoin oferece valor econômico sustentável, é complicado Considerá-lo mais do que um “Labubu digital” — uma referência a um pelúcia viral e colecionável.
Essa ponderação ocorre em um momento em que o maior ativo digital registrou uma queda prolongada, sendo negociado na faixa dos US$ 92 mil, bem distante dos US$ 126 mil observados algumas semanas atrás. O bitcoin é conhecido por passar por ciclos de alta volátil seguidos de fortes quedas, com perdas significativas de valor apenas para se recuperar posteriormente.
Historicamente, executivos da Vanguard sempre se mostraram francos ao identificar criptomoedas como ativos especulativos e forneceram opiniões céticas quanto ao seu uso como investimentos tradicionais.
Apesar de a Vanguard ainda não lançar seus próprios ETFs focados em criptomoedas — ponto reforçado por Ameriks —, recentemente abriu sua plataforma para que milhões de seus investidores possam comprar e vender alguns fundos negociados de ativos digitais. Essa decisão levou em conta o fato de que os ETFs de criptoativos atingiram registros significativos desde o lançamento dos primeiros fundos de bitcoin em janeiro de 2024, conforme ressaltou Ameriks.
Negociação disponível, mas sem recomendação
Ameriks destacou que a Vanguard tomou cuidados para garantir que esses produtos entreguem exatamente o que prometem e sejam comercializados conforme descritos. Ele reafirmou que, embora os investidores possam comprar e manter esses ETFs na plataforma, a empresa não fornece orientações sobre quais tokens adquirir ou vender, nem indicações de ativos específicos. “Isso não é algo que faremos atualmente”, afirmou.
Um porta-voz da Vanguard também comentou que a empresa mantém uma visão positiva sobre as utilidades da tecnologia blockchain, sobretudo pela sua capacidade de aprimorar a estrutura dos mercados financeiros.
Potencial em contextos específicos
Ameriks reconheceu que existem cenários nos quais o bitcoin poderia oferecer valor que não seja puramente especulativo. Por exemplo, ele poderia se destacar em ambientes marcados por alta inflação ou instabilidade política, entre outros ajustes macroeconômicos ou geopolíticos.
“Se for possível identificar um movimento consistente nos preços nesses contextos, então poderíamos começar a testar uma tese de investimento mais fundamentada e avaliar o papel do bitcoin dentro de uma carteira,” acrescentou. “Todavia, até o momento, o histórico ainda é muito curto para essas análises.”



