Salário Mínimo Ideal e Valor Oficial: Diferença de Quase Cinco Vezes

Salário mínimo ideal é quase cinco vezes superior ao valor previsto para 2026, aponta DIEESE

O governo brasileiro divulgou, na quarta-feira (10), que o salário mínimo para o ano de 2026 será fixado em R$ 1.621,00. Esse montante representa um aumento de R$ 103,00 em relação ao valor vigente de R$ 1.518,00, e será implementado a partir da remuneração paga em fevereiro. A confirmação veio por meio do Ministério do Planejamento e Orçamento.

O cálculo do reajuste considera a inflação acumulada de 4,4% nos 12 meses até novembro de 2025, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Além disso, incorpora um crescimento real de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, que embora tenha sido de 3,4%, tem sua correção limitada segundo o novo arcabouço fiscal vigente desde 2023, que restringe o crescimento real do salário a fim de controlar as despesas obrigatórias do governo.

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o salário mínimo serve como parâmetro para aproximadamente 59,9 milhões de brasileiros. É essa base salarial que influencia diretamente contratos de trabalho, benefícios previdenciários, seguro-desemprego e programas sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Salário mínimo ideal conforme o DIEESE

Ao analisar as necessidades reais das famílias brasileiras, o DIEESE calcula que, para uma família com quatro integrantes, o salário mínimo adequado deveria ter sido cerca de R$ 7.067,18 em novembro de 2025 — valor quase cinco vezes maior do que o salário mínimo oficial de R$ 1.518,00. Essa quantia considera gastos essenciais com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, conforme estabelecido pela Constituição Federal.

Entre 2019 e 2022, o salário mínimo brasileiro praticamente não teve crescimento real, acompanhando apenas a inflação, o que causou perda do poder de compra dos trabalhadores, especialmente diante do aumento acentuado no preço dos alimentos, um dos itens que mais impacta o orçamento familiar.

O DIEESE ainda estima que o atual salário mínimo de R$ 1.518,00 contribui com um aumento de aproximadamente R$ 81,5 bilhões na renda da economia e representa um incremento de R$ 43,9 bilhões na arrecadação tributária oriunda do consumo, beneficiando cerca de 59,9 milhões de pessoas que possuem rendimentos atrelados a esse piso salarial.

Histórico recente dos reajustes do salário mínimo

Em 2015, o DIEESE destacou que o salário mínimo fixado em R$ 788 representava um reajuste nominal de 8,84% em relação ao valor de 2014, que foi de R$ 724. Esse aumento resultou da soma do crescimento do PIB de 2,5% em 2013 com a inflação medida pelo INPC de 6,23% em 2014. Naquele ano, esse salário mínimo real foi considerado o maior desde 1983, acumulando um ganho real de 76,54% desde 2002, beneficiando cerca de 46,7 milhões de pessoas.

Em 2005, o piso salarial era de R$ 300, um valor que, na avaliação do DIEESE, também não atendia adequadamente às necessidades dos trabalhadores brasileiros.

O instituto ressalta que, há duas décadas, para cobrir as despesas básicas de uma família composta por dois adultos e duas crianças, o salário mínimo necessário deveria estar acima de R$ 1.500 — valor mais de cinco vezes maior do que o oficial na época.

Valores do salário mínimo nos últimos dez anos

Fonte