‘Labubu digital’: gestor da Vanguard afirma que bitcoin ainda é mais um colecionável
A gestora Vanguard, que administra US$ 12 trilhões, passou a disponibilizar aos seus clientes a possibilidade de negociar ETFs de criptomoedas. Contudo, John Ameriks, líder global de ações quantitativas da empresa, reforçou que sua visão sobre os criptoativos não mudou: os tokens não possuem ainda as características necessárias para serem considerados investimentos de longo prazo.
Ameriks destacou que o bitcoin deve ser visto mais como um artigo especulativo e colecionável – comparável a um brinquedo de pelúcia popular chamado Labubu – do que como um ativo produtivo. Segundo ele, o token não apresenta propriedades como geração de renda, composição ou fluxo de caixa, que são elementos essenciais na análise da Vanguard para alocações duradouras.
Em sua fala durante a conferência ETFs in Depth da Bloomberg, realizada em Nova York em 11 de dezembro de 2025, o gestor ressaltou que, na ausência de evidências claras de que o blockchain oferece um valor econômico consistente, fica difícil conceber o bitcoin como algo além de um mero colecionável digital.
Esse posicionamento ocorre em meio a um período de declínio persistente no valor do bitcoin, que atualmente é negociado próximo a US$ 92 mil, bem abaixo dos US$ 126 mil registrados semanas atrás. É conhecido que o bitcoin passa por fortes ciclos de volatilidade, com quedas significativas seguidas de recuperações completas.
Executivos da Vanguard já haviam se mostrado anteriormente críticos em relação às criptomoedas, classificando-as como ativos especulativos. Apesar disso, a gestora optou recentemente por abrir sua plataforma para negociação de ETFs ligados a criptoativos, permitindo que seus investidores adquiram e vendam esses fundos.
Essa decisão se baseou em parte no crescimento dos ETFs de criptomoedas, que alcançaram volumes recordes desde o lançamento dos primeiros fundos de bitcoin em janeiro de 2024, afirmou Ameriks.
Negociação permitida, mas sem recomendações
Sobre a oferta dos ETFs, Ameriks explicou que a Vanguard tomou cuidado para garantir que os produtos cumpram com as promessas feitas e funcionem conforme descrito. Ele salientou que os investidores podem comprar e manter esses fundos na plataforma da gestora, mas a empresa não oferece aconselhamento sobre aquisição, venda ou manutenção desses ativos.
“Não fornecemos recomendações sobre quais tokens manter ou negociar, pois essa não é uma atividade que faremos atualmente”, afirmou o executivo em entrevista à Bloomberg News durante o evento.
Apesar do ceticismo com relação ao bitcoin enquanto investimento tradicional, a Vanguard se mostra confiante nas aplicações tecnológicas do blockchain e na sua capacidade de otimizar a estrutura do mercado financeiro, segundo porta-voz da empresa.
Ameriks reconheceu que existem cenários em que o bitcoin poderia assumir um papel mais valioso e menos especulativo, como em períodos de alta inflação ou situações de instabilidade política. Se fosse possível identificar padrões confiáveis de valorização nessas circunstâncias, a análise sobre o criptoativo poderia ser revista para definir seu papel em uma carteira de investimentos.
No entanto, elencou o gestor, ainda não há histórico suficiente para firmar tal tese.
