Festa da empresa: até que ponto é permitido beber, flertar e dançar?
As confraternizações corporativas representam momentos valiosos para celebrar as realizações do ano com colegas e chefes, porém podem se transformar em situações delicadas se faltar cuidado com o comportamento.
Embora a ideia de evitar a festa para escapar de possíveis transtornos seja comum, essa estratégia nem sempre é recomendada. Essas reuniões são rituais fundamentais, marcando o fim de um ciclo e possibilitando conexões que fogem do ambiente formal do trabalho.
A coach de carreira Ana Lúcia Spina, que atua na Ynner com treinamentos personalizados, destaca que “esses momentos revelam nossa postura em ocasiões informais”. Já Lais Vasconcelos, gerente de recrutamento da Robert Half, chama atenção para a importância da participação: “Quem deixa de comparecer consecutivamente demonstra pouco comprometimento com o espírito de equipe e os valores da empresa, pois é uma chance de fortalecer a cultura e promover união”.
Para curtir sem causar constrangimentos, especialistas respondem às principais dúvidas sobre vestimenta, consumo de bebidas, temas a evitar e comportamentos sociais nas festas corporativas.
Como beber e dançar com elegância?
Mariana Malvezzi, professora da ESPM especializada em gestão colaborativa, recomenda encarar a festa como uma reunião em home office: embora o lado pessoal fique aparente, é importante preservar a privacidade e manter limites claros.
“Apresentamos partes da nossa casa, mas escondemos o que não queremos expor. Assim, na festa, é adequado se divertir sem abrir mão do controle”, explica.
Se for apreciador de bebidas alcoólicas, tranquilo, desde que o consumo seja moderado e respeite o ambiente profissional. “O foco da festa é criar conexões, não gerar situações desconfortáveis”, orienta Ana Lúcia.
Quando há pista de dança, a coach incentiva a participação leve e descontraída, evitando exageros ou atitudes que possam atrair atenção negativa.
O que vestir para a festa da empresa?
Continuando a analogia com reuniões virtuais, Mariana pontua: “No home office, podemos estar confortáveis, mas não aparecemos com roupas inadequadas para uma reunião online. O mesmo vale para a festa: é permitido um visual mais despojado, mas sempre com equilíbrio”.
A especialista recomenda roupas que aliem conforto e sofisticação, ressaltando que a verdadeira elegância está em sentir-se bem e autêntico. Evite peças que causam desconforto ou que possam ser interpretadas como vulgares.
Quais temas devem ser evitados em conversa?
Discussões sobre política e religião costumam ser delicadas e podem provocar desconforto, por isso é melhor evitá-las. Além disso, cobrar colegas sobre trabalho durante a festa é considerado incômodo.
No entanto, Ana Lúcia acredita que não há tópicos completamente proibidos, contanto que as conversas tenham um tom positivo. Ela sugere abordar outros interesses, como filmes, séries ou hobbies, para manter o clima agradável.
Rede de contatos: é apropriado fazer networking na festa?
A ocasião pode ser propícia para fortalecer relacionamentos profissionais, mas é fundamental ter a abordagem correta. Ana Lúcia orienta que elogiar o esforço dos superiores e manifestar interesse pela área deles é aceitável, mas evitar tentar direcionar a carreira no meio da festa para não parecer inconveniente.
Flertar com colegas: é permitido?
Festas são momentos que podem abrir espaço para um flerte, mas é preciso cautela, pois algumas empresas estabelecem regras quanto a relacionamentos entre funcionários.
Mariana alerta que um flerte poderá colocar o emprego em risco, então deve ser feito com discrição e respeito. Ana Lúcia concorda e sugeriu que um convite simples para uma conversa com um vinho pode ser válido, desde que não transforme o evento em uma balada.
Como superar a timidez para aproveitar a festa?
As confraternizações são excelentes para conhecer pessoas novas. Kátia Taras, especialista em comportamento, recomenda evitar se isolar em grupos conhecidos.
Para quem se sente inseguro em situações sociais, as especialistas aconselham iniciar conversas com perguntas simples, como “Você já tem planos para o fim do ano?”, o que pode facilitar um bate-papo natural e mostrar interesse genuíno.
Extrapolei no comportamento, corro risco de demissão?
A advogada Juliana Mendonça, especialista em Direito do Trabalho, explica que atitudes como consumir bebida em excesso ou flertar durante o evento, isoladamente, não configuram motivo suficiente para uma demissão por justa causa.
Ela esclarece que situações mais graves, como agressão física ou verbal, são os reais motivos que podem ocasionar o desligamento imediato.
Mendonça ressalta a importância de manter um padrão profissional mesmo em momentos de descontração e alerta que falas ofensivas, atos discriminatórios ou condutas que possam ser vistas como assédio são inaceitáveis e podem ter consequências severas, incluindo a perda do emprego.
Além dos riscos pessoais, as empresas podem ser responsabilizadas judicialmente se houver casos de assédio ou discriminação durante as confraternizações, o que exige cuidado na promoção de um ambiente respeitoso.
A advogada Thaiz Nobrega Teles Centurión destaca que as organizações precisam estabelecer orientações claras sobre o comportamento esperado nas festas, garantindo segurança e respeito para todos.
Assim, políticas internas claras tornam esses eventos mais seguros e harmoniosos, protegendo tanto a imagem da empresa quanto a saúde mental dos colaboradores.



