Ibovespa fecha em alta com destaque para ações do setor de educação; poucas quedas registradas
O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (23) em alta, atingindo a máxima do dia e refletindo a atenção do mercado aos dados de inflação brasileira. O índice principal da B3 valorizou 1,46%, chegando a 160.455,83 pontos, com um volume financeiro negociado de R$ 21,6 bilhões. Apenas cinco ações componentes do índice registraram queda.
O mercado acompanhou os dados do IPCA-15, que mostrou alta de 0,25% em dezembro, acumulando 4,41% em 2025, uma leve queda frente ao acumulado de 4,71% de 2024. Essa variação ficou dentro das expectativas medianas das projeções coletadas pelo Projeções Broadcast, que indicavam alta entre 0,12% e 0,40%.
De acordo com Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos, o movimento do mercado também foi influenciado pelo cancelamento da entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro ao site Metrópoles, originalmente marcada para as 11h. Esse cancelamento, segundo Perri, foi interpretado como um indicativo de incerteza sobre a candidatura do filho de Bolsonaro à presidência em 2026.
Entre os segmentos, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) acompanharam a alta do petróleo, com variações positivas de 0,09% para ordinárias e 0,20% para preferenciais. Por sua vez, os papéis da Vale (VALE3) recuaram levemente 0,03%, acompanhando a queda do minério de ferro na China.
No âmbito corporativo, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 3,34% após a aprovação de um aumento de capital de R$ 400 milhões, mediante a emissão de 36,9 milhões de novas ações ordinárias em bonificação na proporção de uma ação para cada 20 detidas, com data de corte em 29 de dezembro. Já fora do Ibovespa, as ações da Alpargatas (ALPA4) subiram 4,02%, recuperando parte da perda de R$ 152 milhões na sessão anterior relacionada à polêmica gerada por campanha da Havaianas.
Fernando Bresciani, analista do Andbank, destaca que a Bolsa brasileira vem mostrando sinais de recuperação em relação ao desempenho pressionado de dezembro, especialmente após um comunicado do Copom com tom mais rígido e a incerteza sobre os candidatos das eleições de 2026. Segundo ele, o mercado aparenta agora iniciar um processo de acomodação.
Nos Estados Unidos, os índices S&P 500, Dow Jones e Nasdaq fecharam com altas de 0,46%, 0,16% e 0,57%, respectivamente, diante de uma série de dados econômicos divulgados. Entre estes, o PIB americano cresceu 4,3% ao ano no terceiro trimestre, superando a mediana prevista pelos analistas que apontava para 3,3%. O índice PCE, que mede os gastos com consumo e é o indicador de inflação preferido pelo Federal Reserve (Fed), avançou 2,8% no mesmo período.
No mercado cambial, o dólar caiu 0,95%, fechando cotado a R$ 5,5314. Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, avalia que o real e o Ibovespa se recuperaram após a sessão anterior tensa, impulsionados pelos dados de inflação considerados suaves, o que pode abrir caminho para cortes na taxa de juros mais cedo do que o esperado, beneficiando ativos de risco no Brasil.
Principais ações em alta no Ibovespa
C&A (CEAB3)
A C&A foi a ação que mais subiu no índice hoje, com valorização de 6,39%, atingindo R$ 13,16. O movimento positivo ocorreu em meio a um cenário favorável para juros futuros, que beneficiou ações mais cíclicas e sensíveis ao ciclo econômico. Apesar da alta do dia, os papéis da C&A acumulam queda de 25,9% no mês, mas ainda têm ganhos expressivos de 70,25% no ano.
Cogna (COGN3)
A Cogna teve forte recuperação ao subir 5,85% para R$ 3,62, recuperando a perda de 5% sofrida na sessão anterior, que foi a maior baixa do Ibovespa naquele dia. No mês, a COGN3 registra queda de 7,18%, mas o desempenho anual permanece positivo em 241,51%.
Yduqs (YDUQ3)
Os papéis da Yduqs também tiveram bom desempenho, avançando 4,85% e chegando a R$ 12,54. No período mensal, a ação acumula queda de 7,86%, apesar da valorização de 52,55% registrada ao longo do ano.
Principais quedas no Ibovespa
Braskem (BRKM5)
A maior desvalorização do dia foi da Braskem, com queda de 4,92%, fechando a R$ 7,53. Segundo Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, o recuo está relacionado aos desdobramentos do Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), que agora será implementado somente em 2027. Ele classifica essa mudança como positiva, porém tardia. A BRKM5 acumula queda de 0,92% no mês e desvalorização de 34,97% no ano.
Bradespar (BRAP4)
Os papéis da Bradespar apresentaram recuo de 1,41%, fechando em R$ 20,30. Apesar da queda do dia, a ação registra alta de 11,72% no mês e valorização anual de 43,36%.
GPA (PCAR3)
Completando os destaques negativos, as ações do GPA fecharam em baixa de 0,79% a R$ 3,76. A PCAR3 segue com queda mensal de 7,84%, mas acumula ganho de 47,45% no ano.
