Grupo Gaúcho Inova Com Rede De Eletropostos Ultra Rápidos

Grupo Gaúcho Inova Com Rede De Eletropostos Ultra Rápidos

Grupo gaúcho de R$ 500 milhões lança posto de combustível sem combustível

O Grupo Farroupilha, com um faturamento superior a 500 milhões de reais em 2024, é responsável por 32 postos tradicionais e uma rede de lojas de conveniência no Rio Grande do Sul. Agora, liderado por Eduardo Costa, o grupo está implantando a ‘Esquina do Futuro’ — a primeira rede estruturada de eletropostos do Brasil. Essa marca aposta em recargas ultra rápidas, conveniência completa e gestão própria, com previsão de superar 50 unidades até o final de 2025. A expansão atual foca primeiro em Porto Alegre, segue para cidades próximas como Novo Hamburgo e Maringá (PR) e prepara entrada em São Paulo em 2026.

Origens da iniciativa e visão de mercado

Eduardo Costa iniciou sua trajetória ainda adolescente, nos anos 2000, ao criar espaços para exposição dentro de lojas de conveniência, especialmente para marcas de cigarro que haviam perdido a possibilidade de fazer publicidade tradicional. Depois de vender sua antiga rede de postos, morou na Califórnia entre 2014 e 2018, época em que presenciou a transformação da Tesla e o desenvolvimento da infraestrutura para veículos elétricos nos Estados Unidos. A instalação de pontos de recarga rápida em locais estratégicos marcou para ele um modelo a ser seguido.

De volta ao Brasil, Costa idealizou a Esquina do Futuro, concebida como um eletroposto que integra recarga ultrarrápida e facilidades, como lojas de conveniência, banheiros, cafeterias e espaços para experiências sustentáveis, que ele apelidou de ‘Lançamento do Futuro’.

Contexto da mobilidade elétrica no Brasil

O Brasil atingiu recentemente uma aceleração significativa na adoção de veículos eletrificados, passando de vendas de cerca de 150 mil unidades em 2024 para uma previsão superior a 330 mil em 2025, impulsionada por novas montadoras, incentivos fiscais e redução de preços. Apesar disso, o país ainda conta com mais de 12 mil pontos de recarga públicos e semipúblicos, porém menos de 3 mil oferecem carga rápida real; a maior parte ainda depende de carregamentos lentos, que podem demorar até 12 horas.

Para Costa, o desafio fundamental é oferecer infraestrutura adequada, com experiência de recarga rápida e conforto para o usuário — como banheiros limpos e segurança — e não simplesmente espalhar carregadores lentos em locais impróprios ou pouco acolhedores.

Funcionamento da Esquina do Futuro

Diferente de concorrentes que buscam cobertura em massa com pontos de recarga espalhados em supermercados e estacionamentos, a Esquina do Futuro prioriza a qualidade da operação, atendendo em locais urbanos estratégicos que ofereçam segurança, conveniência e estrutura operacional eficiente. Cada unidade se torna um ponto de encontro e precisa passar por rigorosos critérios para fazer parte da rede.

Segundo Costa, uma instalação completa pode superar 10 milhões de reais, mas o retorno financeiro já está acima das expectativas. Ele ressalta que o diferencial está na operação, no cuidado com cada cabo e software, e não apenas na instalação dos equipamentos.

Competição no setor de eletropostos

O crescimento do setor tem sido rápido, mas enfrenta desafios estruturais: falta de regulamentação clara, alto custo de equipamentos, infraestrutura deficiente e manutenção precária, que leva muitas unidades a ficarem fora de operação. A Esquina do Futuro evita competir apenas por quantidade, buscando entregar excelência no atendimento e estrutura para os usuários.

O perfil do consumidor de veículos elétricos, em sua maioria com automóveis de alto valor, reforça a necessidade de pontos de recarga rápidos e completos, motivo pelo qual a rede foca em áreas urbanas com operação direta, ao invés de soluções lentas e improvisadas.

Outros negócios do Grupo Farroupilha

Além da rede de eletropostos, o Grupo Farroupilha atua com 32 postos de combustível tradicionais, 23 unidades da marca AmPm, 10 lojas próprias de conveniência sob a marca Alegrow, nove centros automotivos e outras seis marcas. A história empresarial de Eduardo Costa começou quando ele e o irmão passaram a reabrir postos Shell fechados no Rio Grande do Sul, enfrentando os desafios de licenciamento e infraestrutura.

A Alegrow serve como base para a Esquina do Futuro, com cafeterias integradas nas unidades de recarga e adaptação do mix de produtos conforme a localidade. Em episódios recentes, durante uma enchente em Porto Alegre, uma unidade ficou aberta 24 horas para servir a comunidade, demonstrando o papel social do empreendimento.

Desafios enfrentados pela eletromobilidade no Brasil

O setor de recarga enfrenta obstáculos importantes, como a ausência de regulação federal que padronize instalação e manutenção dos pontos, custos elevados para recargas ultrarrápidas, limitações da infraestrutura elétrica em muitos imóveis e falta de manutenção adequada, que afeta até 40% dos pontos públicos. A segurança também é uma preocupação, especialmente com o risco de incêndios em instalações malfeitas, o que levou a empresa a adotar equipamentos específicos como extintores para carros elétricos.

Planos futuros e crescimento do mercado

Apesar do sucesso inicial, Eduardo Costa reconhece que o mercado da mobilidade elétrica está em rápida evolução e a competição tende a se acirrar, tornando essencial uma operação eficiente para garantir competitividade. A chamada ‘fase dois’ da Esquina do Futuro incluirá investimentos em tecnologia, aumento da escala e redução dos custos operacionais, preparando o grupo para a disputa por preço, qualidade e atendimento que deverá dominar o segmento nos próximos anos.

Choque de Gestão

Matéria originalmente publicada em julho de 2025

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