Salário mínimo para 2026: Dieese aponta valor ideal de R$ 7.067
Um estudo recente revela que o piso salarial necessário para garantir o sustento de uma família deveria ser cinco vezes maior do que o valor oficial previsto para 2026.
No dia 24 de dezembro de 2025, foi publicado no Diário Oficial da União o decreto que estabelece o salário mínimo para o ano de 2026 em R$ 1.621,00. Esse montante representa um aumento de R$ 103,00 em comparação aos atuais R$ 1.518,00.
O reajuste considerou a inflação acumulada até novembro de 2025, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), além do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes, que é limitado a 2,5%, obedecendo ao novo arcabouço fiscal aprovado em 2023.
Para o próximo ano, a inflação considerada é de 4,4% nos últimos 12 meses até novembro de 2025, enquanto o crescimento real do PIB em 2024 foi de 3,4%, mas o aumento real do salário mínimo foi limitado a 2,5%. Essa medida visa controlar o aumento das despesas obrigatórias do governo.
O salário mínimo serve como referência para aproximadamente 59,9 milhões de brasileiros, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Ele influencia diretamente contratos trabalhistas, benefícios previdenciários, seguro-desemprego e programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Qual seria o salário mínimo ideal?
De acordo com o DIEESE, o valor necessário para que uma família de quatro pessoas tenha suas necessidades básicas atendidas, considerando alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência — conforme prevê a Constituição — deveria ser de cerca de R$ 7.067,18 em novembro de 2025. Esse valor equivale a aproximadamente cinco vezes o salário mínimo oficial atual.
Entre 2019 e 2022, o salário mínimo praticamente não apresentou ganho real, apenas acompanhando a inflação, o que reduziu o poder de compra dos trabalhadores, especialmente diante do aumento dos preços dos alimentos, que têm grande impacto no orçamento familiar.
O DIEESE também calcula que o salário mínimo em R$ 1.518,00 gera um aumento de R$ 81,5 bilhões na renda da economia e R$ 43,9 bilhões em arrecadação tributária sobre o consumo, beneficiando diretamente quase 60 milhões de pessoas que têm seu rendimento atrelado a esse valor.
Em retrospectiva, em 2015, o DIEESE destacou que o salário mínimo de R$ 788 representou um aumento de 8,84% em relação a 2014 (R$ 724). Esse reajuste resultou da soma do crescimento do PIB de 2,5% em 2013 e da inflação medida pelo INPC de 6,23% em 2014.
Ainda naquele ano, esse valor foi considerado o maior salário mínimo real desde 1983, acumulando um ganho real de 76,54% desde 2002, e atendendo cerca de 46,7 milhões de pessoas com rendimento baseado no salário mínimo.
Em 2005, o piso salarial era de R$ 300, valor também considerado insuficiente pelo DIEESE para suprir as necessidades básicas dos trabalhadores brasileiros.
Para cobrir as despesas essenciais de uma família composta por dois adultos e duas crianças naquela época, o salário mínimo deveria ter sido superior a R$ 1.500, ou seja, mais de cinco vezes o valor oficial.
Valores do salário mínimo na última década
| Ano | Valor do salário mínimo (R$) | Base legal / Decreto |
|---|---|---|
| 2015 | 788,00 | Decreto 8.381/2014 |
| 2016 | 880,00 | Decreto 8.618/2015 |
| 2017 | 937,00 | Lei 13.152/2015 |
| 2018 | 954,00 | Decreto 9.255/2017 |
| 2019 | 998,00 | Decreto 9.661/2019 |
| 2020 | 1.039,00 (jan) / 1.045,00 (fev) | MP 916/2019 e MP 919/2020 |
| 2021 | 1.100,00 | MP 1021/2020 |
| 2022 | 1.212,00 | MP 1091/2021 |
| 2023 | 1.302,00 (jan) / 1.320,00 (mai) | MP 1.143/2022 e MP 1.172/2023 |
| 2024 | 1.412,00 | Decreto 11.864/2024 |
| 2025 | 1.518,00 | Decreto 12.342/2024 |



