Brasil Não Será Quintal De Ninguém, Afirma Haddad Sobre Tarifa Dos EUA

Haddad afirma que Brasil não aceitará ser ‘quintal’ de nenhuma nação em meio a tarifa dos EUA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta terça-feira (20) que o Brasil não pode ser considerado o “quintal de ninguém” e ressaltou a importância e a força do país para garantir sua soberania. A fala foi feita ao comentar o aumento tarifário de 50% aplicado pelo governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, sobre produtos brasileiros exportados para o mercado americano.

Essa decisão é interpretada por integrantes do governo brasileiro como uma medida mais política do que comercial, tendo em vista a justificativa do governo Trump que relaciona a imposição a processos legais contra Jair Bolsonaro, aliado do mandatário americano, que enfrenta acusações de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Haddad ressaltou que a estratégia do Brasil deve ser a de cultivar parcerias abrangentes, evitando um alinhamento subserviente a qualquer potência global. O ministro frisou: “Estamos diante de um desafio geopolítico. O Brasil não pode servir como quintal de ninguém.”

Ele acrescentou que o Brasil possui tamanho, densidade econômica e relevância suficientes para preservar sua soberania, frisando a necessidade de manter relações multidirecionais com diversos blocos econômicos e regiões, como União Europeia, Ásia, Brics, Oriente Médio e Sudeste Asiático, destacando ainda o diálogo aprofundado com a Índia, maior país em população mundial, com quem o Brasil mantém relações comerciais ainda modestas.

Haddad afirmou que o Brasil pretende continuar a dialogar com os Estados Unidos, porém não aceitará se submeter às condições apresentadas unilateralmente pelos EUA. Evidenciou a postura soberana e respeitosa mantida no relacionamento bilateral, refletindo uma história de duas centenas de anos entre os dois países. Ele completou: “O governo Trump é temporário, mas a relação Brasil-EUA é permanente.”

Reação de Geraldo Alckmin ao tarifaço

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também participou do evento promovido pelo PT, qualificou o aumento das tarifas americanas como injustificado. Apontou que, na balança comercial bilateral, os Estados Unidos possuem superávit em bens e serviços em relação ao Brasil. Ele detalhou que de dez produtos que os EUA mais exportam ao Brasil, oito estão isentos de impostos, com uma média tarifária de apenas 2,7%, simbolizando uma barreira alfandegária baixa.

Alckmin enfatizou o compromisso brasileiro em negociar para a redução dessas tarifas e lembrou que o presidente Lula orientou que a negociação fosse a prioridade para reverter a alta imposta pelos EUA. Segundo ele, o país não desistirá de esforços para baixar essas taxas e ampliar o acesso dos produtos brasileiros ao mercado norte-americano.

Dados digitais e desenvolvimento tecnológico

Durante sua fala, Haddad evidenciou que atualmente cerca de 60% dos dados digitais gerados pelos brasileiros são processados fora do território nacional, o que classifica como um risco estratégico para o país. Defendeu ações direcionadas para que esses dados sejam processados internamente e que, idealmente, o façam empresas brasileiras.

O ministro também promoveu a necessidade de investimentos para fortalecer a indústria doméstica de data centers e inteligência artificial. Destacou que o Ministério da Fazenda está elaborando um projeto para que o Brasil se consolide como um polo mundial de data centers, fomentando a capacidade nacional de processamento e gestão de dados digitais.

Antecipação do crescimento econômico e inflação

Haddad avaliou ser possível que o Brasil alcance um crescimento médio anual de 3% sem provocar episódios significativos de inflação, desde que sejam mantidos investimentos contínuos em setores fundamentais como infraestrutura, educação, indústria e agricultura.

Reconheceu que para o ano de 2025 espera-se uma expansão do Produto Interno Bruto inferior à observada em 2024, explicando que tal desaceleração é deliberada como forma de controlar a inflação. Ele mencionou que, apesar de algumas turbulências no início do ano e atrasos na agenda, observa esforços por parte do Congresso, destacando líderes políticos como Hugo Motta e Davi Alcolumbre, em impulsionar avanços com impacto positivo para a sociedade brasileira.

Ministro Fernando Haddad durante evento do PT

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