De que forma o dólar influencia a economia?
O dólar norte-americano funciona como a principal referência monetária em transações internacionais e serve de base para outras moedas ao redor do mundo. Mas qual é a real importância dessa moeda para a economia global?
O valor do dólar é um dos principais indicadores que afetam a economia. Suas variações exercem grande influência sobre a inflação e consequentemente sobre a cesta de consumo. No Brasil, por exemplo, a valorização do dólar resulta no aumento dos preços de produtos importados, como eletrônicos, combustíveis, além de insumos agrícolas e industriais, o que pressiona o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal medidor da inflação no país.
Conforme explica Otávio Araújo, consultor sênior de investimentos da ZERO Markets, isso acontece porque muitos dos insumos empregados na indústria nacional são cotados em dólar, assim como diversos produtos importados que chegam ao consumidor final.
No contexto da balança comercial, um dólar mais valorizado torna as exportações brasileiras mais competitivas no mercado internacional, já que o produtor recebe mais reais por cada dólar exportado, beneficiando setores como o de commodities — soja, carne e minério, por exemplo.
Por outro lado, esse cenário pode diminuir a oferta interna de determinados bens e encarecer o consumo doméstico. Ou seja, um dólar em alta tem o potencial de elevar os preços de alimentos, combustíveis, produtos e serviços consumidos no Brasil.
Além disso, empresas e governos com dívidas denominadas em dólar veem seus custos aumentarem quando a moeda americana valoriza-se, o que pode afetar investimentos, planos de expansão e até elevar o risco de crédito. Essa dinâmica também repercute no mercado financeiro, influenciando taxas de juros, entrada de investimentos estrangeiros e a percepção de confiança no país. De acordo com o consultor da ZERO Markets, momentos de instabilidade elevam o dólar e podem provocar a fuga de capitais, pressionando ainda mais a moeda e os preços internos.
Como o dólar é avaliado?
As flutuações de moedas pelo mundo geralmente são comparadas ao dólar americano. Até mesmo as moedas consideradas fortes, como o euro, a libra esterlina e o iene japonês, têm seu valor medido em relação ao dólar.
Existe um índice específico nos Estados Unidos, chamado US Dollar Index (DXY), que avalia o desempenho do dólar em relação a uma cesta formada por seis moedas de países desenvolvidos. Esse índice é amplamente utilizado por operadores de câmbio em todo o mundo como um termômetro do mercado cambial.
Quando o DXY está em alta, indica valorização do dólar em relação às outras moedas. Quando cai, ocorre o movimento oposto. A cesta inclui moedas como o euro, iene, libra, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço, cada uma com peso diferente na composição.
No Brasil, o termo taxa de câmbio é praticamente equivalente ao preço do dólar expresso em reais.
A relevância do dólar para suas finanças pessoais
Um estudo recente da Fundação Getulio Vargas (FGV) destaca os riscos de ignorar os impactos do dólar em investimentos. O relatório intitulado “Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional” evidencia benefícios ao diversificar aplicações em moedas diferentes do real, especialmente como proteção contra variações cambiais.
O planejador financeiro Cristiano Leal ressalta que acompanhar a movimentação do mercado cambial é importante, embora as oscilações diárias do dólar geralmente não tenham impacto direto sobre o cotidiano da população.
“Quem pretende viajar para o exterior ou investir em ativos vinculados ao dólar deve ficar atento às oscilações da moeda”, afirma.
Para Jeff Patzlaff, também planejador financeiro CFP, acompanhar as variações do câmbio é uma forma de se preparar melhor para decisões financeiras, seja para proteger o patrimônio, identificar o momento mais adequado para consumir ou diversificar investimentos quando conveniente.