Jovens com especialização em IA alcançam salários elevados — incluindo valores milionários — nos EUA
Empresas norte-americanas estão recrutando profissionais recém-formados especializados em inteligência artificial, oferecendo salários que podem alcançar até US$ 1 milhão anuais.
Atualmente, encontrar emprego e boa remuneração é desafiador para jovens americanos, exceto para aqueles que atuam na área de inteligência artificial (IA). O mercado para iniciantes apresenta declínio constante, com a taxa de desemprego entre recém-formados nos Estados Unidos chegando a 4,8% em junho, segundo dados do Federal Reserve Bank de Nova York, comparado a 4% para o conjunto geral de trabalhadores.
Embora a IA contribua para essa estagnação em certas áreas, há uma exceção significativa para profissionais jovens com experiência na tecnologia. Muitos deles estão na faixa dos 20 anos, dominam IA, e podem ganhar valores de até US$ 1 milhão por ano.
O salário base para profissionais não-gerenciais em IA com até três anos de carreira subiu aproximadamente 12% entre 2024 e 2025, índice que representa o maior crescimento salarial entre todos os grupos, conforme revela um estudo recente da Burtch Works, empresa especializada em recrutamento para IA, que analisou milhares de candidatos dos setores de inteligência artificial e ciência de dados.
O levantamento também mostra que profissionais experientes em IA têm dupla velocidade para avançar a cargos de gerência em comparação a colegas de outras áreas tecnológicas, progredindo na hierarquia devido ao impacto de suas habilidades, não apenas pelo tempo de serviço.
Conforme o professor Anil K. Gupta, da Robert H. Smith School of Business, Universidade de Maryland, e co-líder do monitor de vagas em IA, “há uma diferença salarial marcante entre um engenheiro comum e um engenheiro de software especializado em IA”.
Panorama dos salários na área de IA
A Databricks, empresa focada em software para análise de dados que experimentou uma valorização expressiva por conta do crescimento da IA, planeja triplicar em 2025 o número de profissionais recém-formados em IA contratados.
Segundo Ali Ghodsi, CEO da empresa, esses novos colaboradores serão “nativos de IA”, já possuindo forte familiaridade com a área, enquanto os funcionários mais antigos têm dificuldade em assimilar a tecnologia.
Para se ter uma ideia, um cientista especialista em IA generativa com apenas dois anos de experiência pode receber entre US$ 190 mil e US$ 260 mil anuais na Databricks apenas em salário-base. O total da remuneração pode ser ainda maior quando se considera participação acionária.
Ghodsi ressalta que “há profissionais muito jovens, com grande impacto e excelente remuneração”. Com menos de 25 anos, é possível conquistar ganhos que ultrapassam a faixa de US$ 1 milhão por ano.
Jure Leskovec, professor de ciência da computação na Universidade Stanford e cofundador da startup Kumo.AI, comenta que, mesmo dentro do segmento de IA, existe uma distinção entre grupos. Ele observa estudantes de doutorado com pouco mais de 20 anos que produzem pesquisas importantes, abandonam os cursos precocemente e recebem propostas empresariais atraentes antes mesmo de atuarem profissionalmente. “O número de zeros nas ofertas é impressionante”, afirma.
Além disso, há profissionais que utilizam a IA para aumentar sua eficiência, aprendendo e pensando rapidamente, mesmo sem títulos avançados. Para Leskovec, eles representam uma evolução da próxima geração de engenheiros de software, distanciando-se dos programadores tradicionais.
Em empresas como a Roblox, vagas para engenheiros desenvolvedores que trabalham com programação, estatística e matemática aplicada e possuem até um ano de experiência oferecem salários acima de US$ 200 mil anuais, conforme dados do Levels.fyi.
Segundo o provedor de dados de remuneração Levels.fyi, foram registradas 42 ofertas salariais superiores a US$ 1 milhão feitas por usuários em empresas do segmento de IA. Nove deles possuem menos de dez anos em experiência corporativa, embora alguns tenham doutorado.
Na Scale AI, que recentemente firmou acordo de aquisição reversa com a Meta Platforms, cerca de 15% dos funcionários têm menos de 25 anos. Os recém-formados na empresa podem esperar um salário-base na ordem dos US$ 200 mil anuais.
A chefe de Recursos Humanos da Scale AI, Ashli Shiftan, comenta que buscam ativamente “profissionais nativos de IA”, muitos em início de carreira. A empresa chegou a ameaçar processos judiciais contra firmas que tentam recrutar seus talentos mais jovens.
Lily Ma, graduada em dezembro em ciência da computação com foco em IA pela Universidade Carnegie Mellon, buscou 40 vagas e foi entrevistada por uma dúzia. Ela aponta que a experiência em pesquisa é um fator determinante para o sucesso, destacando que fez estágio na Tesla.
Com 22 anos, ela aceitou uma oferta da Scale AI, embora tenha recusado propostas atrativas, incluindo uma que concedia participação de 1% numa startup.
Cyril Gorlla, cofundador da startup CTGT, que desenvolve soluções de segurança e risco empresarial para corrigir falhas como “alucinações” em IA, informa que a média de idade de sua equipe é 21 anos. Parte do patrimônio líquido da equipe já vale cerca de US$ 500 mil.
Com 23 anos, Gorlla recebe candidaturas de jovens cada vez mais precoces, como um candidato de 16 anos que publicou artigo em conferência especializada em IA. “Há poucos anos eu não presenciava algo assim”, afirma.
Texto traduzido do inglês por InvestNews.
