O Novo Luxo: Dormir Em Mansões Multimilionárias Antes De Comprar

O novo luxo: experimentar mansões multimilionárias antes da compra

Em meio a preços elevados e altos juros dos financiamentos, consumidores do mercado imobiliário de alto padrão estão adotando uma abordagem diferenciada para escolher suas residências. Uma estratégia crescente envolve a possibilidade de passar um tempo morando em mansões valiosas antes de decidir pela aquisição definitiva, uma tendência que busca superar os desafios causados por valores inflacionados e impostos adicionais sobre imóveis de luxo.

Julian Johnston, corretor da The Corcoran Group em Miami, observa que práticas criativas, como ajustes nos valores de venda e campanhas de marketing exclusivas, são cada vez mais comuns para conseguir atrair compradores seletivos em um mercado que exige paciência e análise cuidadosa por parte dos interessados.

Um exemplo recente destacado pelo Wall Street Journal relata uma mansão avaliada em US$ 60 milhões que permitiu a um casal estrangeiro hospedar-se no imóvel por dois meses mediante pagamento mensal de US$ 250 mil, antes de realizar uma proposta de compra. O proprietário Eric Albert defende essa prática afirmando que, para investimentos tão significativos, experimentar a casa pessoalmente é uma decisão inteligente e sensata para avaliar conforto, tamanho e layout.

Apesar de não ser uma prática generalizada, essa tendência começa a ganhar força em mercados de alto valor, onde compradores demonstram maior seletividade, segundo Johnston. Entretanto, alguns especialistas do setor a veem como um indicativo de dificuldades no mercado de luxo, alertando que muitas propriedades estão supervalorizadas e que tentar “testar” uma moradia antes da compra é uma ideia inusitada, ainda que não impossível.

Mercado de luxo enfrenta congelamento e correções de preços

Nos últimos anos, várias propriedades de luxo, incluindo aquelas pertencentes a figuras públicas renomadas, tiveram que sofrer expressivas reduções no preço para se manter competitivas. Por exemplo, em abril de 2024, o magnata Rupert Murdoch baixou em 40% o valor de seu apartamento em Manhattan, anunciando-o por US$ 38,5 milhões, longe dos US$ 57,9 milhões pagos em 2014.

Em outra situação conhecida, Jennifer Lopez e Ben Affleck reduziram o preço de sua luxuosa residência em Beverly Hills em mais de US$ 8 milhões, enquanto o fundador bilionário da Oakley reavaliou a oferta da sua mansão, abaixando o preço de US$ 68 milhões para US$ 65 milhões em 2024. Essas movimentações demonstram que o mercado, apesar de ainda favorecer os vendedores em alguns casos, começa a se equilibrar, com mais negociações estendidas e quedas nos valores listados.

Anthony Luna, CEO da consultoria Coastline Equity, destaca que características como metragem e status de celebridades já não sustentam tantos valores inflacionados; os compradores atualmente buscam design funcional, tecnologias modernas e investimentos sólidos a longo prazo.

Impostos sobre mansões complicam ainda mais as negociações

Adicionalmente, os impostos específicos sobre imóveis de alto valor, como o imposto sobre mansões em Los Angeles, que aplica taxas extras de 4% para imóveis acima de US$ 5 milhões e 5,5% para valores superiores a US$ 10 milhões, oneram ainda mais essas transações. Geralmente pagos pelos vendedores, esses tributos representam uma soma considerável, criando entraves para a comissão intermediária e fortalecendo o peso da negociação.

A exemplo desses casos, o município de Cape Cod avalia a implementação de uma taxa adicional de 2% para vendas de residências de luxo acima de US$ 2 milhões, indicando que a carga fiscal para proprietários ricos poderá ser ampliada em mercados já caros, elevando os custos para compradores e vendedores.

Reflexão sobre preços e expectativas no mercado de luxo

Simon Isaacs, fundador da Simon Isaacs Real Estate, afirma que o volume de reduções nos preços acontece porque muitos imóveis foram mal avaliados inicialmente. Ele ressalta que os corretores, por terem contato constante com o mercado e os clientes, entendem melhor as expectativas e demandas reais dos compradores, que são seletivos sobre onde investir e estão dispostos a gastar apenas em atributos que oferecem verdadeiro valor.

Portanto, tanto vendedores quanto agentes imobiliários precisam ser mais criteriosos na hora de definir valores e estratégias para competir no atual cenário do mercado de alto luxo.

Fonte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima