Aumento no preço do cacau faz barras perderem classificação de chocolate no Reino Unido
As barras Penguin e Club, fabricadas pela Pladis — empresa dona das marcas McVitie’s, Godiva, Go Ahead e Jacobs — deixaram de ser comercializadas como chocolate no Reino Unido. Conforme divulgado pela BBC, essa alteração decorre do recorde nos preços do cacau, o que levou a companhia a modificar a receita, substituindo parte do cacau por ingredientes mais econômicos.
A Pladis esclareceu que as barras, anteriormente classificadas como chocolate, passaram a ser rotuladas como “sabor chocolate”. A decisão foi necessária em função da alta do custo do cacau, motivada pela redução da oferta global e por secas prolongadas em países produtores como Costa do Marfim e Gana, responsáveis pelo maior volume da matéria-prima no mercado internacional.
As novas receitas combinam a massa de cacau com outros componentes, como óleos vegetais, o que reduz o percentual total de sólidos de cacau para menos de 20%. Esse índice está abaixo do limite mínimo requerido pela legislação britânica para que um produto seja considerado chocolate ao leite.
De acordo com um representante da Pladis, testes com consumidores indicaram que o sabor das barras permanece semelhante ao das versões anteriores. A empresa afirmou que as mudanças foram essenciais para enfrentar as dificuldades do cenário global e para garantir a continuidade da produção.
Alta histórica nos preços do cacau pressiona o mercado
Embora o valor do cacau tenha caído nas últimas semanas, ele acumula um aumento superior a três vezes nos últimos três anos, passando de uma média de US$ 3.500 para cerca de US$ 11.500 por tonelada em 2024. Essa escalada nos custos elevou os preços dos chocolates, afetando diretamente produtos sazonais, como os ovos de Páscoa, que ficaram mais caros para os consumidores.
As normas do Reino Unido determinam que o chocolate ao leite contenha ao menos 20% de sólidos de cacau, enquanto a União Europeia exige um percentual mínimo um pouco superior, de 25%. No Brasil, tramitou no Senado um projeto que estabelece a presença de, no mínimo, 25% de cacau em chocolates ao leite.