Desempenho da JBS (JBSS32) após a listagem nos EUA e perspectivas para dividendos, segundo o CFO
Em 12 de junho de 2025, a JBS (JBSS32) concretizou sua estreia na Bolsa de Nova York (Nyse), após anos de expectativa. A estratégia de realizar uma listagem dupla tem como objetivo aumentar a visibilidade da empresa internacionalmente e atrair investidores globais que possuem restrições para aplicar em mercados como o brasileiro. Também busca ampliar o valor das ações e reduzir o custo do capital da companhia.
Guilherme Cavalcanti, CFO da JBS, comentou ao Money Times que essa listagem abriu um novo capítulo para a empresa, possibilitando acesso a um conjunto mais amplo de investidores e a um custo mais baixo para o capital. Ele destaca que isso posiciona a JBS em igualdade competitiva com outras companhias globais do setor, cujos múltiplos de avaliação são mais altos.
Desde o início do ano, as ações da JBS se valorizaram 33%. Segundo dados fornecidos pela empresa, o volume médio diário de negociações ultrapassou US$ 115,2 milhões nos primeiros seis meses após a listagem, um crescimento de 210% na comparação com a média registrada em 2024.
Elevação dos múltiplos de mercado
Atualmente, a JBS negocia com múltiplos de Enterprise Value sobre Ebitda (EV/Ebitda) entre 5x e 5,5x. Já seus principais concorrentes nos Estados Unidos e Europa operam em torno de 8x a 8,5x neste indicador, que mede quanto o mercado está disposto a pagar pelos lucros operacionais antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Um múltiplo menor pode representar uma oportunidade atrativa de compra.
O CFO ressalta que essa diferença mostra o potencial de valorização da JBS na bolsa norte-americana.
Intensificação de agenda com investidores
Para ampliar o reconhecimento da marca entre investidores internacionais, a empresa aumentou consideravelmente suas atividades de relacionamento, com um aumento de 14% nas reuniões e conferências no acumulado do ano em relação ao período anterior.
Já em setembro, a JBS passou a fazer parte do índice FTSE US, que inclui 537 empresas listadas nos EUA, com valor de mercado superior a US$ 50 trilhões. A companhia mira também a inclusão em outros importantes índices acionários americanos, como S&P, CRSP e Russell.
Política de dividendos
Cavalcanti destaca que a JBS tem um histórico sólido de distribuição consistente de dividendos, com média anual próxima de US$ 1 bilhão nos últimos cinco anos. Em períodos de resultados excepcionais e ausência de oportunidades para fusões e aquisições, a empresa pode considerar distribuir valores adicionais ou realizar recompra de ações. Recentemente, o frigorífico concluiu um programa de recompra de ações Classe A e BDRs no total de US$ 600 milhões.
Sobre uma política fixa de dividendos, o CFO se mostra cauteloso. Ele lembra que, com a listagem nos EUA, a companhia não está mais sujeita à exigência da legislação brasileira que determina um mínimo de 25% do lucro líquido para dividendos, embora a prática da JBS já venha superando esse limite. Em um setor cíclico, não é possível estabelecer valores fixos ou crescentes para pagamentos futuros de dividendos, que continuarão baseados na geração de caixa da empresa.
Recomendações para a ação
A JBS conta com o acompanhamento de cerca de 20 bancos e casas de análise, majoritariamente com recomendação de compra para suas ações.
Por exemplo, o Bank of America, após divulgar relatório em 16 de novembro de 2025 referente ao balanço do terceiro trimestre, manteve a recomendação de compra e elevou o preço-alvo de US$ 20 para US$ 21 por ação. O banco justificou o otimismo pelo desempenho robusto projetado para 2026, oportunidades de expansão orgânica e por aquisições, além de destacar a avaliação atrativa da empresa diante dos pares.
Os analistas também mencionaram a expectativa da JBS distribuir cerca de US$ 1 bilhão em dividendos em 2026, o que representaria um dividend yield de 7%.
