O Impacto do Crescimento da Inteligência Artificial no Patrimônio dos Bilionários
O setor de infraestrutura de inteligência artificial (IA) passou por um crescimento expressivo neste ano, movimentando negócios bilionários entre grandes empresas como OpenAI, Oracle, Nvidia e AMD. Só recentemente, foram anunciados acordos avaliados em centenas de bilhões de dólares que demonstram a complexidade e a interdependência dessas negociações. Por exemplo, a Nvidia investiu até US$ 100 bilhões na OpenAI, possibilitando que esta última adquira GPUs da Nvidia para ampliar a capacidade de seus data centers.
De forma semelhante, a AMD firmou uma parceria estratégica com a OpenAI: a empresa de IA obteve o direito de comprar até 160 milhões de ações da AMD, representando cerca de 10% da fabricante de chips. Essas ações serão liberadas progressivamente à medida que a OpenAI utilize o equivalente a 6 gigawatts em GPUs da AMD, evidenciando o nível de colaboração entre as companhias para expandir a infraestrutura de IA.
Essa corrida pelo poder de processamento é impulsionada por um sentimento de urgência e receio de ficar atrasado no avanço tecnológico. Conforme destacou Sam Altman, CEO da OpenAI, no X, “mais poder de processamento é crucial para o sucesso da nossa missão”. Stella Biderman, líder da organização sem fins lucrativos EleutherAI, reforça que a demanda por GPUs é concentrada em poucas organizações com financiamento robusto, que valorizam altamente a velocidade e o acesso contínuo às tecnologias mais avançadas.
Assim, são firmados acordos colaborativos em que as empresas se ajudam mutuamente para assegurar recursos e acelerar o progresso. Graças a essa dinâmica, as avaliações de mercado dispararam, beneficiando principalmente fundadores, executivos e investidores ligados à criação de data centers para IA. Segundo dados da Forbes, 20 dos bilionários mais influentes mundialmente, associados ao investimento em infraestrutura de IA, viram um aumento conjunto superior a US$ 450 bilhões desde o início do ano.
Billionários que mais prosperaram com a IA
Larry Ellison, cofundador e CTO da Oracle, lidera os ganhos, acumulando um incremento de US$ 140 bilhões em sua fortuna, impulsionado por uma valorização de 73% nas ações da empresa – muito acima da média de 15% do S&P 500. A expectativa é que a receita da Oracle com infraestrutura em nuvem, voltada majoritariamente para aplicações de IA, salte dos atuais US$ 18 bilhões para US$ 144 bilhões nos próximos quatro anos.
Jensen Huang, CEO e cofundador da Nvidia, também se destacou, com um aumento de US$ 47 bilhões em sua fortuna, refletindo a alta de 40% nas ações da companhia. Michael Dell viu seus ganhos crescerem em US$ 35 bilhões, impulsionados pelos desempenhos das ações da Dell (39%) e da Broadcom (49%), ambas fornecedoras de componentes essenciais para os data centers dedicados à IA.
Em termos percentuais, os cinco bilionários ligados à CoreWeave figuram entre os que mais aumentaram seu patrimônio. Desde o IPO da empresa de computação em nuvem, as ações saltaram 250%, fazendo a fortuna dos cofundadores Michael Intrator, Brian Venturo, Brannin McBee, Peter Salanki e do investidor Jack Cogen quase triplicarem. Para acelerar a expansão, a CoreWeave levantou US$ 29 bilhões em dívidas, as quais praticamente já estão cobertas por contratos firmados com grandes clientes como Meta, Microsoft e OpenAI.
Outro destaque são Masayoshi Son, do SoftBank, e Arkady Volozh, fundador da Yandex. As fortunas deles cresceram 142% e 166%, respectivamente, neste ano. O SoftBank aportou US$ 40 bilhões na OpenAI, sendo US$ 30 bilhões condicionados à transição da OpenAI para uma empresa com fins lucrativos. Já Volozh está associado à Nebius, que constrói data centers para IA e negocia contratos bilionários – sua empresa firmou recentemente um acordo de US$ 17 bilhões e viu suas ações valorizarem 340%, levando seu ex-diretor de segurança Ivanov a alcançar status bilionário.
Desafios e riscos associados à expansão
Apesar das avaliações elevadas, há debates sobre os riscos disso, especialmente em relação à possibilidade de excesso de capacidade diante de uma demanda futura incerta, à concentração de fornecedores e clientes e à competitividade do setor. A Oracle, por exemplo, acabou emitindo US$ 18 bilhões em dívidas recentemente, sendo que a agência S&P rebaixou sua perspectiva para “negativa” por preocupações sobre fluxo de caixa livre.
Investidores, como a Blackstone, que financiou US$ 7,5 bilhões para a CoreWeave, sinalizam confiança nos contratos firmados, que dificultam desistências antecipadas por parte dos clientes. O CEO da CoreWeave, Michael Intrator, reforça essa segurança afirmando que as empresas pagam suas contas conforme o combinado. Contudo, a OpenAI, maior cliente da CoreWeave, ainda possui reservas financeiras inferiores para cobrir esses contratos de infraestrutura bilionários.
Empresas privadas de IA e suas avaliações astronômicas
A OpenAI, que permanece como uma organização sem fins lucrativos, chegou a ser avaliada em US$ 157 bilhões em outubro de 2024, saltando para US$ 300 bilhões em agosto deste ano e atualmente alcançando US$ 500 bilhões – a maior avaliação já registrada para uma empresa privada. O CEO afirma não ter participação expressiva na companhia, mas sua fortuna inclui investimentos diversos, como US$ 800 milhões na Oklo, que desenvolve energia nuclear para alimentar data centers de IA.
A concorrente Anthropic, com parcerias e investimentos pesados da Amazon e Google, também atingiu avaliação elevada, chegando a US$ 183 bilhões em setembro, contra os US$ 18 bilhões em 2024. Seus sete cofundadores detêm participações estimadas em US$ 3,7 bilhões cada um.
Já laboratórios de pesquisa em IA ainda em estágio inicial, como o Thinking Machines e a Safe Superintelligence, receberam aportes bilionários e apresentam avaliações significativas, na expectativa de desenvolverem a inteligência artificial geral, a chamada “deus-máquina”.
Chris Moon, diretor executivo da DigitalBridge, destaca a questão central desse momento: quem assumirá os riscos residuais dessa tecnologia? A sustentabilidade do setor depende da capacidade dessas empresas de transformar avanços em IA em negócios rentáveis e duradouros, um desafio especialmente para a OpenAI.
Apesar disso, alguns já começaram a retirar lucros: a OpenAI vendeu recentemente ações de funcionários avaliadas em US$ 6,6 bilhões, enquanto bilionários da CoreWeave venderam mais de US$ 1,3 bilhão em ações acumuladas. Jensen Huang, da Nvidia, realiza vendas frequentes de ações.



