Gestor da Vanguard compara bitcoin a um item de coleção digital
A Vanguard, que administra US$ 12 trilhões em ativos, recentemente passou a permitir que seus clientes operem ETFs de criptomoedas, incluindo bitcoin à vista. No entanto, segundo John Ameriks, líder global de ações quantitativas da gestora, sua visão sobre os criptoativos continua não sendo favorável para um investimento de longo prazo.
Ameriks afirmou que o bitcoin deve ser mais visto como um objeto especulativo e colecionável, similar a um brinquedo popular de pelúcia, do que como um ativo que gera renda ou fluxo de caixa. Ele destaca que o token não exibe características típicas de investimentos duradouros.
Durante a conferência ETFs in Depth, realizada em Nova York, Ameriks declarou que, enquanto não houver evidências sólidas de que a tecnologia por trás do bitcoin oferece valor econômico sustentável, é difícil enxergar a criptomoeda como algo além de um “Labubu digital” – nome que remete a um personagem viral em forma de pelúcia.
Essa manifestação ocorre em um momento de queda prolongada no preço do bitcoin, atualmente cotado em torno de US$ 92.000, muito abaixo do pico recente de US$ 126.000. O ativo digital é conhecido por enfrentar ciclos voláteis que podem levar a perdas significativas, seguidas por recuperações totais.
Historicamente, executivos da Vanguard têm sido francos em qualificar as criptomoedas como produtos de alto risco e especulativos. Mesmo com isso, a gestora, que evitava lançar ETFs próprios de cripto, recentemente liberou sua plataforma para negociação de alguns fundos ligados a ativos digitais, dando acesso a seus milhões de investidores à compra e venda desses produtos.
Essa mudança foi motivada, ao menos em parte, pelo desempenho positivo registrado pelos ETFs de criptomoedas desde o lançamento dos primeiros fundos de bitcoin em janeiro de 2024, conforme explicado por Ameriks.
Negociação permitida, mas sem recomendação
De acordo com Ameriks, a Vanguard busca assegurar que os produtos oferecidos cumpram suas promessas e sejam apresentados de forma transparente. A empresa deixa claro que os clientes podem adquirir e manter ETFs de criptomoedas na plataforma, mas sempre exercendo cautela e por decisão própria, já que a gestora não fornece aconselhamento sobre compra, venda ou seleção dessas moedas neste momento.
Um porta-voz da Vanguard comentou que, apesar das ressalvas sobre o bitcoin, a empresa enxergam o potencial da tecnologia blockchain para aprimorar a estrutura dos mercados financeiros.
Ameriks destacou ainda que existem condições nas quais o bitcoin poderia oferecer valor legítimo não especulativo, como em cenários de alta inflação ou instabilidade política. Caso surjam movimentos consistentes de preço nessas situações, pode-se começar a formar uma tese de investimento mais fundamentada sobre o papel do bitcoin em uma carteira.
No entanto, ele reforça que ainda não há um histórico suficientemente robusto para considerar essas hipóteses, motivo pelo qual a cautela permanece grande.
