Brasil Como Peça-Chave Na Produção Global De Fones JBL Gamer

Brasil Como Peça-Chave Na Produção Global De Fones JBL Gamer

O Brasil como peça fundamental na estratégia global da JBL e a produção local de fones de ouvido em Manaus

A operação brasileira da empresa Harman, proprietária da marca JBL, se consolidou como uma referência mundial, destacando-se de forma singular em seu segmento. Pela primeira vez, o Brasil se prepara para fabricar fones de ouvido da marca, especificamente modelos gamer, tornando-se o primeiro país fora da China a produzir esses equipamentos.

A presença da JBL no cotidiano brasileiro é marcante: seja em praias, encontros sociais ou passeios, as caixas de som da marca se tornaram uma constante sonora para muitos. De acordo com a consultoria GfK, a JBL detém impressionantes 83% do mercado de caixas de som portáteis no Brasil, um domínio que não encontra paralelo em nenhum outro mercado global.

Em 2024, o faturamento global da Harman alcançou 56,5 bilhões de reais, impulsionado em parte pela linha de áudio voltada ao consumidor final, segmento no qual o Brasil tem papel protagonista. No país, a Harman opera duas unidades industriais: uma no Rio Grande do Sul, dedicando-se à produção de alto-falantes, e outra em Manaus, responsável pela montagem de alguns dos principais modelos, como a Boombox e a PartyBox, além de atender demandas de sistemas multimídia para fabricantes de automóveis, como a Toyota.

Agora, o Brasil avança um passo importante ao iniciar a produção de fones de ouvido da linha gamer da JBL, começando em 2025 pela montagem do modelo Quantum 100 M2, um fone com fio voltado para jogadores que buscam qualidade sonora apurada e microfone com cancelamento de ruído. Essa decisão exigirá ampliação da planta fabril, contratação de novos colaboradores e o cumprimento de homologações junto à Suframa. Manaus será a única instalação fora da China a fabricar o fone gamer da marca.

Histórico da chegada da JBL ao Brasil

A entrada da Harman no Brasil aconteceu em 2010 com a aquisição da empresa gaúcha Selenium, reconhecida fabricante de alto-falantes sediada na região metropolitana de Porto Alegre. Naquela época, Rodrigo Kniest, atual presidente, já comandava a Selenium.

Segundo Kniest, a Harman valorizou a qualidade da Selenium e a incorporou ao grupo global, enfrentando o desafio de integrar uma companhia familiar a uma estrutura multinacional, o que envolveu mudanças culturais e tecnológicas. A transição da marca ocorreu gradualmente, até que a identidade da Selenium foi completamente substituída pela JBL.

Outra diferença significativa foi a adaptação do portfólio global da JBL para o mercado brasileiro, com a operação nacional ganhando autonomia para testar e validar produtos que se encaixassem melhor no perfil e nas preferências do consumidor do país. Essa estratégia se mostrou eficaz e transformou a operação brasileira em um case de sucesso dentro da Harman.

Além de incorporar produtos do catálogo global, a equipe brasileira também desenvolveu soluções próprias, como sistemas de som para motos e bicicletas, considerados adequados ao público local e atualmente exportados. A linha PartyBox, com caixas de som de alta potência e luzes coloridas, é outro exemplo de inovação liderada no Brasil, que hoje representa mais de 60% do market share mundial nesse segmento.

Expansão e consolidação no mercado nacional

O crescimento da JBL no Brasil acelerou em ritmo intenso nos últimos anos. Atualmente, a Harman conta com mais de 15 mil pontos de venda no país e também possui canais próprios de comércio eletrônico e distribuição. A marca se tornou tão popular que, para muitos, “JBL” é sinônimo de caixa de som Bluetooth.

Esse sucesso brasileiro se reflete na relevância da operação nacional no contexto global da Harman. No segundo trimestre de 2025, a empresa atingiu um faturamento global equivalente a 3,8 trilhões de wons, com crescimento de 12% em relação ao trimestre precedente, e em 2024 acumulou receita de 14,9 trilhões de wons (cerca de 56,5 bilhões de reais), destacando-se o avanço na área de áudio para consumidores.

A fábrica de Manaus, que iniciou suas atividades com cerca de 50 colaboradores, hoje emprega mais de 500 funcionários. Entre os modelos produzidos estão a Boombox 3, a PartyBox Encore e, a partir de 2026, a Boombox 4 e os fones gamer Quantum. Manaus se tornou um polo de inovação e flexibilidade, permitindo montagem ágil, adaptação e lançamento de produtos com vantagens fiscais competitivas.

A escolha de Manaus como centro produtivo é estratégica, já que sua localização na Zona Franca permite oferecer preços competitivos, equiparando-se aos praticados nos Estados Unidos, o que ajuda a combater a concorrência do mercado ilegal e amplia o acesso dos brasileiros aos produtos.

Desafios com a pirataria no Brasil

Apesar do êxito, a Harman enfrenta desafios, sobretudo no combate à pirataria. O presidente da Harman no Brasil reconhece que a empresa sofre constantes cópias ilegais, o que representa uma dificuldade própria do líder de mercado.

A empresa também lida com o chamado descaminho, que consiste na entrada irregular de produtos originais sem o devido pagamento de impostos, o que acarreta prejuízos tanto para consumidores, que adquirem produtos sem garantia, quanto para a sociedade, que perde arrecadação.

Para mitigar esses problemas, a Harman tem cooperação contínua com órgãos governamentais, como a Receita Federal, a Polícia Federal e o Procon, em ações de fiscalização contra práticas ilegais.

Estratégias para crescimento futuro

Mesmo dominando 83% do mercado, a empresa busca expandir seu alcance, aumentando o acesso dos consumidores a diferentes linhas de produto. Conforme explica Kniest, os consumidores normalmente começam com um modelo básico, mas com o tempo tendem a adquirir diferentes produtos para diversas ocasiões, formando uma espécie de coleção da JBL.

A Harman também trabalha para baratear tecnologias premium, tornando-as acessíveis em linhas mais populares. A produção local de fones de ouvido gamer em Manaus é parte desse plano de expansão, com a perspectiva de ampliar futuramente para outras categorias de headphones.

O investimento nessa nova linha incluirá expansão de turnos, ampliação da fábrica e homologação da linha junto à Suframa, reafirmando o compromisso do Brasil como centro estratégico para a marca globalmente.

O CEO destaca que a operação brasileira não é apenas importante, mas também funciona como referência para outras regiões da empresa, evidenciando que essa trajetória de sucesso está apenas começando.

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