Brasil Deve Liderar Cortes na Taxa de Juros em 2026 Citi

Brasil Deve Liderar Cortes na Taxa de Juros em 2026 Citi

Citi projeta que Brasil terá maior redução nas taxas de juros em 2026

De acordo com Leonardo Porto, economista-chefe do banco Citi Brasil, o país deve liderar globalmente os cortes nas taxas de juros no ano de 2026. A previsão foi compartilhada durante o evento “Macro em Perspectiva”, realizado em São Paulo no dia 9 de dezembro de 2025.

Segundo Porto, essa expectativa decorre principalmente do fato de o Brasil ter aumentado sua taxa básica em um momento em que diversas economias pelo mundo estavam diminuindo os juros.

“Pouquíssimas nações deverão cortar suas taxas, e o Brasil certamente será aquele com o maior corte mundial, porque aumentou seus juros enquanto o restante do mundo estava numa fase de reduções”, explicou o economista.

Resiliência da economia mundial em 2025 supera previsões

Porto também destacou que a economia global mostrou uma performance mais resistente do que o esperado ao longo de 2025. O Citi revisou para cima suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, que agora estimam expansão de 2,8% neste ano e de 2,7% em 2026. Estados Unidos e China foram apontados como os principais impulsionadores desse avanço.

Um dos elementos que sustentam essa força econômica é a predominância do crescimento do setor de serviços acima da indústria. Por ser intensivo em mão de obra, esse segmento estimula a criação de empregos, aquece o mercado de trabalho e, consequentemente, aumenta a renda, o que ajuda a explicar também a robustez da economia brasileira, mesmo após um período de juros elevados.

“É comum atribuir a resiliência da economia brasileira ao ajuste fiscal. Embora este seja um fator importante, ele por si só não explica tudo, pois vemos fenômenos semelhantes em outras partes do mundo”, acrescentou o economista.

Efeitos das tarifas e perspectivas para cortes de juros globais

Sobre as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos no último ano, Leonardo Porto indicou que houve certa pressão inflacionária, porém de magnitude limitada. Frente a esse cenário, o Citi prevê que o Federal Reserve (Fed) dos EUA iniciará o ciclo de cortes nas taxas de juros até março de 2026.

No Brasil, o cenário de inflação tem apresentado melhora clara, conforme refletem diversos indicadores e a estabilidade nas expectativas do mercado. O banco projeta que o ciclo de redução da taxa Selic deverá começar já em janeiro do próximo ano.

Porto também mencionou o comportamento da inflação de serviços, que é particularmente sensível ao desempenho do mercado de trabalho. Ela aparenta ter superado uma fase de alta constante e entrou em uma trajetória mais estável, embora ainda em níveis elevados, por volta de 6%, o que permanece acima da meta de 3% fixada pelo Banco Central.

Possível bolha no setor de inteligência artificial?

Eduardo Miszputen, chefe dos mercados globais do Citi, comentou as preocupações acerca de uma possível bolha no segmento tecnológico, especialmente em companhias focadas em inteligência artificial. Ele observou que os preços das ações vêm subindo, e o indicador preço sobre lucro (“P/E ratio”) está acima do que muitos especialistas consideram fundamentado.

“Os ativos seguem valorizados e alguns analistas acreditam que as avaliações estão esticadas. Poderia ocorrer algum ajuste, mas é difícil prever exatamente quando ou se isso se concretizará em 2026”, analisou Miszputen.

Perspectivas para a bolsa de valores brasileira

O executivo também abordou o desempenho da bolsa brasileira, que apresentou forte alta ao longo de 2025 e ainda é considerada acessível analisando a precificação das empresas individualmente. Para o Citi, há potencial para valorização adicional do mercado acionário no Brasil.

“É possível que a bolsa atinja níveis como 180 mil ou 200 mil pontos, embora seja complexo prever com exatidão. Esse avanço depende muito do ambiente macroeconômico, dos riscos eleitorais e das percepções que investidores locais e estrangeiros têm quanto ao ativo”, declarou.

Miszputen complementou indicando que a participação de investidores domésticos na bolsa permanece baixa, um tema que não deve passar por mudanças significativas em 2026, especialmente porque a atratividade da renda fixa e do crédito segue alta enquanto as taxas de juros permanecerem elevadas.

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