Chip Cerebral Para Restaurar Fala Recebe Autorização Para Testes

Chip Cerebral Para Restaurar Fala Recebe Autorização Para Testes

Chip cerebral para restaurar a fala recebe autorização para testes em humanos

A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana de alimentos e medicamentos, concedeu permissão para o início dos testes em humanos de um chip cerebral desenvolvido pela empresa Paradromics, com o objetivo de restaurar a capacidade de fala.

Denominado Connexus, este dispositivo é uma interface cérebro-computador (BCI) feita especificamente para aplicações médicas de longo prazo e projetada para processar grandes volumes de dados neurais.

Segundo informações do site New Atlas, a tecnologia pretende auxiliar pessoas com paralisia a se comunicarem por meio de voz sintetizada, textos ou pelo controle de dispositivos eletrônicos.

A Paradromics garante que o Connexus é a primeira BCI totalmente implantável que oferece uma alta taxa de transmissão de dados, com desempenho elevado para que o usuário consiga expressar seus pensamentos, captando sinais cerebrais relacionados à fala e convertendo-os em linguagem inteligível, sem a necessidade de movimentos físicos.

Detalhes sobre o funcionamento do ensaio clínico

O Connexus é confeccionado com materiais de grau médico, com uma estrutura de titânio associada a mais de 400 eletrodos de platina-irídio. Cada eletrodo, medindo cerca de 40 micrômetros de espessura — portanto mais fino que um fio de cabelo — será colocado próximo aos neurônios para captar uma grande quantidade de sinais no córtex motor.

O chip será implantado por meio de uma cirurgia que envolve o cérebro e o tórax do paciente. A interface possui três componentes principais: um módulo cortical inserido sob o crânio, um cabo subcutâneo de extensão e um transceptor colocado no tórax. Este transceptor externo interage com o sistema via conexão óptica, recebendo energia através de carregamento indutivo, semelhante ao sistema de recarga sem fio dos smartphones.

Os sinais captados são enviados a um computador portátil dotado de modelos avançados de linguagem e inteligência artificial. O sistema interpreta a atividade neural, convertendo os padrões detectados em texto exibido em tela, fala sintetizada e inclusive permite o controle de dispositivos digitais.

Primeira fase dos testes

Os testes iniciais serão realizados com apenas dois voluntários, que receberão o implante de 7,5 milímetros, inserido 1,5 milímetros dentro do cérebro. Os eletrodos ficarão posicionados na região responsável pelo controle dos movimentos dos lábios, da língua e da laringe.

Durante o estudo, os participantes irão imaginar frases, e o dispositivo vai analisar os padrões neurais relacionados aos sons que desejam articular. Gravações anteriores da voz dos voluntários serão utilizadas para desenvolver uma voz sintética personalizada para cada um.

De acordo com pesquisa publicada na revista científica Nature, essa será a primeira vez que uma BCI tenta gerar fala sintetizada em tempo real a partir de sinais diretamente captados do cérebro. O estudo também examinará a capacidade do chip em reconhecer movimentos imaginados das mãos, possibilitando que o paciente mova o cursor de um computador.

Se os resultados iniciais forem positivos, o estudo clínico será expandido para até 10 participantes. Em um segundo momento, dois voluntários poderão receber a implantação simultânea de dois dispositivos, aumentando a quantidade de sinais neurais coletados.

A Paradromics, empresa sediada em Austin, Texas, tem se destacado pelo desenvolvimento de dispositivos neurais. Ela foi a primeira startup a obter uma autorização de Investigational Device Exemption (IDE) para testar uma BCI totalmente implantável com foco na restauração da fala.

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