Decisão do Copom reforça previsão de início do ciclo de redução de juros somente em 2026
A última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em manter a taxa básica de juros em 15% ao ano confirma a expectativa de que os cortes na Selic devem começar apenas no ano de 2026, afirmam economistas consultados. O Banco Central manteve a mesma linha de comunicação adotada na reunião anterior, sem indicar abertura para acelerar a redução dos juros no curto prazo.
De acordo com Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter, o tom do Copom segue firme, sem demonstrar espaço para discussão acerca de cortes iminentes, mesmo diante da melhora no cenário externo, como a diminuição das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) e a valorização recente do câmbio.
A especialista acrescenta que o Comitê avaliou que o mercado de trabalho continua aquecido, enquanto a economia exibe uma desaceleração moderada do crescimento, com indicadores oficiais recentes apontando para a menor taxa de desemprego já registrada no Brasil e um Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre com ritmo de crescimento menor em comparação aos meses anteriores.
Cesse cenário sugere que o Copom manterá o atual nível da Selic por mais tempo, priorizando a estabilidade da inflação antes de iniciar a redução da taxa básica de juros. A previsão de que cortes efetivos acontecerão somente a partir de 2026 ganha força, em meio às condições econômicas observadas.
Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, reforça que o Banco Central adotou um perfil conservador na sua comunicação, reconhecendo sutilmente a melhoria do ambiente econômico, porém sem abandonar a postura cautelosa. Para ele, o BC sinalizou que manterá a política de juros em um patamar contracionista por um período estendido, disposto a retomar ações de ajuste caso seja necessário.
Segundo Cardoso, o comunicado emitido não altera a previsão interna do banco, que projeta o início do ciclo de cortes para o começo de 2026, possivelmente em janeiro. Ele também observa que o Fed já ter iniciado a reversão do ciclo de alta de juros pode auxiliar o Banco Central brasileiro a alcançar um patamar inflacionário mais confortável, ainda que o impacto seja parcialmente limitado pelo foco do Fed em itens voláteis da economia.
Revisões sutis na comunicação do Banco Central
Um relatório da Warren Rena identificou pequenos ajustes na mensagem do Banco Central, em que foi retirada a referência a uma possível “continuação da interrupção” do ciclo de aperto monetário. O Banco Central agora assume que o ciclo de alta das taxas deve ter chegado ao fim, mas mantém a avaliação de que será necessário observar se a manutenção atual por tempo prolongado será suficiente para garantir a convergência da inflação.
Os economistas do relatório destacam que o comunicado reduz a expectativa de cortes na Selic ainda em 2025, especialmente pela manutenção do trecho que indica que o Copom não hesitará em retomar a política de ajustes caso considere necessário.
Contexto econômico atual
O cenário econômico doméstico mostra o mercado de trabalho aquecido, com a taxa de desemprego alcançando níveis históricos baixos. Por outro lado, o crescimento econômico tem desacelerado, conforme indicam os dados do PIB do segundo trimestre. Esses fatores, combinados com o ambiente externo, orientam a postura conservadora do Banco Central em relação à política monetária.
A continuidade da taxa Selic em patamar elevado busca controlar as expectativas inflacionárias e assegurar a estabilidade de preços, evitando pressões prematuras para redução dos juros que poderiam desalinhar o combate à inflação.



