Como aumentar a produção de café? Conheça 11 cultivares que podem dobrar a colheita de arábica
Uma pesquisa realizada no Espírito Santo revelou 11 cultivares de café arábica que se destacam pela alta qualidade, maior produtividade e resistência reforçada contra pragas. Com o uso dessas variedades, agricultores podem potencialmente dobrar o rendimento das suas plantações.
O estudo detalhou ainda o desempenho de cada cultivar e método de cultivo sob diferentes condições ambientais, como tipos de solo, altitudes variadas e climas diversos. Essa investigação foi conduzida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e está disponível gratuitamente para consulta.
O que são cultivares e como funcionam?
O termo “cultivares” se refere às variedades de plantas selecionadas por agricultores a partir da reprodução de pés que apresentam características desejáveis como alta produtividade ou resistência a doenças. Esse processo assegura que as novas plantas herdem as qualidades do exemplar original, formando uma espécie com um “sobrenome” distinto.
Por exemplo, a cultivar Catucaí 785-15 (Sel. CAK) – que amadurece precocemente, é resistente à ferrugem e produz frutos vermelhos – foi uma das 11 variedades avaliadas durante um período de seis anos no estudo.
Resultados práticos no campo
A pesquisa envolveu 13 áreas experimentais, realizadas em colaboração com produtores locais das regiões Noroeste, Serrana e Caparaó do Espírito Santo. As cultivares foram testadas em diferentes altitudes e exposições solares para avaliar seu comportamento em diversos ambientes.
Conforme o pesquisador do Incaper, César Abel Krholing, este método possibilitou analisar, na prática, as respostas de cada cultivar nos distintos contextos, incluindo áreas onde havia incidência de nematoides e café já cultivado.
“Trabalhamos em áreas destinadas à renovação das plantações, observando desde cultivares tradicionais, como o Catuaí, altamente vulnerável à ferrugem, até variedades modernas como o Arara, que não apresentou sinais da doença, destacando a resistência de alguns materiais genéticos,” explicou o pesquisador.
Com base nos comportamentos observados, foi elaborada uma cartilha indicando as 11 cultivares que se destacaram e que podem contribuir significativamente para os agricultores. O estudo também considerou além da resistência a doenças, o período de maturação (precoce, médio ou tardio), tamanho do grão e produtividade obtida.
Em algumas situações, a produção ultrapassou 50 sacas por hectare, o que poderia elevar a produção no Espírito Santo de 3,5 milhões para 7 milhões de sacas de café – praticamente dobrando o rendimento atual.
Produtividade e qualidade do café nas lavouras
Um dos agricultores envolvidos, Fabiano Avanci, de Venda Nova do Imigrante, disponibilizou parte de sua lavoura para os experimentos e já manteve a decisão de renovar áreas utilizando as cultivares estudadas.
“Na colheita inicial, alcançamos cerca de quatro litros por planta. Estamos otimistas e esperamos dobrar esse volume na próxima safra,” afirmou Fabiano.
Além da produção, a qualidade do café também foi avaliada. As amostras passaram por processos semelhantes aos usados para cafés especiais e foram analisadas no Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo (Cecafes). O pesquisador David Viçosi destacou que os resultados superaram as expectativas, principalmente pela obtenção de grãos maiores e classificação acima da média estadual.
Cultivares já existentes validadas para o futuro
Embora as cultivares estudadas não sejam novas, muitas vezes sua utilização era limitada por falta de comprovação técnica. Com esta pesquisa, o Espírito Santo passou a contar com uma base técnica sólida para aumentar a produtividade, distribuir adequadamente o período de colheita ao longo do ano e garantir a qualidade do café produzido.
Para os interessados, a cartilha intitulada “Café Arábica: Cultivares Validadas para o Espírito Santo” está disponível para download gratuito no site do Incaper. O acesso se dá por meio deste link. Usuários de computador precisarão salvar o arquivo em formato PDF, enquanto dispositivos móveis abrem automaticamente o conteúdo em uma nova página.
