Como evitar os três erros mais comuns ao investir em ações de empresas de inteligência artificial
A inteligência artificial (IA) é uma das maiores tendências no mercado financeiro de Wall Street em 2025, despertando entusiasmo semelhante ao ocorrido no auge das empresas pontocom no final dos anos 90. Assim como a internet foi um marco revolucionário comparável a invenções como o fogo e a roda, investidores agora questionam se a IA terá um impacto do mesmo porte. A resposta definitiva, porém, ainda está por vir.
No entanto, na busca pela próxima ação promissora, muitos investidores repetem erros clássicos que, historicamente, resultaram em perdas significativas. Apesar de a revolução da IA ser realmente um avanço concreto, obter sucesso ao investir nesse setor exige disciplina, paciência, planejamento de risco e análise criteriosa dos fundamentos. Vale lembrar que a maioria das empresas pontocom não existe mais atualmente, assim como outras grandes inovações tecnológicas sofreram transformações e desfechos variados.
Erro 1: Seguir o hype sem fundamentação
A fascinação pela “próxima grande empresa” é muito forte e leva até investidores experientes a tomarem decisões guiadas pelas emoções em vez de por análises lógicas. Um erro comum é acreditar que “desta vez será diferente”, comprando ações após grandes altas e entrando em uma corrida motivada pela empolgação. É essencial ter um plano sólido, saber gerenciar os riscos e lembrar que os movimentos das ações são basicamente os mesmos, independente do setor: elas podem subir, cair ou ficar estáveis.
Mesmo empresas consolidadas que superaram as bolhas do passado passaram por oscilações severas que provocaram perdas para investidores. O entusiasmo gerado pela IA, com suas promessas ousadas e histórias de startups e gigantes tecnológicos investindo pesado para criar sistemas que “pensam como humanos”, pode ser enganoso.
Problemas comuns incluem companhias iniciantes com receitas pequenas ou negativos e avaliações infladas. Esse cenário repete o ciclo das pontocom, quando empresas sem fluxo de caixa consistente atraíram bilhões, mas a bolha estourou e derrubou a maioria delas.
Lições do passado e importância dos fundamentos
A lição histórica mostra que, apesar de alguns vencedores surgirem para dominar o mercado, muitas empresas ligadas à IA podem perder relevância ou falir. Dessa forma, métricas tradicionais como fluxo de caixa, balanço saudável e demanda real pelo produto são fundamentais para decisões acertadas. Exemplos como a NVIDIA, que já apresenta lucros consistentes e se beneficia da crescente demanda por chips para IA, ilustram como uma base sólida faz toda diferença.
Erro 2: Concentrar investimento em poucas ações
A tentação de apostar pesado em uma ou duas empresas que lideram o setor da IA é bastante comum, porém arriscada. O exemplo da NVIDIA é emblemático: seu crescimento acelerado e centralidade na cadeia produtiva fizeram dela uma das ações com melhor desempenho na última década. Contudo, alocar uma fatia desproporcional do portfólio nessa única ação pode levar grandes perdas caso o mercado sofra correções.
Situações semelhantes ocorreram em ciclos anteriores, como no auge das pontocom ou durante a revolução dos smartphones. Investidores que compraram a preços elevados, mesmo de grandes empresas, sofreram perdas significativas. Assim, a diversificação é um dos princípios essenciais para controlar riscos.
Erro 3: Desconsiderar ciclos econômicos e avaliações excessivas
O mito de que o crescimento nunca termina e a crença de que “desta vez é diferente” podem levar investidores a avaliações precipitadas dos preços das ações. Em 2023 e 2024, o entusiasmo com a IA impulsionou fortes altas em algumas ações, levando à crença de que as avaliações elevadas eram justificadas pela transformação tecnológica em curso.
No entanto, independentemente do potencial disruptivo, o crescimento desacelera e ajustes nas expectativas são normais. Até mesmo líderes do setor enfrentam ciclos de lucro, regulação e concorrência. A crença na continuidade indefinida do crescimento ignora a dinâmica dos mercados.
Importância da disciplina na avaliação
Investir pagando de 100 a 400 vezes os lucros significa apostar que o crescimento acelerado continuará sem margem para erros. Mesmo pequenas desacelerações podem provocar quedas acentuadas dos preços. Isso se viu em companhias como a Tesla, cuja valorização foi influenciada por narrativas futuristas, mas também sofreu correções significativas diante de concorrência e desempenho abaixo do esperado.
Além disso, a liquidez disponível, a taxa de juros e o clima do mercado impactam diretamente as ações de IA, que prosperam em ambientes de capital abundante e juros baixos. Ignorar este contexto pode causar surpresas negativas mais fortes que o previsto.
Orientações para investir em ações de IA
A inteligência artificial possui um alcance único, influenciando setores diversos como saúde, finanças, defesa e entretenimento. Entretanto, os comportamentos dos investidores continuam suscetíveis aos mesmos erros do passado.
Para evitar armadilhas no investimento em IA, é recomendável:
- Priorizar empresas com fundamentos robustos, separando o entusiasmo das avaliações sólidas; lucratividade e barreiras competitivas definem segurança.
- Diversificar os investimentos para não concentrar riscos em uma única ação que esteja em evidência.
- Considerar os ciclos econômicos e reconhecer que correções são naturais e esperadas, o que exige paciência e gerenciamento do risco.
- Manter flexibilidade, entendendo que os atuais líderes podem perder protagonismo para novas empresas ou mudanças regulatórias.
- Avaliar o entusiasmo em relação ao risco real, distinguindo entre manchetes motivadoras e vantagens competitivas duradouras.



