Como Milei Perdeu Mercados Mas Ganhou Apoio de Trump

Como Milei Perdeu Mercados Mas Ganhou Apoio de Trump

Como Milei perdeu a confiança dos mercados, mas achou apoios no governo Trump

Na última terça-feira, o presidente dos Estados Unidos declarou seu suporte à reeleição do argentino Javier Milei.

Há cerca de seis meses, Scott Bessent, secretário do Tesouro norte-americano, esteve em Buenos Aires elogiando o presidente argentino por “resgatar o país do abismo”, garantindo assim um pacote superior a US$ 40 bilhões em financiamentos do FMI e de outras instituições internacionais para fortalecer a gestão de Milei.

No entanto, após os recentes resultados desfavoráveis nas eleições da capital argentina e os problemas econômicos que têm gerado dúvida nos investidores, o governo Trump se prepara para novamente auxiliar seu parceiro sul-americano.

Bessent anunciou na segunda-feira que Washington está “pronto para agir de todas as maneiras necessárias” para apoiar a Argentina, dizendo que “todas as alternativas de estabilização estão sendo consideradas”, informação divulgada pelo Financial Times.

Cortes severos e desafios econômicos

Milei foi eleito prometendo cortes expressivos nos gastos públicos para equilibrar as contas do país. Em relação à inflação, os números mudaram drasticamente: de 289% em abril do ano anterior para 34% em agosto deste ano.

Especialistas apontam que a estratégia do presidente de manter a inflação baixa a qualquer custo, sustentando artificialmente o valor do peso, acabou prejudicando o crescimento econômico e impossibilitando o acúmulo necessário de reservas em dólares para saldar a dívida externa argentina.

O golpe político ocorreu em 7 de setembro, quando as forças aliadas a Milei sofreram uma derrota significativa nas eleições locais na província de Buenos Aires, que concentra mais de um terço do eleitorado do país e é um indicador importante para as eleições legislativas nacionais marcadas para outubro.

Instabilidade e escândalos no governo

Antes da derrota eleitoral, os mercados já demonstravam nervosismo pelo envolvimento da irmã de Milei, Karina – sua chefe de gabinete – em escândalos de corrupção, além de medidas desfavoráveis como o aumento da taxa de juros que impactaram negativamente o crescimento do PIB.

Em duas semanas, o peso sofreu uma desvalorização próxima de 10%, alcançando o limite inferior da banda cambial estabelecida em abril, após o relaxamento dos controles cambiais por Milei coincidir com um empréstimo de US$ 20 bilhões concedido pelo FMI.

O Financial Times relatou que investidores passaram a temer que o governo abandonasse a política cambial fixa e permitisse a desvalorização da moeda, o que aumentaria a demanda por dólares e aceleraria a fuga da moeda local. O Banco Central argentino precisou gastar US$ 1,1 bilhão em apenas três dias na última semana para conter a queda do peso.

Essa postura desagradou os detentores de títulos da dívida argentina, que enxergaram um risco de que o governo “queimasse” suas limitadas reservas em moeda estrangeira, as quais deveriam ser usadas para o pagamento da dívida, resultando em queda dos preços dos papéis.

Urgência do FMI e esperanças de apoio

O FMI já havia emitido um alerta em julho, informando que as reservas do país estavam negativas em mais de US$ 6 bilhões, após o descumprimento de várias metas acordadas anteriormente.

Na segunda-feira, Milei obteve algum alívio com a declaração de Bessent, que acalmou os mercados temporariamente. O presidente argentino anunciou a suspensão temporária dos impostos sobre as exportações agrícolas para estimular os produtores a vender suprimentos estocados, aumentando assim a liquidez em dólares para o Banco Central.

Segundo o Financial Times, o Fundo de Estabilização Cambial dos EUA, mencionado por Bessent como possível fonte de auxílio para Buenos Aires, possui mais de US$ 200 bilhões em ativos, embora o acesso a essa verba não seja imediato, exigindo negociações diplomáticas adicionais por parte do governo argentino.

Trump apoia Milei e critica antecessor

Na terça-feira, Donald Trump expressou seu apoio à candidatura de Milei para uma nova gestão, que está prevista para durar até 2027.

Trump descreveu Milei como um líder “verdadeiramente excepcional”, capaz de avançar rapidamente em diversas frentes pelo bem do povo argentino.

Na mesma declaração, criticou o ex-presidente Alberto Fernández, antecessor de Milei, afirmando que ele deixou um cenário de “desordem total” ao entregar o governo ao atual mandatário.

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