Como os Ultrarricos Investem em Privacidade Extrema para Luxo

Como os Ultrarricos Investem em Privacidade Extrema para Luxo

Como os ultrarricos investem fortunas para garantir privacidade extrema

Em cidades como Miami, os indivíduos com enormes fortunas buscam cada vez mais ambientes reservados, pagando valores substanciais para escapar das incômodas situações do convívio público.

Recentemente, os empresários Masoud e Stephanie Shojaee foram jantar na área exclusiva para sócios do restaurante MILA, em Miami Beach, onde foram recepcionados com seus drinks favoritos e utensílios personalizados com seus nomes.

Em uma viagem de trabalho a Dubai, os Shojaee desembarcaram em seu jato Bombardier Global e logo embarcaram em um Maybach de luxo, que os conduziu diretamente a um hotel sofisticado. Eles tiveram acesso por uma entrada privada que evitava o lobby, e foram levados por elevador exclusivo para a Royal Suite, recebidos por um funcionário que cuidou do check-in e apresentou o mordomo responsável.

Masoud Shojaee, CEO de 65 anos do Shoma Group, que atua em empreendimentos residenciais e comerciais, afirma que, para ele, o conceito de luxo atualmente está associado a economizar tempo, ter eficiência e receber serviços personalizados.

Os indivíduos com fortunas gigantescas utilizam suas posses cada vez maiores para transitar por ambientes restritos, nos quais não enfrentam filas, não se misturam com multidões em aeroportos e evitam perder tempo no trânsito.

Esse universo conta com uma rede exclusiva de restaurantes, clubes, hotéis e prestadores de serviço que garantem experiências sob medida, rápidas e de alta qualidade. Os espaços são privados, criteriosamente escolhidos e frequentados por pessoas com perfil semelhante e de elevado poder aquisitivo.

O patrimônio dos ultrarricos tem crescido expressivamente. De acordo com dados do Federal Reserve Bank de St. Louis, o total acumulado pelas famílias que formam o 0,1% mais rico dos Estados Unidos chegou a US$ 23,3 trilhões no segundo trimestre de 2025, um avanço considerável em relação aos US$ 10,7 trilhões registrados dez anos antes. Já os 50% com menor renda passaram de US$ 900 bilhões para US$ 4,2 trilhões no mesmo intervalo.

Miami exemplifica bem esse cenário. Conhecida há tempos como um ponto de encontro para milionários do Nordeste dos EUA, Europa e América Latina, a cidade tornou-se ainda mais atrativa recentemente, impulsionada pela migração pós-pandemia e seu papel emergente como centro de tecnologia e finanças.

Patrick Dwyer, diretor-gerente da NewEdge Wealth em Miami, destaca que a criação de riqueza explodiu e que agora os novos milionários podem viver conforme desejam.

Essa nova economia de serviços possibilita que os ricos evitem contato com o público geral. Por exemplo, na Bentley Residences, em construção em Sunny Isles Beach, ao norte de Miami, haverá elevadores especiais para transportar os carros diretamente às residências, eliminando a necessidade de manobristas ou recepções comuns.

As unidades terão preços iniciais de US$ 6 milhões e incluirão piscinas privativas nas varandas. O restaurante do condomínio será restrito aos moradores e contará com cabines em formato de “C” para garantir privacidade durante as refeições, evitando visibilidade entre os convidados.

Gil Dezer, presidente da Dezer Development, que criou esse sistema de elevador para carros – apelidado de “Dezervator” – afirma que o luxo supremo está na privacidade.

Ele relata ter experiência pessoal da exclusividade, mencionando uma viagem a Belize em que, após voar em seu jatinho Gulfstream, seguiu de helicóptero para um resort isolado em uma ilha privativa com apenas sete vilas independentes, cada uma com piscina e píer próprios. Lá, ele aproveitou momentos tranquilos ao lado da praia, com serviço de mordomo à disposição.

Em sua festa de aniversário de 50 anos, ele organizou um evento particular na praia em frente à sua casa, com apresentações de artistas renomados como Fat Joe e El Alfa, transformando o evento em um momento totalmente reservado, longe do público comum.

Além disso, existem locais como o Centner Wellness, um centro holístico de alto padrão em Miami, onde clientes muito ricos alugam as instalações por inteiro para exclusividade durante vários dias. Recentemente, uma família de cerca de dez pessoas pagou US$ 150 mil para experiências personalizadas que incluíram terapias como limpeza sanguínea, rejuvenescimento celular e estimulação magnética transcraniana, com atenção e conforto máximos durante a estadia.

Quando resolvem socializar, os ultrarricos preferem círculos sociais cuidadosamente selecionados e restritos. O Faena Rose, um clube social privado em Miami Beach focado em arte e cultura, seleciona seus membros por meio de um comitê, cobrando uma taxa de adesão de US$ 15 mil mais US$ 15 mil anuais. Os integrantes usufruem de acessos exclusivos ao beach club, spa e outras comodidades do hotel Faena Miami Beach, além de participação em cerca de 80 eventos culturais privados ao longo do ano, incluindo apresentações de dança do grupo Alvin Ailey e recitais da Metropolitan Opera.

Para Pablo De Ritis, presidente do Faena Rose, esse acesso vip é altamente desejado.

Outra tendência são os clubes de jantares privados, que combinam alta gastronomia, atendimento personalizado e garantia de mesa para os membros a qualquer momento. O ZZ’s Club, em Miami, do qual Gil Dezer é associado, possui restaurante japonês, bar esportivo e terraço para charutos. Com 48 horas de antecipação, um “concierge culinário” organiza qualquer tipo de refeição desejada, desde um menu com 12 pratos e caviar até recriações de jantares especiais, como o de lua de mel.

Jeff Zalaznick, cofundador do Major Food Group, dono do ZZ’s, destaca que um serviço realmente de alto nível é aquele que torna tudo fluido, personalizado e exige poucas solicitações do cliente.

Os Shojaee frequentam o MILA MM, um clube reservado para membros, onde podem desfrutar de momentos a dois ou com amigos sem a interferência de multidões. Stephanie, que também participa do reality show “The Real Housewives of Miami”, costuma acompanhar eventos seletos, como a Paris Fashion Week, onde recentemente conheceu membros de uma das famílias mais ricas de Mônaco, com quem depois jantou em Paris.

Segundo ela, esses ambientes promovem conversas mais seguras e profundas por reunir pessoas com perfis semelhantes.

A seleção se estende até as compras do casal. Eles evitam shoppings sofisticados e, ao invés disso, recebem periodicamente malas e cabides com roupas de marcas exclusivas, sempre com acompanhamento de costureiras para ajustes sob medida.

Especialistas do setor ressaltam que as viagens, sempre fundamentais na rotina dos muito ricos, agora priorizam ainda mais a privacidade, a eficiência e a personalização. Lauren Beall, proprietária da agência Travel Couture em Miami Beach, organiza roteiros que incluem ilhas inteiras em exclusividade, chefs estrelados, instrutores de ioga e performances de alto nível para os clientes mais abastados.

Um dos desejos mais buscados é a estadia em uma suíte localizada acima da loja Christian Dior, em Paris, onde é possível comprar após o expediente e desfrutar de jantar privado no restaurante Monsieur Dior. Outra opção é uma propriedade na Escócia com chef exclusivo, cavalos para passeios na região e helicóptero para explorar cidades próximas.

Para Lauren Beall, vivemos a era do acesso totalmente exclusivo, algo que a grande maioria não pode alcançar e cujo preço é muito elevado.

Texto traduzido do inglês por InvestNews.

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