Correios suspendem pedido de empréstimo de R$ 20 bilhões após veto do Tesouro
A direção dos Correios decidiu interromper nesta terça-feira, 2 de dezembro, as negociações relacionadas à contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a um consórcio bancário, motivada pelos altos custos da operação. Inicialmente, a notícia foi divulgada pelo G1 e depois confirmada pela EXAME.
Este montante foi apontado pela empresa como fundamental para manter a liquidez no curto prazo, conforme consta no plano de reestruturação da estatal.
Imposição do Tesouro limita taxa de juros como condição para garantia
O Ministério da Fazenda comunicou à liderança dos Correios que o Tesouro Nacional se recusaria a conceder a garantia para o financiamento caso a taxa de juros ultrapassasse 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), índice que representa a taxa média diária de empréstimos entre instituições financeiras. Este percentual funciona como o limite máximo aceito para essas situações pelo Tesouro.
Por sua vez, a proposta inicial apresentada pelos bancos indicava uma taxa próxima a 136% do CDI, considerada elevada, especialmente para operações que contassem com a garantia da União, que normalmente não excedem 120%.
Diante deste veto, os Correios estão avaliando outras alternativas, mantendo o diálogo com as instituições financeiras que ofereceram o crédito.
O consórcio de bancos contempla cinco integrantes: BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), Citibank, Banco do Brasil, Safra e ABC Brasil.
Plano de reestruturação e situação financeira da estatal
No sábado anterior, logo após o Conselho de Administração aprovar o pedido de empréstimo, a empresa informou aos seus colaboradores que as condições financeiras da operação ainda estavam sendo debatidas com as instituições bancárias. Agora, a nova gestão dos Correios deverá buscar opções viáveis e renegociar os termos, acreditando que a garantia do governo federal reduziria consideravelmente os riscos da operação.
Para os Correios, o empréstimo de R$ 20 bilhões é vital para restaurar o equilíbrio financeiro, regularizar débitos em atraso e dar prosseguimento a um plano de reestruturação que vise o retorno ao lucro já em 2027.
Até setembro de 2025, a companhia acumulou prejuízos que somaram R$ 6,05 bilhões, quase três vezes superior ao registrado no mesmo período do ano anterior.
Sem o programa de recuperação, as projeções internas indicam uma perda de R$ 10 bilhões para este ano e R$ 23 bilhões para 2026. Estas estimativas consideram a queda de receitas, o aumento dos custos e a diminuição da participação dos Correios no mercado de encomendas, que despencou de 51% para 25%.
Medidas previstas no plano de recuperação
O plano de reestruturação inclui a implementação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV), com adesão prevista de 10 mil funcionários, a venda de imóveis desocupados que podem gerar até R$ 1,5 bilhão em receitas, e a redução da rede de atendimento, eliminando cerca de mil pontos deficitários.
Também está prevista a diminuição do déficit do Postal Saúde, o plano de saúde dos empregados, que atualmente é custeado integralmente pelos Correios.
Estas ações fazem parte dos esforços para estabilizar a estatal e assegurar a sustentabilidade financeira no médio prazo.



