Desemprego Na Argentina Cai Mesmo Em Meio À Crise Cambial

Desemprego Na Argentina Cai Mesmo Em Meio À Crise Cambial

Desemprego na Argentina diminui em meio à crise cambial e traz alívio para economia e governo de Milei

A taxa de desemprego na Argentina apresentou queda no segundo trimestre, mesmo diante de uma ligeira retração da atividade econômica geral. Essa redução oferece um respiro para os trabalhadores e para o presidente Javier Milei, que enfrenta uma série de desafios crescentes.

Segundo dados oficiais divulgados nesta quinta-feira, o desemprego no mercado formal argentino recuou para 7,6% entre abril e junho, em comparação aos 7,9% registrados no trimestre anterior. Embora o índice tenha permanecido estável em relação ao ano anterior, o Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu-se no trimestre, contrariando a expectativa de um leve crescimento feita por analistas.

Empregos formais e informais no mercado de trabalho

Apesar da melhora no desemprego formal, o mercado argentino mostra uma crescente informalidade. Foram criados 178 mil empregos informais no segundo trimestre, enquanto apenas 45 mil vagas formais foram adicionadas, revelando um desequilíbrio preocupante na composição do emprego.

Impacto político e desafio cambial para Milei

Essa queda no desemprego pode ser uma notícia positiva para o presidente Milei, sobretudo a menos de um mês das eleições de meio de mandato, nas quais busca ampliar sua influência no congresso para avançar com reformas econômicas pró-mercado. No entanto, Milei sofre com crescente desaprovação, que atingiu um novo ápice em setembro após seu partido sofrer uma derrota significativa na província de Buenos Aires.

Os mercados responderam negativamente a essa perda política, resultando em um movimento de venda de títulos argentinos e da moeda local. A situação agravou-se na quarta-feira, quando o Banco Central precisou intervir no mercado cambial para defender o peso, que atingiu o limite superior da faixa de câmbio estipulada pelo governo no acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na quinta-feira, nova ação do Banco Central injetou US$ 379 milhões para conter a valorização do dólar, totalizando US$ 432 milhões em dois dias de intervenções. Estimativas indicam que as reservas líquidas do Banco Central da Argentina estejam atualmente em torno de US$ 6 bilhões.

Mercado de trabalho ainda enfrenta consequências das medidas de austeridade

Embora o desemprego tenha diminuído, o mercado formal de trabalho privado ainda não se recuperou das perdas sofridas com as duras medidas de austeridade adotadas no início do governo Milei. Dados trabalhistas indicam que o setor ainda tem cerca de 101 mil empregos a menos — o que representa aproximadamente 2% do total — desde que o presidente assumiu.

Setores como manufatura e construção são os mais impactados, apresentando as maiores reduções em vagas formais, conforme informações oficiais até junho.

Deterioração econômica e efeitos sobre a popularidade do presidente

A necessidade de intervenção no mercado cambial representa mais um revés para Javier Milei, que vive um declínio na aprovação popular e enfrenta indicadores econômicos desfavoráveis, como a retração de 0,1% do PIB no último trimestre, divulgada recentemente.

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