Duralex: A História Dos Pratos Inquebráveis E Seu Legado

Duralex: A História Dos Pratos Inquebráveis E Seu Legado

Duralex: o que ocorreu com a marca dos pratos “inquebráveis”

A famosa linha âmbar, de tom marrom, foi retirada do mercado em 2012, mas os produtos continuam disponíveis no Brasil.

Criada na França em 1945, a Duralex ganhou notoriedade mundial por seus utensílios produzidos com vidro temperado, conhecido por sua durabilidade e resistência, o que sempre justificou o apelido de “inquebráveis” dado aos seus pratos e copos. No país, a marca tornou-se parte do cotidiano, presente tanto em escolas públicas quanto em restaurantes.

A partir de 2011, a operação brasileira da Duralex passou a ser controlada pela Nadir Figueiredo, empresa nacional que adquiriu a Santa Marina, fabricante autorizada dos produtos Duralex no Brasil, garantindo que a marca fosse administrada de forma independente da controladora francesa.

Embora a linha âmbar tenha sido descontinuada em 2012, os objetos históricos ainda permanecem muito valorizados, especialmente entre colecionadores e apreciadores do design retrô, com preços que podem ultrapassar os 400 reais em revendas online.

Atualmente, a marca segue ativa com produções locais nos tons transparente e azul, mantendo o vidro temperado como seu principal diferencial.

A origem da robustez

A Duralex surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial, em La Chapelle-Saint-Mesmin, região central da França. O grupo Saint-Gobain desenvolveu uma técnica avançada de vidro temperado, onde o vidro é aquecido a cerca de 600 °C e rapidamente resfriado, conferindo ao material alta resistência e maior segurança no uso, já que em caso de quebra, ele se fragmenta em pequenos pedaços que reduzem o risco de cortes graves.

O nome “Duralex” vem da expressão latina “Dura lex, sed lex” (“a lei é dura, mas é a lei”), refletindo a ideia de um produto confiável, rígido e funcional. Esta combinação fez da Duralex uma opção prática e acessível em substituição à porcelana, especialmente para famílias de menor poder aquisitivo.

Nos anos 1950, seus produtos começaram a ser importados para o Brasil, e o sucesso explodiu algumas décadas depois, quando sua fabricação passou a ocorrer em solo brasileiro.

Da França para a mesa dos brasileiros

Na década de 1980, a Santa Marina iniciou a produção local da Duralex, tornando a linha âmbar icônica nas casas brasileiras. Copos, pratos e xícaras nessa tonalidade marrom tornaram-se sinônimos de resistência e ampla presença na classe média.

Nos anos 1990, os produtos já estavam amplamente disseminados em ambientes como escolas públicas, refeitórios, padarias e restaurantes por quilo. Com um custo acessível e durabilidade superior, podiam ser usados diretamente do fogão à pia sem risco de quebra.

Ao longo do tempo, a fábrica chegou a empregar cerca de 1.500 pessoas e ultrapassou a marca de 130 milhões de unidades produzidas globalmente.

Contudo, a popularidade da Duralex também gerou um paradoxo. Por ser tão comum, os produtos tornaram-se quase invisíveis no dia a dia, e silenciosamente começaram a sumir das prateleiras.

Desafios globais, cenário distinto no Brasil

Enquanto a matriz francesa enfrentou severas dificuldades a partir dos anos 2000, com concorrência chinesa intensificada, altos custos energéticos e problemas técnicos nos fornos, a produção brasileira manteve-se firme. A francesa entrou em recuperação judicial em 2008 e novamente em 2020, sofrendo impacto forte pela pandemia, que reduziu seu faturamento em 60%.

Em 2021, a Duralex francesa foi adquirida por 3,5 milhões de euros pela International Cookware, proprietária da marca Pyrex, transformando sua fábrica em cooperativa para preservar empregos e produção.

No Brasil, depois da aquisição da Santa Marina pela Nadir Figueiredo em 2011, a marca passou a ser controlada integralmente pelo grupo nacional, atuando independentemente da França em toda América do Sul.

A Duralex atual

Mesmo com a crise enfrentada pela matriz internacional, a fabricação brasileira da Duralex não foi interrompida. A linha marrom, contudo, foi retirada do mercado em 2012. O foco agora está em copos e pratos nas cores transparente e azul, que mantêm a característica durabilidade do vidro temperado.

Em 2019, a Nadir foi vendida para o fundo americano HIG Capital por 836 milhões de reais e passou por um processo de reposicionamento da marca, agora se apresentando apenas como “Nadir”.

O charme vintage como luxo

Com a saída da linha âmbar das lojas, os objetos antigos da Duralex passaram a ser valorizados como itens de design retrô. Em brechós e plataformas de revenda, pratos e copos antigos pertencentes a essa linha chegam a custar mais de 400 reais.

Esse movimento é impulsionado por influenciadores de decoração e consumidores que buscam reviver memórias afetivas ou preferem produtos mais robustos e duráveis do que os disponíveis atualmente no mercado.

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