Empresas Que Comandam O Comércio Global De Café

Empresas que Dominam o Mercado Mundial de Café

O recente movimento da Keurig Dr Pepper demonstra a corrida acirrada entre companhias pelo setor de café, estimado em US$ 174 bilhões até 2030. Destacam-se grandes players como Nestlé, Starbucks, J.M. Smucker e Luckin Coffee.

Nova Potência Global no Setor de Café

A norte-americana Keurig Dr Pepper (KDP) está revolucionando o cenário mundial ao anunciar a aquisição da empresa holandesa JDE Peet’s por 15,7 bilhões de euros (equivalente a US$ 18 bilhões ou R$ 99 bilhões), a maior compra na Europa nos últimos mais de dois anos. A KDP pretende dividir suas operações de café e bebidas, criando duas companhias listadas em bolsa. Com isso, prepara-se para lançar um gigante mundial do café, que rivalizará diretamente com a líder Nestlé no segmento de empresas exclusivamente focadas no café.

Tal nova corporação englobará marcas como Keurig, Jacobs, L’OR e Peet’s, alcançando uma receita anual aproximada de US$ 16 bilhões e presença em cerca de 100 países. Apesar disso, a Nestlé, como um conglomerado que atua também em alimentos, água e nutrição, continua liderando o mercado global.

Grandes Nomes Que Atuam no Mercado Mundial

Além da Nestlé e da reforçada KDP, outras potências globais dominam o cenário do café, incluindo a Starbucks Corporation, sediada em Washington (EUA), e a The J.M. Smucker Company, de Ohio (EUA). Entre as internacionais, destacam-se a Lavazza Group, de Turim (Itália); Tata Coffee, em Karnataka (Índia); Strauss Coffee, em Amsterdã (Holanda); Massimo Zanetti Beverage Group, em Treviso (Itália); Melitta Group e Tchibo GmbH, situadas na Alemanha; Luckin Coffee da China; e Caribou Coffee Company, baseada em Minnesota (EUA).

Movimentações e Estratégias das Gigantes

A The Coca-Cola Company, que ao adquirir a rede britânica Costa Coffee por cerca de US$ 5 bilhões em 2018, ainda figura entre as principais empresas globais, está considerando opções estratégicas, incluindo possível venda, segundo fontes do setor e do banco de investimentos Lazard.

Nos últimos 12 meses até junho de 2025, a Keurig Dr Pepper registrou receitas de US$ 15,8 bilhões, um crescimento de 4,6% comparado ao período anterior. A empresa se destaca como um dos maiores atores na indústria de bebidas norte-americana, operando com mais de 125 marcas que incluem refrigerantes, café, chá, água, sucos e misturadores.

Nos Estados Unidos, o setor de café representa 26% do faturamento total da KDP, equivalendo a aproximadamente US$ 4 bilhões no último ano. A aquisição da JDE Peet’s reforça substancialmente a atuação da KDP, transformando-a de uma empresa diversificada em bebidas para uma líder mundial no segmento de café.

Desafios Financeiros e Estratégicos

Após a compra, a KDP acumula cerca de US$ 18 bilhões em dívidas, resultando numa relação dívida/patrimônio de 37%, superior à média de 20% do índice S&P 500. Com uma capitalização de mercado de US$ 48 bilhões, a empresa carrega uma dívida total estimada em US$ 36 bilhões, conforme análise do grupo Trefis, formado por engenheiros do MIT e analistas de Wall Street.

Essa estrutura de endividamento superior pode limitar a flexibilidade estratégica da KDP diante de recessões ou pressões competitivas. Além disso, custos associados à integração das operações e exposição cambial oriunda da presença europeia da JDE Peet’s podem implicar volatilidade nas margens e fluxos de caixa nos próximos dois a três anos.

Perspectivas e Crescimento do Mercado de Café

O impulso da KDP na indústria é justificado pelo tamanho e potencial do mercado global de café, avaliado em US$ 138,37 bilhões em 2025, com projeção de crescimento para US$ 174,25 bilhões até 2030, apresentando um crescimento anual composto de 4,72%, segundo a consultoria Mordor Intelligence.

Outra análise da Strait Research estima que o mercado global atingiu US$ 97,71 bilhões em 2024, com previsão de alcançar US$ 103 bilhões em 2025 e chegar a US$ 156,8 bilhões até 2033, crescendo a uma taxa anual composta de 5,4% no período.

Esse setor, em fase de forte consolidação, é impulsionado pela crescente demanda por cafés premium, bebidas prontas para consumo e maior regulamentação ambiental.

Iniciativas e Expansões no Setor

Em janeiro, a Nestlé ampliou seu portfólio ao adquirir a Seattle’s Best Coffee da Starbucks, incorporando cafés em grãos, torrados, moídos e cápsulas K-Cup. Em março de 2024, a Lavazza Group investiu US$ 200 milhões em uma joint venture com a Yum China, com objetivo de abrir 1.000 cafeterias até o final do ano. A italiana também comprou a MaxiCoffee em 2023 e lançou uma oferta pública pela IVS Group em 2024.

Na Ásia, a Luckin Coffee, após reestruturar suas finanças em 2023, voltou a expandir rapidamente no mercado chinês, competindo diretamente com a Starbucks. A Tata Coffee, depois de sua fusão com a Tata Global Beverages em 2020, passou a focar investimentos em plantações orgânicas na Índia.

A Caribou Coffee, sob controle do JAB Holding desde 2012, ampliou suas parcerias com redes de conveniência em 2024 para expandir a distribuição de produtos prontos para beber.

Consolidação em Outros Mercados e Pressões Econômicas

A consolidação do setor não está restrita às grandes multinacionais. Empresas menores enfrentam desafios financeiros agravados pela alta das taxas de juros, inflação de custos trabalhistas e aumento nos preços das matérias-primas.

No mercado australiano, a Retail Food Group adquiriu a CIBO Espresso por US$ 2,7 milhões em dezembro de 2024, com o objetivo de rebrandear suas 22 lojas para a marca Gloria Jean’s. No Reino Unido, o Nero Group expandiu sua atuação no segmento de viagens ao comprar as redes 200 Degrees e FCB Coffee, capitalizando na retomada do turismo pós-pandemia. Ambas ações visam fortalecer o segmento de café premium.

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