Entre o risco e a glória
O Brasileirão 2025 se revelou uma verdadeira montanha-russa de emoções, marcada por um esforço coletivo e decisões que lembram muito as dinâmicas do universo dos investimentos.
Para quem está envolvido no futebol, o impacto de um campeonato vai muito além da conquista da taça. O que realmente fica marcado são os desafios enfrentados, os sacrifícios e as batalhas silenciosas ao longo da trajetória. Neste ano, retornei ao Brasil depois de mais de dez anos na Europa e notei o quanto o calendário é mais exigente, com longas distâncias para percorrer e uma intensidade de jogos muito maior. Adaptar-se a uma temporada cheia de altos e baixos, de dúvidas constantes e noites em claro foi um grande desafio.
Muitos me questionaram sobre o que significa vencer dois títulos importantes em um curto espaço de tempo: sorte, talento, destino, preparo ou merecimento? A resposta verdadeira, acredito, é que o futebol reflete o mundo dos investimentos, onde o que o público vê é o resultado, mas o que realmente importa é o risco calculado, a preparação minuciosa, a consistência e a estratégia aplicada a cada decisão.
Durante a temporada, a confiança dentro do time oscilava como uma montanha-russa. Cada erro era tratado como uma possível sentença para toda a campanha, e cada acerto precisava ser repetido para se consolidar, pois nada estava garantido. Decidimos confiar no processo – um termo que se tornou bastante usado, mas que, na prática, é o que separa aqueles que reagem passivamente das pessoas que constroem um futuro sólido.
No mundo das finanças, a volatilidade não é sinônimo de fracasso, mas sim de movimento. No futebol, aprendi que isso é completamente verdadeiro: passar por altos e baixos é parte da jornada.
A questão fundamental é o que se faz nos momentos em que o desempenho cai. Desistir ou modificar a estratégia? Optamos por ajustar o rumo. Cada treinamento emergia como uma chance de reconstruir a confiança, de forma semelhante ao ato de diversificar investimentos para balancear os riscos. Cada diálogo, cada ajuste na estratégia, cada reunião no vestiário acrescentava pequenas doses de fé coletiva que, somadas, culminaram em uma força suficiente para encarar o título de cabeça erguida.
A vitória no Brasileirão, logo após o título da Libertadores, é a prova clara de que nada é obra do acaso. Não basta apenas preparo, sorte ou talento isolados. É preciso a combinação rara entre disciplina, audácia e a disposição de assumir riscos quando estes fazem sentido.
Celebrar essa conquista é também vencer os próprios medos, as dúvidas internas e os cenários aparentemente desfavoráveis. Assim como no investimento, a vida não recompensa quem busca atalhos, mas sim quem mantém seu plano mesmo quando parece que ninguém além de si próprio acredita nele.
