EUA E China Retomam Negociações Comerciais Em Meio A Tensões Globais

EUA E China Retomam Negociações Comerciais Em Meio A Tensões Globais

EUA e China retomam negociações comerciais em meio a tensões globais

Após um período de trégua de 90 dias, marcada pela suspensão da guerra comercial entre Estados Unidos e China, as negociações entre as duas maiores economias do mundo serão retomadas na próxima semana. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, estão encarregados de buscar meios para aliviar as recentes tensões comerciais em encontro que acontecerá na Malásia.

Bessent comunicou que teve uma conversa virtual com He na última sexta-feira, classificando o diálogo como aberto e detalhado. Essa reunião online também contou com a presença do Representante Comercial americano, Jamieson Greer. Essas negociações ganham importância diante da recente admissão do presidente Donald Trump de que a taxação dobrada de 100%, anunciada como medida punitiva na semana anterior, revela-se insustentável para os EUA.

O presidente Trump externou um otimismo cauteloso ao mencionar a possibilidade de um acordo com líderes chineses, na tentativa de evitar o agravamento da crise comercial que vem se intensificando desde a imposição de novas tarifas. A Bloomberg apontou que essa postura seria uma estratégia de Washington para acalmar os receios sobre um possível conflito comercial amplo com Pequim, que poderia afetar significativamente a economia mundial.

A guerra comercial foi interrompida temporariamente pela trégua de 90 dias, mas o ambiente voltou a se deteriorar após os EUA implementarem restrições tecnológicas adicionais e proporem tarifas especiais para navios chineses em portos americanos. Em contrapartida, a China reagiu com medidas similares, incluindo restrições à exportação de terras-raras, o que levou Trump a anunciar a taxação adicional de 100% a partir do dia 1º de novembro.

Impactos e diálogo comercial com o Brasil

Em meio ao contexto das negociações com a China, o presidente Trump anunciou medidas para reduzir os preços da carne nos EUA, afirmando que está próximo de um acordo que tornaria o produto mais acessível para os consumidores americanos. Essa declaração surgiu logo após a reunião entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado americano Marco Rubio na Casa Branca, levantando expectativas sobre uma possível revisão da tarifa de 50% aplicada a produtos brasileiros.

Os Estados Unidos, que representam o segundo maior mercado para a carne brasileira — principal produtor mundial — enfrentaram uma queda de 58% nos embarques do produto em setembro, após a aplicação da tarifa. O preço da carne nos EUA já aumentou 14% ao longo de 2025, fato que levou Trump a ser questionado sobre a inflação dos preços em entrevista no Salão Oval.

Além disso, as associações americanas do setor de carnes e de café têm pressionado por uma reversão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, visto que o Brasil é o maior fornecedor desses produtos para o mercado norte-americano. No mesmo cenário, o presidente Trump recebeu também esta semana o presidente argentino Javier Milei, considerando a Argentina um fornecedor importante de carne para os EUA, ainda que os embarques argentinos estejam sujeitos a um limite anual.

Outro ponto delicado para os EUA envolve a soja, uma commodity fundamental para a China, que é o maior importador mundial dessa oleaginosa. Contudo, Pequim não tem comprado soja americana nos últimos dois meses, preferindo adquirir o produto de países como Brasil e Argentina. Sob pressão dos agricultores locais, Trump tem ameaçado retomar as compras com a China, mas até o momento sem sucesso.

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